57- Beijo de verdade

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- Mãe para que mostrar isso a ele?

Eric se afasta da mesa indo ajudar a mãe a lavar as frutas na pia, Dará responde algo entre uma gargalhada sonora e um suspiro profundo, mas Thahan não sabe o que ela diz, seus olhos estão detidos no álbum em suas mãos, não tem motivo ou gatilhos para os problemas que teve quando novo, esses problemas apenas surgiram, e moldaram essa personalidade que oscila sob pressão. Estava curado, se tratou, se livrou da medicação, cresceu, e parecia que agora os sintomas tinham voltado, por qual motivo? Max? O medo de perder Eric? Mas não era a doença se manifestando, era quem ele tinha se tornado depois dela. Dará estava lhe dando permissão? O pai estava lhe dando apoio? Precisava esquecer o rancor por Max? Podia fazer Eric sorrir como naquelas fotos a sua frente?

"Crescer é doloroso..." sua sogra estava certa.

"Sogra...eu tenho uma sogra agora..."

Nenhum desafio podia ser mais poderoso do que amadurecer, mas para ele nunca fez sentido a palavra " desafio " antes.

"Eu posso te fazer feliz amor... eu vou te fazer feliz..."

Se sentia mais determinado do que nunca, precisa apenas descobrir como se livrar do que sente por Max, e como administrar o medo que toma sua alma e lhe faz oscilar tanto, o medo de perder Eric.

*****

- Baixinho?!...

Teh bate na porta, mas como não obtém resposta tenta o trinco, ela está aberta, então entra no quarto, lá dentro está um caos, Khai jogou as roupas molhadas pelo chão e já colocou um moletom, o cabelo ainda brilha molhado, a cama está bagunçada parece que o menor jogou tudo da mochila nela, a pequena mesa de estudos que fica de frente a janela,  está cheia de livros espalhados, Khai está sentado em frente dela, parece concentrado lendo um livro e fazendo anotações. Teh se aproxima e puxa um banquinho que está em frente ao guarda roupas e se senta ao lado de Khai que não levanta o olhar ou parece perceber sua presença, deixa a xícara com chá que preparou para Khai sobre a mesa.

- Ei baixinho vamos conversar sim?

- Não posso, tenho que estudar... as provas, elas estão chegando, eu preciso ter boas notas.

A voz do menor está claramente embargada e o canto dos olhos molhados, Teh tenta ser gentil a tocar de leve o cabelo do menor que puxa bruscamente a cabeça sem desviar a atenção dos livros.

- Precisa secar, vai ficar doente, eu vou ter que cuidar de você, te dar banho de toalha, não que eu não vá gostar, mas...

- Por favor Teh, não é um bom momento. Por que você faz isso? Qual a razão para alguém gostar de mim? Sinceramente? Por que vocês gostam de mim?

- Vocês?... explique...

Da para sentir o clima mudando e uma ponta de irritação na voz de Teh que cruza os braços sob o peito.

- Eu só quero estudar sim?

- Eu te ajudo mais tarde, sozinho você não vai aprender mesmo e...

Teh se cala quando os olhos de Khai levantam e encontraram os seus, olhos vermelhos por trás das lentes dos óculos.

- E o que me resta?...-A voz de Khai treme de leve- P'Inn provavelmente vai desistir depois de hoje, com ele eu achei que teria uma chance, se eu passasse ia ganhar a oportunidade de um emprego em uma companhia, depois eu tentaria convencer meus pais, mas de que adianta eu sonhar? P' agora deve estar me odiando, eu não me classificaria com dançarinos profissionais mesmo e meu pai nunca aceitaria essa história... Isso aqui é o que me resta Teh- Khai aponta o livro, a mão treme, o corpo treme, as lágrimas caem fácil pelo rosto- Você está certo eu sou burro.

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