── Que ódio ── Eu peguei um travesseiro e coloquei sobre minha cabeça dando um grito abafado
Eu não sabia como lidar com isso, não sabia oque estava acontecendo, não sabia como isso havia começado e nem quando iria acabar. Acho que esse assunto com Tom foi apenas a última gota para que eu entrasse em pânico e minha mente não souber mais como ignorar todas as coisas que eu sinto. Como se ela se auto sabotasse por completo, como se eu já estivesse na ponta do precipício e só precisava de um empurrão para cair e me espatifar no chão em mil pedaços.
Todos esses anos eu ignorava os maiores traumas da minha vida, tratava como se fosse apenas uma fase e calava a boca em meu quarto torcendo para que meu pai não me achasse chorando em algum canto da casa. Eu engoli o choro muitas vezes querendo desabar, engoli a raiva e ódio que sentia mesmo estando á beira de uma explosão mental, e isso tudo antes dos meus dez anos. Me lembro de muitas vezes me imaginar socando a cara de algum parente meu enquanto eles falavam o quanto eu era diferente deles, mas ainda permanecia calada.
Parece que dentro do meu peito existe um hospital, e dentro dele unidades de terapia intensivas com dezenas de versões minhas em coma induzido. Elas não estão morta, eu não ás deixo morrer dentro de mim, não por completo. Às vezes eu apareço neste hospital olhando cada traço de cada versão e vendo qual irá morrer primeiro, mas sempre as que morrem primeiro são as boas porque as ruins saem de seus devidos quartos e as matam. Às vezes apareço lá e digo: Por favor, aguente, não morra. Logo depois eu torço para que uma dessas versões boas ainda sobreviva, mas logo depois as ruins ás matam novamente.
── Filha? ── Clera apareceu em frente á porta do quarto enquanto eu encarava o chão com as bochechas vermelhas e os olhos cheios de água ── Amabily, você está bem? ── Perguntou ela preocupada se ajoelhando em minha frente
── Ela morreu...
── Quem morreu?
── A última versão boa que ainda estava viva....
Ela não soube oque me dizer, ela estava ciente tanto quanto eu que isso era artimanha de minha mãe, e o pior, não tinha como mudar isso de um dia para o outro. Clera se sentou ao meu lado colocando seu braço por cima de meu ombro e me trazendo para seu peito, eu recuei por alguns segundos mas logo cedi.
── Pode chorar ── Ela disse, aquilo me fez ficar mal e de alguma forma eu realmente comecei á chorar, as lágrimas corriam de meu rosto como cachoeiras e eu não conseguia mais parar ── Se sinta á vontade para me contar oque está acontecendo.
── Eu não sei ── respondi entre soluços ── Parece que tudo dá errado pra mim, que eu sempre consigo ser a pior em tudo, sempre quero fazer as coisas do meu jeito, sempre sou insuficiente e não consegui manter á promessa á minha mãe.
── Que promessa?
── Jamais abaixar a cabeça independente da situação ── Funguei limpando meus olhos que estavam embaçados ── Eu sou um lixo, fui um lixo com todo mundo, com minha mãe, com você, com Maria, com Bill e com o Tom.
── Amabily, você não é um lixo.
── Eu sou sim, sou fraca pra caralho, eu me odeio! ── falei com raiva
── Já chega! Você não é um lixo, me ouviu? Olhe para trás e veja o tanto que você já aguentou, se acha fraca? Se acha fraca por mesmo com a morte de Andrea ainda sim levantar a cabeça todo dia e colocar um sorriso no rosto pra trabalhar? Se acha fraca por ter tido que trabalhar madrugadas e madrugadas para sustentar o Alisson mesmo ele sendo um cretino? Se acha fraca por sempre ter sido a segunda opção mas mesmo assim seguir firme e forte focando nos seus sonhos? ── disse ela ── Você é a mulher mais forte que eu já vi, olha só quanto que você já passou e tem apenas dezoito anos.
── Mesmo assim, eu falhei como pessoa, entende? Sou forte até demais, eu não quero mais ser assim ── Me levantei rapidamente de seu colo me sentando na cama ── Eu sempre ignorei as coisas que senti e me tornei essa pessoa....amargurada que tem opinião própria e acha as dos outros irrelevantes.
── Mabi, você pode fechar os olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o coração para as coisas que não quer sentir ── Clera se sentou ao meu lado ── As vezes a gente engole as coisas que nos machucam tanto, só para não causar brigas, e no fim do dia, somos nós que choramos enquanto tudo se repete na nossa cabeça. Você fez isso, fez isso porque seu pai não te permitia sentir, não te permitia ser quem você era. Mas sua mãe construiu essa barreira para que você fosse forte, ela sabia que você era forte, mais do que a Ashley.
── Mesmo assim, como posso ser o suficiente para uma pessoa que eu amo?
── Cadê minha Amabily? Cadê a Amabily feminista que não precisa ser o suficiente para ninguém? ── Ela me encarou ── Filha, seja o suficiente para você, se a pessoa te amar ela irá te amar como você é. Mas lembre-se, amar não é dizer.
Suspirei fundo limpando meus olhos e indo em frente ao espelho, suspirei mundo erguendo a cabeça e parando de chorar. Hora de criar a versão dos dezenove anos que ainda não existe em mim. Pronta para o segundo round, Kaulitz.
Vou começar a postar spoiler no instagram hein
@gellaxy
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ʀᴇᴅ ꜰʟᴀᴍᴇ | Tom Kaulitz
Fanfiction𝗢𝗡𝗗𝗘 Amabily Molina uma jovem de dezoito anos, começa a trabalhar em uma lanchonete-boate para ajudar seu pai financeiramente. Entretanto, ela atrai a indesejada atenção de um guitarrista. Determinada a não ter nada com o garoto, Amabily se vê c...