Achei você, deusa.

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Chegou em casa desmontando, arrancou os saltos e jogou longe, deixou a bolsa em cima de uma poltrona e desabotoou toda a blusa que trajava. Estava tanto calor e suas roupas formais não ajudavam nada. Se serviu com um copo de água bem gelada, apanhou seu notebook e foi tentar resolver os seus problemas mesmo com a cabeça cheia.

O seu celular já ia com mais de quinze chamadas de um mesmo número que nunca desistia, normalmente ela deixava chamar ou desligava na mesma hora, porém observando a insistência, atendeu.

— Que negócio é esse que você pede pra eu te ligar, mas recusa todas as chamadas? — Resmungou bem perto do microfone e nem precisou se apresentar, sua voz era memorável demais.

— Aí meu Deus. — Riu levando sua mão até o rosto, por vergonha. — Eu não costumo atender número desconhecido, ainda mais pelo chip que uso apenas para trabalho, principalmente em meu horário de almoço.

— As cinco da tarde? Está almoçando agora? – Ergueu as sobrancelhas, surpresa.

— Passei o dia inteiro no estúdio, arrumando. Em seguida peguei aqueles livros pra estudar e estou lendo sem interrupção, fazendo resumos. Só vim lembrar que não tinha comido nada, agora. — Foi sincera, começando a roer as próprias unhas.

— Qual história está lendo agora? — O coração acelerou, mesmo que soubesse que provavelmente aqueles livros não contava a história verdadeira e sim algo do ponto de vista de quem estava no poder, ficou nervosa.

— Pelo rumo em que está indo, parece que é uma moça de cargo alto em algum lugar, talvez no exército, na polícia, não sei. Eu tô meio nervosa, meus pensamentos ficam fugindo, a mente fica me traindo. — Fechou o notebook, desistindo de seguir resolvendo seus dilemas. Se acomodou melhor no sofá e colocou o celular no viva voz. — O coração fica acelerando enquanto leio, estou tão imersa na história que às vezes consigo ver as cenas de maneira vívida passando pelos meus olhos.

— Vish e pra piorar ainda tinha eu ligando. Desculpa atrapalhar. — Se sentiu meio culpada e deitou-se em sua cama.

— Você não é um empecilho. — Respondeu simples, fechando os olhos porque até sua mente estava cansada. — Como está Kiara? Ela não me mandou mensagem hoje, fiquei esperando.

— Tá bem, tá de preceito e por isso não respondeu. Tá tendo gira de desenvolvimento mediúnico... Inclusive, era pra senhorita estar lá. — Ergueu as sobrancelhas, lembrando-se.

— Trabalhando o dia todo, como que vai? — Falou em um bom humor, mas recordava sobre sua realidade porque não estava tendo tempo nem para respirar direito. A inauguração da nova sessão do museu tinha data marcada. — Fale a ela que mandei um cheiro, viu?

— Falo sim. — Concordou. — Diga aí, pretinha, tá bem? Tá com tempo agora pra falar comigo? Posso ligar em outro momento. — Ofereceu opções totalmente atenciosa, mas na esperança de que pudessem seguir conversando.

— Todo tempo do mundo pra você. — Para ela realmente estava disponível sempre que podia.

— Nossa, eu fico toda me querendo quando você me canta. — Admitiu pensando alto demais e ouviu uma gargalhada de Elisa. — O coração chega enche.

— Vou precisar estar sempre fazendo, pra você ficar com ele sempre cheio. Gosto dele pela metade não, quero que ele transborde. — Mais uma vez atacou, descaradamente. — Tenho certeza que você está aí com aquele bendito sorriso de canto.

— Para! — Attena escondeu o rosto no travesseiro, mesmo que sua companheira não pudesse lhe ver. A risada dela a deixava cada vez mais sem graça.

— Linda demais você. — Apelou mais uma vez ainda rindo.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora