Não é só o Auto da Compadecida que sara ferida.

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Respirou fundo só mais uma vez enquanto tentava se equilibrar no salto fino, arrumou o vestido, modelo exclusivo para si, e passou a mão nos cabelos. Havia trajado ele novamente, porque sabia que não tinha feito um bom uso da última vez e que Attena gostou bastante de vê-la com ele, nada lhe custava já que o tecido agora tinha um significado totalmente diferente do que qualquer roupa que já vestiu.

Checou o celular mais uma vez, sabendo que estava disposta a esquecer da existência dele logo depois e da tristeza que carregava em si, também por causa desse aparelho.

Observou todo o perímetro do local a procura da sua vítima, mas suas orbes pararam antes em Beatrice que lhe entregou uma expressão facial totalmente descarada e sibilou um xingamento para expressar o quanto a mulher estava bonita. Deu um sorriso aberto para agradecer e seguiu, sem parar na mesa dela, porque havia achado a moça toda tatuada trajada em um cropped e uma calça folgada, era ela o seu destino final.

— Você vem sempre aqui, moça? — Elisa questionou em um sussurro rente ao ouvido dela e logo após se sentou ao lado da mulher, no bar.

— Só quando tenho a certeza de que você vai aparecer. — Correspondeu a cantada e assim que seus olhos alcançaram a amiga, escondeu seu rosto. — Não tenho nem elogios na mente para tecer o quanto está bonita. — Comentou com a voz abafada por causa das suas mãos. — Não pediu ajuda pra tirar as tranças, por isso demorou tanto?

— Pois é, eu meio que quis fazer uma surpresa... Você adora me ver com o cabelo solto. — Revelou suas intenções e a viu sorrir por ter gostado.

— Então quer dizer que quis me agradar? — Deduziu, puxando seu banquinho para mais perto e encarando-a, Lis não fugiu do contato visual.

— Exatamente o que ouviu, ou melhor, que deduziu. — Não tinha a intenção de fazer disfarces, era a verdade e achava que Padilla precisava de uma versão sua sem tantas enrolações.

— Eita. — Ergueu as sobrancelhas surpresa com a resposta.

— Consegui? — Perguntou cheia de expectativas, dispensando o álcool que o garçom lhe ofereceu.

— O quê? — Questionou perdida, suas orbes subiam e desciam por ela, nem ao menos disfarçava seu encarar apaixonado.

— Te agradar, Attena. Consegui? — Repetiu esperando sem nem ao menos fugir dos olhares que recebia. Na verdade, se expunha.

— Você me agrada naturalmente só por existir, Elisa. — Revelou após um gole em seu suco, sem álcool.

— Quais são teus planos pra hoje a noite? — Lis se certificou de que ela estava com o braço em cima do balcão e sua mão foi disfarçadamente até ele, segurando-o para fazê-la perceber e fazendo carinho logo em seguida.

— Sabe que eu ainda não arrumei? — Confessou pensativa, com seu cenho franzido tentando se distrair com a conversa para não focar em suas reações corporais.

— Eu tenho uma proposta pra te fazer. — Modificou seu tom de voz para um bem vagaroso, seu jogo corporal também foi feito, dar sinais pelo físico também era uma ótima maneira de dizer coisas sem que fosse verbalmente.

— Posso te fazer uma pergunta? — Estranhou toda aquela atitude, Lis não se comportava assim normalmente.

Tudo bem que era uma mulher que ia atrás do que queria, mas Attena era o que ela queria?

— Uhum. — Permitiu e sem nem perguntar também bebeu um gole do suco da amiga.

— Você bebeu algo? — Se mostrou preocupada e Elisa fingiu uma ofensa imensa.

— Nem um pingo de álcool. — Se orgulhou em expôr e sorriu abertamente.

— Ah, então tudo isso são somente más intenções? — Semicerrou os olhos e fazia de tudo para fugir do contato corporal, e visual.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora