A ausência de melanina e o mel que chama formiga.

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Demorou muito tempo para chegar ao destino e os turistas empolgados preferiram passar na praia primeiro para depois ir aos seus aposentos. Durante a viagem, Attena com sua inquietação acabou fazendo amizade com todo mundo do ônibus e do meio para o final já estava dividindo lanche, pedindo café, compartilhando água, implorando por um pedaço de bolo e fazendo assim com que Elisa também fizesse mais amizades. No meio de todo mundo pegaram mais intimidade com um grupo de duas mulheres e uma pessoa de gênero fluido, onde eles captaram o que acontecia entre as duas sem que elas precisassem falar, alfinetavam elas o tempo todo.

Sentaram-se todos juntos em uma mesa alugada com guarda-sol, onde Attena já demonstrou o seu primeiro ato de carinho e cuidado, deixando evidente a sua preocupação com a pele de Elisa. Havia pesquisado sobre o vitiligo e sabia que alguns cuidados a mais eram necessários de serem tomados, é óbvio que a lembraria sempre, mesmo que ela não tivesse falado sobre o assunto. Era do seu feitio estar sempre preocupada com aqueles que amava.

— É agora que a Elisa morre. — Beatrice, uma das moças que elas haviam conhecido, brincou em bom humor.

— Não enche, Bea. — Lis empurrou a menina que gargalhava com a sua reação.

Não mentia, mas também não precisava demonstrar isso para todo mundo. Se manteve com seus óculos de sol, mas seus olhos seguiam por Attena que tirava de pouquinho em pouquinho as suas roupas, revelando todas as suas tatuagens e fazendo a mulher negra entrar em um completo pane ao vê-la de biquíni. E ela parecia perceber que estava sendo olhada disfarçadamente porque fazia questão de encará-la, enquanto passava a mão no próprio corpo e arrumava os nós das peças feitas por si.

— Tô indo lá, viu? — Avisou dobrando suas roupas e esperou um assentir de cabeça da sua companheira.

E então assim que a morena virou de costas, Lis ergueu os óculos e cruzou os braços, agora não se dando o trabalho de disfarçar o quanto a admirava. De longe observou ela correndo pela areia e se jogando no mar sem medo algum, era bonito espiar alguém cheio de vida, vivendo.

— Fala sério. — Bea a encarou enquanto abria uma latinha de cerveja.

— O quê? — Lis questionou prestando atenção na moça ruiva ao seu lado.

— Vocês nunca? — Cruzou os calcanhares e semicerrou os olhos.

— Depende do que for esse nunca. — Respondeu pegando o celular para mandar mensagem para o marido, exatamente do jeito em que havia prometido.

— Hum... Gostei da resposta. — Sorriu descaramente e ergueu a latinha gelada fazendo Elisa dar uma risada sincera. — Você se incomoda se eu ficar brincando assim? Porque eu posso parar caso fique uma situação realmente chata. — Perguntou seriamente abrindo a latinha de cerveja para a sua mais nova amiga de viagem.

— Não me importo. — Admitiu aceitando a bebida e riu outra vez da comemoração da mulher, ela tinha um bom humor invejável.

— Vocês vão fazer todo o trajeto como um casal? — Arqueou uma sobrancelha, curiosa.

— Depende. Como um, mas não agindo como um. — Tentou explicar melhor a sua situação porque sabia que Attena havia falado que pegaram o pacote de casal. Teriam direito a passeios somente de duas pessoas, massagens, jantares e quartos decorados romanticamente.

— Ainda bem que vou assistir essa história de camarote. — Deu de ombros sabendo que muito provavelmente podia acontecer algo entre as duas mulheres, era possível notar só pela maneira em que se olhavam. — Você tem vontade, Lis? — Puxou a cadeira para mais perto, aproveitando que estavam a sós porque seus amigos também tinham ido para o mar. — Não vou explanar pra ninguém.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora