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── Você vai largar faculdade? ── Gritou Ashley andando atrás de mim pela casa

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── Você vai largar faculdade? ── Gritou Ashley andando atrás de mim pela casa

── Quem vai largar a faculdade? ── se intrometeu meu pai

── Ninguém ── respondi tentando despistar os dois enquanto fazia uma janta

── A Amabily ── disse Ashley para meu pai que me encarou estressado

── A Amabily? ── perguntou o mais velho novamente, incrédulo ── Não pode fazer isso

── Não posso? Eu já fiz ── Debochei

── Estás louco por casualidade? Isso pode nos tirar desse apartamento que mais parece um quarto de motel ── argumentou Ash

── São seus estudos, Amabily. Não pode simplesmente largar e fingir que nada disso existiu ── falou papai ── RESPONDAME INFIERNO ── gritou ele em espanhol para mim responder

── CÁLLANSE DOS BASTARDOS! ── respondi batendo com a panela na pia ── QUEREM PASSAR FOME? QUEREM SER EXPULSO DESSE QUARTO DE MOTEL QUE VOCÊS TANTO RECLAMAM? QUEREM SER DESPEJADOS E VIRAREM MORADORES DE RUA? POR QUE NENHUM DOS DOIS ME AJUDA COM PORRA NENHUMA E SE ACHAM NO DIREITO DE CUIDAR DA MINHA VIDA! ── eles se calaram ── estou fazendo isso por vocês, para que não passem fome, mas agora me digam, oque vocês estão fazendo por mim?

── Você disse que não precisava de ajuda ── murmurou Ashley

── Eu não preciso, mas não sou apenas eu que moro aqui ── respondi séria ── Vocês dois são piores que sanguessugas, não me ajudam com merda nenhuma e querem vir dizer oque eu posso ou não fazer

── SUA MÃE MORREU AMABILY, QUER QUE VOLTAMOS NOSSAS VIDAS TUDO DE NOV-

── ELLA ESTÁ MUERTA! ── rapidamente me dei conta de que perdi o resto de paciência que me restava interrompendo meu pai ── ELA JÁ MORREU E QUEREM DIZER ISSO COMO JUSTIFICATIVA? EU ERA MAIS PRÓXIMA Á ELA E ESTOU MUITO BEM, MAS NÃO USO A PORRA DESSE ARGUMENTO PARA BANCAR A COITADA E NÃO FAZER MERDA NENHUMA! ELA MORREU, MAS NÓS NÃO!

── Tá dizendo que estamos fingindo um luto? ── disse Ashley com uma cara de deboche

── Estou ── a respondi largando as coisas na pia e parando na frente de ambos ── ou vocês me ajudam a pagar as contas da casa, ou eu vou embora daqui e vocês que se fodam ── olhei no fundo dos seus olhos e vi ela fazendo um semblante de raiva

Meu pai cogitou em dizer algo mas não disse, ele estava tanto quanto ciente que eu era igual á minha mãe, quando colocava algo na mente era difícil a pessoa que me fizesse esquecer. Luto não justifica malandros, toda minha família é assim, interesseiros e preguiçosos que tem a faca e a manteiga na mão mas não usam para nada. Eu realmente nasci na família errada, será que minha mãe não pulou o muro?

Era óbvio que eu nunca deixaria eles, mas não é justo eu não querer ser bancada mas ter que bancar eles, é hipocrisia. Estava tão desesperada para saber aonde eu iria trabalhar para conseguir um sustento melhor que era cada vez mais difícil de dormir, pelo menos agora não precisaria acordar cedo.

Peguei minhas coisas saindo de casa, mesmo que fosse muito cedo eu apenas não queria ficar em casa. Precisava respirar, precisava pensar, precisava estar ciente do que eu iria fazer daqui pra frente. Desde de quando me tornei forte assim para aguentar tudo isso de cabeça erguida? As vezes penso que faço isso pela mamãe, mesmo ela á não estando mais aqui

Me sentei em frente á calçada de casa e de repente me vi chorando, chorando descontroladamente. Eu estava sozinha, sem ninguém que me abraçasse e dissesse que estava tudo bem. Naquele momento senti que precisava da minha mãe, que não pude aproveitar cada momento com ela por medo de não ser a preferida e achar que estava me intrometendo nos momentos dela com Ashley. Que eu não disse que a amava o suficiente, não a abracei o suficiente, não fui a filha o suficiente

Me culpei, me culpei por coisas que não fiz e que agora era impossível de se fazer. Percebi que na realidade eu estava em luto e essa era uma das primeiras fazes. Percebi que oque eu realmente precisava não era dinheiro, e sim uma figura materna, olhei no relógio vendo ser perto do horário de ir trabalhar. Limpei meu rosto com as mangas do casaco e ergui a cabeça novamente suspirando fundo e mantendo o foco

── Você é forte, Amabily. Você é capaz ── Repeti para mim mesma até chegar na boate atrasada obviamente por não ter mais meu carro

── Está atrasad-

── CALA BOCA, ESTÚPIDO ── interrompi Leonardo que logo se calou

Coloquei meu avental e comecei a atender, estava sem animo algum para trabalhar e fiquei a maior parte atrás do balcão fazendo bebidas. As pessoas começaram a chegar e o som á tocar e eu permanecia cabisbaixa, de repente senti alguém tocar meu ombro e me virei rapidamente

── Hulian.... ── murmurei

── Nossa, queria uma recepção melhor ── brincou ele

── Queria, mas não vai ter ── respondi fazendo as bebidas sem olhar para ele

── Podemos conversar?

── Infelizmente já estamos, vá logo ao assunto antes que eu não acerte uma garrafa na sua cabeça....

── Tá ── engoliu ele seco ── Queria vir pedir desculpas, eu estava em uma fase muito....difícil e descontei em você, mas eu sinto sua falta, Bibi

── Quanto tempo levou? ── perguntei debochada e ele me encarou confuso

── Para que?

── Para inventar essa desculpa de merda ── respondi olhando em seus olhos ── Não sei se fui clara, mas é a última vez que eu te aviso ou eu arranco seu projeto de pau fora. Eu não quero falar com você, não quero ver você e nem manter nenhum tipo de contato. Quando eu decido que você não faz mais parte da minha vida, você não vai mais fazer

── Diz isso agora ── retrucou ele e eu me afastei ── está brava por ter me pego com aquela garota aquele dia, não é?

── Aquela garota? ── gargalhei debochada ── uma semana antes disso ocorrer, ela estava na minha cama brincando com meus dedos..... ── o refutei e ele novamente se calou ── Pode ir embora, ou soltarei o pitbull em você ── falei apontando com a cabeça por cima de seus ombros

Hulian se virou e lá estava ele, Tom Kaulitz, sentado desleixado com seu olhar totalmente sério olhando para mim. Olhei para o garoto á minha frente que suspirou fundo e saiu porta á fora esbarrando em todo mundo, comecei á rir baixo e logo o gêmeo se aproximou se sentando

── Quem era aquele cu seco? ── perguntou Tom

── Um parasita ── respondi

Um parasita desgraçado.....

ʀᴇᴅ ꜰʟᴀᴍᴇ |   Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora