── Porra de bolsa maldita ── Murmurei tentando concertar o zíper de minha bolsa
O trabalho era extremamente cansativo, me fazia repensar de quanto reclamei da Red Flame por trabalhar de madruga, pelo menos eu não tinha que aturar uma criança mimada. Tantas crianças nesta cidade e eu fui logo achar uma insuportável. Suspirei fundo pegando a chave de minha casa lembrando que nem era necessário já que já tinha gente nela.
Abri a porta e tudo estava sujo como da última vez, as louças estavam empilhadas na pia em uma grande quantidade, havia um cheiro horrível de charuto e os sofás estavam encardidos. Me encontrei louca, fora de si, minha casa estava totalmente suja e meu pai simplesmente não se importava.
── Querida, que bom que chegou, aonde estava? ── perguntou tia Clera com um sorriso meigo
── No trabalho, tia ── respondi de cabeça baixa
── Ashley havia me dito que você tinha sido despedida, já arranjou um trabalho novo? Que bom! ── Disse ela tentando me fazer ficar de bem
── É...── murmurei indo para o meu quarto
Mais uma vez me decepcionei com o estado que meu quarto estava, repleto de fraldas jogadas pela cama, colchões amontuados ao lado dela, roupas por cima do armário e a escrivaninha cheia de pacotes de salgadinhos. Bufei nem fazendo questão de botar minha bolsa encima da cama ficando com nojo do estado em que ela se encontrava.
Me sentei na cama pegando algumas roupas e colocando dentro de uma sacola, pois minha malas estavam sendo usadas para ser berço de neném. Enquanto arrumava minhas coisas podia ouvir minhas primas gargalhando do outro lado da parede conversando sobre Tom, de como ele era lindo e etc.
Já do outro lado podia ouvir meu tio conversando com meu pai, ele dizia que eu estava dando um trabalho danado e que provavelmente seria o erro da família. Me neguei á discutir com ele, apenas respirei fundo e não liguei para isso.
── Mabi? ── Minha tia apareceu na porta de meu quarto
── Sim?
── Eu fiz uma comida para você, acabou não sobrando sobras de hoje de meio dia, então preparei alguma coisa.
── Obrigada tia, mas eu não estou com fome ── sorri forçadamente para ela voltando minha atenção á mala
── Sei que não é da minha conta, mas em que está trabalhando? ── perguntou ela
── An....estou trabalhando de babá no momento, já que papai está desempregado.
── Que ótimo ── Clera sorriu amigavelmente, ela era irmã de minha mãe e isso tornava ela um pouco diferente em questão á relação da família de meu pai, sempre foi a tia pela qual mais me soltei ── Vai dormir fora?
── Irei dormir na sala.
── Não quer dormir junto com as meninas? Eu arrumo um cantinho para você.
── Não, obrigada tia, mas eu prefiro dormir no meu canto ── terminei oque estava fazendo levando minhas roupas limpas para a sala
Eu sabia que do jeito em que meu quarto se encontrava, minhas roupas não iriam durar muito tempo limpas. Arrastei a mala pela casa até chegar na sala, a coloquei em um canto separada das outras em que ali estavam e me sentei no chão pois o sofá se encontrava totalmente inabitável. Minha tia me acompanhava com os olhos notando a minha situação
── Aonde estava? ── perguntou Ashley se aproximando aproximando um copo de bebida nas mãos
── Trabalhando ── respondi apoiando minha cabeça sobre os joelhos olhando para o chão
── Entendi, achei que iria voltar mais cedo para termos a janta dos Molinas.
── Pois é, mas não deu ── respondi sem paciência
── Qual foi? Está estressadinha? Eu nem fiz nada para você ── Disse ela me encarando com uma cara de confusa
── É justamente por isso, Ashley. Você nunca faz nada ── Argumentei me levantando do chão indo para a cozinha aonde os homens estavam á jogar truco
Nunca fiz questão de jogar essa merda, alguém sempre acabava brigando por não saber perder. Meu pai era um deles. Eu odiava minha família, odiava o jeito em que eles me faziam se sentir um lixo, algo inútil e transparente em meio á eles. Como se eu fosse diferente, como se apenas eu tivesse nascido errado, como se eu fosse a única bastarda da família.
Dezoito anos e tenho tanto peso para aguentar em meus ombros, tudo culpa da minha mãe por morrer, por me deixar, por deixar toda a responsabilidade encima dos meus ombros. Como posso sustentar tantas coisas sem abaixar a cabeça de alguma forma? Estava aguentando por ela, apenas por ela.
── Oi filha, aonde estava? ── perguntou papai focado no truco com um charuto em sua boca
── Trabalhando.
── Aonde? ── perguntou ele novamente não prestando atenção
── Tava matando, pai.
── Sério? Que bom, que bom ── dizia ele sem nem prestar atenção em mim, nem fazia questão de me ouvir
── Sim, ótimo ── murmurei
Fiz um café para mim, estava sem fome alguma, sem nenhum tipo de vontade de ingerir algo que me sustentasse. Apenas preparei algo bem forte para beber e arrumei um colchão no chão e me deitei colocando a xícara ao meu lado encarando o teto. Mas era impossível de pegar no sono com oito velhos gritando na mesa por um jogo idiota!
Tampei meu ouvidos com o travesseiro tentando adormecer mas não era possível. Permaneci acordada até algumas horas da madrugada esperando eles irem dormir, e quando eles finalmente foram o sono desapareceu. Simplesmente uma insônia se fez presente e eu não conseguia adormecer. Me rolei no colchão desconfortável ouvindo alguns roncos
Peguei meu celular vendo as mensagens de Tom
"Você não irá vir?"
"Cerejinha, se algo acontecer aí me chame"
"Amabily...."Suspirei fundo indo para outra conversa, desta vez de Bill
"Se algo acontecer, sei que é orgulhosa e não irá vir para cá, mas não durma na rua"
Foi a única coisa que Bill me mandou, me levantei da cama indo para a cozinha preparando algo para comer. Peguei algumas panelas e comecei a preparar um brigadeiro rápido para passar a fome. Olhei pela janela e lá estava o sol aparecendo, não pude acreditar que não durmi nem por um minuto, se isso for possível eu provavelmente irei alucinar alguma hora.
Peguei a panela junto com um colher me sentando na mesa ascendendo algumas luzes para que eu pudesse enxergar. Estava de frente para um quadro com minha mãe, meu pai, minha irmã e eu com uma frase em baixo
"Família é o significado de viver em meio ás pessoas do seu sangue, que você jamais poderá deixar para trás"
Fiquei encarando aquele quadro por minutos e minutos, revirei os olhos me levantando e indo me deitar. Dormi por uns trinta minutos e logo meu despertador tocou para levantar novamente e ir ao trabalho, me levantei indo ao banheiro escovando os dentes e arrumando meu cabelo. Passei na cozinha pegando uma maçã e minha bolsa para mais um dia de trabalho, ergui a cabeça suspirando fundo forçando um sorriso e saindo pela porta
Mais um dia de trabalho, felizmente ou infelizmente?
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ʀᴇᴅ ꜰʟᴀᴍᴇ | Tom Kaulitz
Fanfiction𝗢𝗡𝗗𝗘 Amabily Molina uma jovem de dezoito anos, começa a trabalhar em uma lanchonete-boate para ajudar seu pai financeiramente. Entretanto, ela atrai a indesejada atenção de um guitarrista. Determinada a não ter nada com o garoto, Amabily se vê c...