66- Um anjo

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- Alguém está se escondendo aqui?

Mond levanta o rosto e a mão ao mesmo tempo para bloquear o sol que brilha forte, está sentado no jardim em um banco mais afastado da casa, tinha saído para atender uma ligação e ali permaneceu sentado um pouco mais, era já quase meio dia, a casa estava cheia novamente, seu nong está encantado com uma criança, os demais conversam entre si ou na sala ou ajudando na cozinha, Ratt ainda não deu o ar da graça, provavelmente deve estar no quarto emburrado por ter que passar mais uma refeição ao lado do cunhado indesejado, Mond respira fundo, isso é cansativo, as gangues das ruas são mais tranquilas, cobrar dívidas é mais tranquilo, mas sabe que o esforço que faz por Max vale muito a pena.

Sorrindo amplamente parado ao lado do banco está Gus, eles dois não tem realmente nenhuma afinidade, mas Mond até gosta do rapaz que sempre o tratou com educação e é bastante próximo do seu namorado.

- Só vim respirar um ar puro P'Gus, meu namorado ainda não deve ter notado que estou demorando já que é você quem está me procurando.

- Max está paparicando a sobrinha, queria encher a casa de crianças, mas talvez não seja possível com Ratt.

Mond não sorri, na verdade a última coisa que quer ouvir é o nome do cunhado.

- Já que estamos aqui, quer ver algo interessante?

Na verdade Mond só quer ir para casa, já passou o sábado todo ali, o almoço foi aquele caos e depois na janta Ratt pareceu que estava fingindo que ele era apenas invisível e isso o incomodou mais que se o esquentadinho tivesse ficado lhe provocando, gostava do silêncio da sua casa, mesmo com Pawat e Klahan, o irmão era tranquilo e a criança dele estava sempre evitando estar no mesmo ambiente sozinho com Mond, então ele tinha bastante sossego, teria mais ainda quando fosse só ele e Max, mas Gus sorri ampla e sinceramente então Mond não quer criar caso.

O loiro acente, levanta seguindo Gus, não vão longe, ao lado da casa grande tem uma pequena construção que parece como uma casa de piscina, fica bem próxima dela na verdade, janelas amplas de vidro que tomam quase todas as paredes e o interior é em conceito aberto parece uma pequena galeria por dentro, tem vários quadros espalhados em cavaletes enormes, mas são particulares de Gus, nada para vender ou expor, tem muitas imagens de Ratt, algumas são partes do corpo dele, como braços e peito dando destaque as tatuagens, outras pinturas são da família, algumas da bebê. Uma em particular chama atenção de Mond que quer desviar o olhar, não quer perguntar sobre, mas o quadro parece vivo então não consegue não questionar.

- Isso é o que eu estou pensando...?

- Sim- Gus cruza os braços, ambos parados em frente a pintura bonita e ao mesmo tempo grotesca.- No começo Ratt as queimava, um dia como eu não conseguia parar de desenhar isso, ele simplesmente aceitou o fato.

- Você ainda se sente mal sobre isso?

Gus faz uma careta ainda olhando o cão negro cercado pela serpente verde e assustadora.

- Não, na verdade não. -Gus se vira para Mond o loiro ainda encara o quadro- Nada é para sempre, absolutamente nada...Não sei se você sabe, mas conheci Ratt quando ainda eramos crianças, uma tarde de brincadeiras nos uniu de uma forma especial, fizemos promessas e eu fiz um desenho que esperava que ele tivesse tatuado no peito de preferência... Mas nós esquecemos da promessa e ele nunca fez a tatuagem, eu nunca perguntei a ele, mas acredito que é pelo mesmo motivo que ele continuava queimando esse quadro feio. Eu nunca voltei para brincar com ele quando pequeno e ele provavelmente quis apagar essa lembrança dolorosa, assim como quis me ajudar a apagar essa lembrança ruim de quando o maluco com a tatuagem grotesca nesse quadro me sequestrou e torturou. Ratt é assim, mais que isso, ele tem um lado infantil muito bonito que ninguém nunca vai ver a não ser eu, ele tem um lado maluco e estourado que todos conhecem e tem um lado amoroso que só é visto pela família.

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