Anyway, love!

06- Livraria

Sentado atrás do balcão Khai tenta estudar, mas não para de bocejar, pensa que talvez deva ter um tutor para ajudá-lo a compreender melhor a matéria, com certeza essa é a melhor opção, pensou em falar com os amigos, mas Max esta se esforçando ao máximo para ajudar Pawat, e outros colegas muito provavelmente não tenham o tempo tão disponível também, para pagar alguém para ensiná-lo não vai conseguir, primeiro por que o que ganha com o trabalho é para a faculdade e segundo por que seu pai não concordaria, é um homem bastante sistemático, e gosta de controlar sua vida passo a passo, não aceitaria um tutor, se fosse um colega estudando junto, daria mais certo, pelo dinheiro e pelo pai... Suspira fundo, de todo jeito parece que não vai arrumar uma solução e se sente frustado, já é difícil estudar, mais fica pior ainda quando é uma matéria que acha chata ao ponto de lhe dar sono.

Guarda o livro e resolve andar um pouco para espantar o sono, ou quem sabe tomar um pouco de café, a livraria onde trabalha fica em uma galeria, então tem algumas outras lojas que dividem o prédio, bem ao lado direito tem uma cafeteira, do outro lado um restaurante, no andar de cima existe um estúdio de dança e também um estúdio fotográfico no terceiro andar, onde fazem vários trabalhos de publicidade. Trabalha nessa livraria a muitos anos, gosta dos livros, do ambiente, de atender os clientes, mas tem outro motivo especial para manter esse emprego, um segredo que talvez do seu círculo de amigos e familiares só uma pessoa sabe e mais ninguém, precisa ser assim, ou isso ou a revelação de seu segredo pode lhe custar muito, principalmente se chegar aos ouvidos do pai.

Pega uma pilha de livros novos que chegaram recentemente, resolve ajeitar tudo e guardar, com os exemplares em mãos segue para os respectivos corredores, está um pouco distraído, sente muito sono ainda, acaba não percebendo que tem alguém no caminho, e esbarra com tudo na pessoa que está parada no corredor. Os livros todos caem e ele se abaixa rapidamente para recolher eles.

- Me desculpe, por favor eu não te vi no caminho...

- Para que servem teus olhos gnomo? Ou os óculos estão sujos?

Khai congela por um segundo, a mão que recolhia os livros estremece de leve, não tinha ninguém no mundo tão imbecil ou infantil para chamá-lo daquele modo, só uma única pessoa, um cara perturbado. Nem era tão pequeno em comparação com os outros garotos, mesmo assim Teh insistia em irrita-lo e lhe dar apelidos pejorativos

Abaixou mais os olhos e tentou recolher logo os livros para sair dali, não era a primeira vez que via o rapaz na livraria, sabia que quase sempre ele estava a caminho do estúdio fotográfico e acabava passando por ali, das outras vezes Khai pediu a uma colega de trabalho para atender o rapaz, a garota sempre ia com todo prazer, a maioria das meninas parecia estar atraídas pelo seu inimigo...

No fundo nem entende por que são inimigos, até mesmo Top quando não está ao lado do valentão, não mexe com ele, o trata de forma normal.

- Estou falando com você, não vai me responder seu bastardo?

Khai aperta com força os lábios, já terminou de recolher os livros, mas o outro não se move, então ele continua ajoelhado olhando para o chão. Reza mentalmente para o rapaz ir logo embora e deixá-lo em paz, tem usado a muito tempo essa tática de ignorá-lo e até então tem dado certo, mas é a primeira vez que estão sozinhos assim, quase sempre ou Top está junto, ou algum amigo vem em seu socorro. Se ocorrer uma briga, acredita que pode se defender, mas não quer de forma alguma que isso aconteça.

- Quando vai mostrar algum tipo de respeito e me olhar nos olhos enquanto eu falo com você eim seu gnomo ...?

Teh está pronto para estender a mão e puxar Khai pelo colarinho quando alguém toca em suas costas.

- Ei Teh, eu achei o livro que estava procurando...- Top que estava sorrindo distraído acaba vendo a situação, olha o outro garoto ainda cabisbaixo no chão, seus ombros tremem de leve e ele está com os olhos semi cerrados agora, talvez esperando algum golpe da parte do mais velho, Teh nunca foi violento nesse nível, então Top quer apenas sair logo do lugar e evitar algum mal entendido. - Vem vamos logo, você não tem umas fotos para fazer hoje ainda? Por que está com essa cara? Anda vamos embora ...

- Esse merdinha que esbarrou em mim e não tem nem coragem de me olhar nos olhos para pedir desculpas. Mas eu posso fazer ele me olhar a força...
Teh avança mais um passo, mas Top puxa ele pelo braço.

- Deixe isso pra lá por hoje sim? Não se atrase para o compromisso ou faça uma cena, a gente sempre está por aqui, quer mesmo uma confusão?

Não! Teh não queria começar nada, estava apenas matando tempo ali na livraria esperando Top encontrar o que queria, foi aquele anão que praticamente o atropelou no corredor, e ainda se fazia de vítima tremendo feito um ratinho no chão, aquilo fazia seu sangue ferver, aquele bastardo se acha tão superior ao ponto de nem olhá-lo nos olhos?

"Por que nunca olha pra mim seu idiota...?"

- Droga...- Teh passa a mão pelo cabelo buscando se acalmar, não tinha realmente um bom motivo para levar essa briga na livraria adiante, o pequeno tinha se desculpado já, mas toda vez que se topavam sentia uma raiva que...

"Não quero pensar nisso agora, depois a gente se acerta gnomo"

Colocou de volta na estante um livro que estava em sua mão e depois se afasta seguido por Top que olha para trás, o garoto menor ainda está encolhido e não se atreve a levantar até que os outros dois tenham ido em direção ao caixa.

Quando finalmente se levantou Khai tentou o melhor para não parecer abatido ou amedrontado, terminou de guardar os livros como se nada tivesse acontecido e deixou a tarde passar assim, como se fosse um dia qualquer, não queria pensar muito no motivo pelo qual aquele cara o odiava tanto, na verdade preferia não pensar naquele garoto egocêntrico.

Lembra o primeiro dia que Teh chegou na faculdade, o semestre já tinha iniciado, ele fez amizade imediatamente com Top, e todos falaram dele por duas semanas inteiras, sobre como era bonito, sobre ter estudado em outro país, sobre a família toda dele ser geneticamente perfeita, e depois vieram as provas e ele se mostrou bastante inteligente, mesmo parecendo que mal prestava atenção as aulas.

Fora isso parecia sociável, atraindo tanto atenção das moças como dos rapazes do curso, de início ao vê-lo apenas de longe, Khai achou ele um homem realmente muito bonito, desde novo sente afeição por meninos, nunca pelas meninas, felizmente essa é uma coisa que não incomoda o pai que é tão controlador, e como nunca teve nenhum relacionamento, para o pai estava tudo certo, só não queria que o filho se envolvesse por ai sem ser algo realmente sério.

Com Teh sentiu atração no primeiro momento, por que ele é realmente muito bonito mas depois de um tempo esse encanto foi quebrado, o primeiro contato de fato entre eles foi ali mesmo na livraria, 2 dias depois de Teh ter entrado na faculdade, veio com Top e outra menina, estavam olhando os livros, enquanto Khai reorganizava as prateleiras, se viram através do vão entre os livros, cada um em um corredor diferente, seus olhares se fixaram por alguns segundos apenas, Teh era realmente muito bonito, e o olhar dele fazia alguma coisa formigar na boca do estômago de Khai, aquela foi a primeira e a última vez que se olharam nos olhos, depois disso começou os eventos onde Teh era extremamente grosseiro e dava uma de valentão para o seu lado, assim sendo Khai passou a ignorá-lo o quanto podia e evitar com bastante sucesso contato visual entre os dois, não sabia o por que, mas sentia que era melhor assim.

Ainda pensava em todas essas coisas quando o dia estava dando lugar a noite, terminado o expediente juntou sua mochila e o casaco, mas ao invés de ir para a casa do irmao como tinha prometido, primeiro precisa fazer outra coisa, Chai so vai chegar em casa depois da meia noite mesmo por causa do trabalho na casa de Shows, estão Khai tem tempo para fazer o que realmente quer fazer, da hora que acorda ate a hora que vai dormir, só tem uma coisa que realmente prenche totalmente sua mente e seu coração...