Se não nessa, em outra vida. Tudo o que vai, volta.

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Aviso de conteúdo sensível.

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— Bom dia, querida! — Elisa desejou em um ânimo absurdo, como quem via sua amada em carne e osso. — Vou te contar um segredo. — Sorriu abertamente para ela. — Sonhei com você. — Sussurrou fazendo carinho na estátua. — Com libertação, com amor... Sonhei com Attena. — Informou separando seus materiais de trabalho. — Acho que é mais do que um sinal para que eu inicie tudo por você, não acha? É um aviso. — Pousou as mãos nos ombros dela e observou decidindo o que ia fazer e por fim, concluiu que não tinha como fazer por outra parte, a cabeça precisava estar no lugar correto antes de tudo. — Espero que esteja pronta, querida, se tudo der certo, tudo acaba hoje mesmo.

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Com os braços envolvidos em seu corpo, só sentiu o aperto que foi acalmando a sua respiração que não estava agitada, mas sim pesada. Sentiu o aperto ainda mais, esse que a fez relaxar até o conforto lhe invadir com os beijos demorados e delicados que recebia.

— Calma. — Pediu seguindo com os seus beijinhos na esposa, totalmente cuidadosa. — Eu tô aqui, sou eu. — Sussurrou as palavras de apoio até a moça abrir os olhos. — Bom dia, amor meu.

— Bom dia, meu céu e estrelas. — A cumprimentou em uma saudação, se derretendo por completo com o despejo de caricias em seu rosto. Eram tantos beijinhos que até embolado falou.

— Como está se sentindo hoje? Conseguiu dormir bem? — Agora a abraçava de frente porque a loira havia virado. — Acordei de madrugada para ir ao banheiro e vi Maria Navalha bem do seu lado, zelando por você. — Comentou e ouviu uma breve risada da esposa.

— Não sei por que pergunta se já sabe a resposta. — Comentou indignada. — Não sei também como se acostuma com isso. Tudo bem que eu sou médium e lido com a incorporação faz anos, mas se eu acordasse de madrugada e visse um espírito do meu lado, eu seria a primeira a gritar independente se fosse um guia meu ou não. — Fez sua esposa rir alto.  — Felizmente eles estão cientes disso, Navalha adora me assustar assim, chega escuto a gargalhada dela. Ainda bem que as coisas certas, vão para as pessoas certas.

— É realmente complicado pra quem não sabe lidar com isso. Vejo coisas horrendas e assustadoras, mas coisas tão lindas também. — Assentiu sorrindo brevemente. — Sou uma pessoa de cargo, não há como renegar isso afinal eles aparecem pra mim desde que sou muito pequena. Sempre vi meus guias me zelando desde a minha primeira memória de vida. — Aconchegou Beth em seus braços. — Mas o que foi? Ela estava lhe intuindo por meio de sonho?

— Veio me dar esporro, obviamente. — Suspirou em angústia.

— Eu disse que ela viria, não disse? Mas você é teimosa, não escuta sua própria esposa. — Dalila resmungou em chateação.

— Pare de drama, só é difícil fazer com que as coisas não mexam comigo. — Rebateu e recebeu um beijo no rosto, em seguida um assentir de cabeça em compreensão. — Ela estava brava comigo e eu odeio deixá-la brava.

— Mas não se cobre, amor. Coisas assim acontecem. — Começou a fazer carinho na esposa.

— Me deu uma surra com o discurso dela sobre amor próprio, brigou comigo por estar me deixando levar demais pelas opiniões dos outros. Disse que não gostou de me ver me sentindo incapaz por causa do preconceito que ando sofrendo por ser casada com uma mulher que é mãe de santo e dona de terreiro, que nós temos uma história bonita e se eu achasse que deveria me impor, era pra eu me impor. — Tentava lembrar com mais clareza do sonho que teve. — Tava com a língua afiada hoje, me mostrou quem foi que contou pra todo mundo sobre isso e ainda mostrou o jeito em que a moça falava de mim pelas costas, no final perguntou se eu ia querer continuar sendo “amiguinha” de gente que não valia nada... Claro que bem daquele jeitinho dela, delicada e dócil tipo coice de mula. — Ouviu outra risada. — Falou que eu passava tempo demais remoendo o que já me disseram e que era pra eu focar no meu trabalho porque bons frutos viriam, que ela estava comigo, que iria me cuidar, mas que eu tinha que fazer por onde. No final de tudo falou que era pra eu me preparar porque coisas novas iriam acontecer em breve, que alguém iria precisar da gente.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora