Modificações corporais e Ki suco.

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De baixo da sua barraquinha, sentada no chão enquanto produzia suas pulseiras de pano, segurou sua animação de correr até a mulher porque ela andava de mãos dadas com o marido, que até parecia bem mais bonito do que em foto, agora que dava para ver ele em luz do dia e mais nitidamente. Aparentemente não tinham problema nenhum, eram até intimidadores, os dois sorriam enquanto conversavam e se olhavam até de maneira muito apaixonada.

Isso deixou Attena nervosa e por esse motivo esperou para analisar mais um pouco. Durante a conversa que ela tinha abraçada com ele, seu olhar castanho foi até o lugar onde sabia que a amiga se encontrava e na mesma hora ela desviou para fingir que não dava atenção. Quando voltou suas orbes para o mesmo lugar, a moça negra estava parada sozinha e não se via mais rastros do homem, uma oportunidade perfeita.

A de cabelos longos logo deixou tudo de lado e se levantou de supetão, andou até ela tão saltitante que a fez rir.

— Você tá tão linda hoje! — Elisa fez questão de elogiar, encantada.

E não mentia, não era por conveniência. Seu cabelo todo em lateral em uma única trança folgada, o brinco de pena era sempre presente, o seu delineador em formas que não eram convencionais. Usava um cropped simples e uma saia longa com uma estampa diferente, daqueles estilos boho, evidenciava que também tinha tatuagens por todo o seu abdômen.

— Só hoje? — Parou de andar assim que ouviu e colocou as mãos na cintura, fingindo braveza.

— Todos os dias, mas hoje você se superou. — Corrigiu a frase enquanto ainda ria e se surpreendeu com a aproximação dela, que lhe deu um beijo extremamente demorado na bochecha.

— Pode admitir que dessa vez você veio aqui atrás de mim. — Attena supôs, encarando-a.

— Sim. — Admitiu assentindo. — Vim te dar um oi.

— Quais são os planos pra hoje? — Questionou agarrando-a pela mão e puxando para uma lanchonete, onde sem nem perguntar se ela queria, pediu dois sorvetes de casquinha para refrescar o calor que estava enorme. — Já tem algo decidido com o maridão? — Recebeu uma expressão de desagrado.

— Que coisa mais brega isso de "maridão". — Soltou do nada e ouviu uma gargalhada. — E não, Gustavo está lotado de processos para ler hoje.

— Então quer dizer que você vai pra minha casa! — Attena já decidiu a programação da noite, aceitou as duas casquinhas e pagou com as notas que tirou do bolso, agradecendo logo após para a mulher da pequena lanchonete.

— Obrigada, ainda que eu não tenha respondido se queria ou não. — Pendeu a cabeça para o lado e aceitou o sorvete que aparentava estar bem saboroso. — Eu vou fazer o quê na tua casa?

— A gente pode fazer o que você quiser... — A encarou de outra maneira e lambeu o alimento que já começava a derreter.

Recebeu um silêncio em resposta, nada constrangedor, instigante até demais. Algo que não tinha tido de volta até agora. Isso lhe trouxe uma sensação de adrenalina correndo no sangue e ela não conteve o sorriso descarado que surgiu.

Havia sido um quase flerte?

— O que é isso? — Elisa deu um passo mais a frente, encarando a boca da amiga. Tentava enxergar com mais clareza.

— Isso? Inguiço pra fazer feitiço. — Brincou mesmo não entendendo a pergunta. — Tá falando do quê?

— Faz de novo. — Pediu curiosa atentando ainda mais os olhos. Só que notou que Padilla ainda não tinha entendido. — Lambe de novo. — Ordenou perdida em seu interesse e ouviu uma gargalhada. — Você tem um espírito de quinta série bem grande, não é? — Debochando a empurrou com a mão e se rendeu a uma risada também. — Lambe de novo. — Ordenou e esperou, vendo a moça se acalmar da euforia, só que dessa vez ela quem tinha sido um tanto mais provocativa.

Inconsistente - Romance Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora