Sendo fiel a mim.

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Horas longe de Attena, já tinha mensagens escritas, e-mails com textos, ligações quase encaminhadas, mas nada enviado ou feito porque não se permitiu e fez um acordo consigo, só a procuraria quando estivesse resolvida ou talvez minimamente encaminhada para isso.

— Oi? Desculpa. — Elisa pediu ao negar com a cabeça expulsando seus devaneios e a vontade de chorar por não conseguir parar de pensar na sua situação atual.

— Nada, só estou comentando que você tem o melhor advogado do mundo como marido. — Se vangloriou e conseguiu arrancar uma risada da mulher. — E o mais bonito, também o mais gostoso. — Posou para ela, mostrando seus músculos que enquanto saltados, marcavam em sua blusa social.

— Ah é? — Ergueu as sobrancelhas surpresa, ele não costumava ter uma autoestima assim e era bom quando se sentia o tal porque querendo ou não, ele era o tal. — Tá todo se querendo hoje. — Se permitiu observá-lo e se praguejava por não conseguir disfarçar seu encarar triste, sabia que se continuasse assim ele perceberia.

— Eu tô. — Concordou terminando de colocar os pratos do jantar na pia.

— Adorei esse jeito novo de deixar a barba. — Lembrou-se de fazer um comentário. — Passa um ar mais sério.

— Não é!? Eu também acho. — Compartilhou em empolgação. — Venci todos os casos, acredita? — Abriu a geladeira, se serviu com água e a bebeu.

— Você é incrível, não só no trabalho, mas na vida. — Elogiou com um sorriso contido. Ele fazia falta sim, não tinha como não fazer.

Com suas piadas, com o senso de humor bobo, com seu jeitinho de chegar e com a intimidade que tinham. A coisa certa a se fazer, não era compará-lo com Attena como se estivesse colocando os pesos em uma balança, até porque são indivíduos diferentes que não preenchem o lugar um do outro. Então Elisa simplesmente se permitiu aceitar que podia muito bem sentir falta de Gustavo, adorar as conversas que tinham e as piadas internas, mas querer ficar com Attena e com seus chamegos.

Não era um erro admitir que sentiu falta dele, isso não ocultava a presença de Padilla em sua vida. O ponto de partida era entender que eles tinham lugares diferentes em seu coração, não era porque estava com Attena e sentindo falta dele, que ela era insuficiente, até porque não sentia falta dos momentos em casal, sentia falta do homem, apenas ele, só por ser ele. E sua conclusão era que não tinha medo de perder Gustavo como marido, mas sim de perder o Gustavo como amigo ou o Gustavo de qualquer maneira em que ele quisesse se apresentar.

Perder Gustavo por completo lhe causaria uma ferida extremamente profunda, porque ele era sim uma imensa perda.

— Agradeço, amor. — Ele disse sorridente, aproximando-se dela. — Inclusive, tenho que te apresentar um amigo. É um advogado que eu conheci lá, o cara é muito legal. Vamos marcar um almoço? — Perguntou animado e a viu sorrir e concordar com a cabeça.

Não tinha mais forças para mentir para ele e não tinha coragem de confirmar aquilo em voz alta, em fazer planos como se nada estivesse acontecendo enquanto sua mente era tomada por inúmeras cobranças e autocríticas que não descansavam por nem um minuto. Era aterrorizante se martirizar por horas seguidas.

— Que foi? — Ele franziu o cenho, encarando-a. — Tô te achando tão alheia. — Se aproximou um pouco mais dela e o fitar que recebeu já dizia tudo. Ela estava triste, seus olhos eram bem comunicativos. — Que foi, Elisa? — Questionou mais sério.

— Tô precisando de um abraço seu. — Confessou angustiada.

Rapidamente ele acatou o seu pedido indireto e envolveu o corpo dela, sentido as mãos da esposa se espalmarem em suas costas largas puxando-o ao máximo que podia, deixou três beijos no ombro dele e repousou sua cabeça no peitoral, fechando as pálpebras.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora