Anyway, love!

28- Um pequeno acidente

É a quinta vez que verifica o aparelho celular, sabe que ficou de mandar mensagem para o namorado, mas também sabe o quão teimoso Thahan é, então a essa altura seu telefone já estaria lotado de recados e até mesmo ligações, então por que não tem nada?

Será que Thahan realmente vai respeitar seu espaço e não falar nada até que Eric se manifeste?

Tem tanta coisa passando em sua mente que é difícil focar em uma só, é manhã, sabe disso por que o sol entra por algumas frestas da cortina, é sábado, não precisa levantar cedo, e só vai para o restaurante a tarde também, mas a mãe tem como regra que eles façam pelo menos uma refeição juntos, e pelo cheiro que toma o ar já sabe que ela deve estar na cozinha o esperando, então se esforça para levantar, ao ir no banheiro não olha no espelho,os olhos doem e estão levemente inchados, então não quer ver isso também, apenas termina de usar o banheiro, e vai direto para cozinha onde a mãe está terminando de colocar a mesa.

- Bom dia meu querido.

Dará está sorrindo, mas ao ver o rosto do filho e o modo arrastado como ele vem caminhando já fica apreensiva, ele se senta em silêncio logo depois de levantar as mãos em sinal de respeito e da atenção para o prato, come pouco, se obrigando, quer parar de pensar tanto em tantas coisas, mas não consegue. 

Depois de terminada a refeição e de lavarem os pratos juntos a mãe o chama para sentar um pouco na sala, Eric só quer voltar para o quarto, mas aceita o pedido da mãe que questiona o que está acontecendo.
A voz dele sai como um sussurro inaudível, mas a mãe segura sua mão entre as suas com carinho.

- O que está sentindo ?

- Confusão acho... não sei explicar mãe, não quero explicar...

Eric suspira fundo, conhece bem a mãe, ela não vai simplesmente deixar para lá.

- Eu não sei exatamente o motivo dessa cara e não preciso saber os detalhes, mas quero ver você bem. Primeiramente pense na coisa que mais o está incomodando nesse momento...

"Aquele loiro bastardo, metido a besta"

-...

- Entendo, que talvez não possa verbalizar, mas essa coisa incomoda pode impedir sua felicidade? Ou é você quem está fazendo isso consigo mesmo?

- Mãe onde você quer chegar? Tem coisas e pessoas que não podemos controlar, elas vem e destroçam a gente sem piedade.

- Você quer piedade? Quer se fragilizar? Eu te conheço meu filho, você fica quieto e sofre, deixa tudo que é externo te afetar. O ponto onde quero chegar é no motivo da sua confusão, então responda, se não para mim, para si mesmo.

- Acho que o que está me incomodando não pode impedir minha felicidade, mas está afetando ela e não sei como resolver.

- É tão difícil assim? Certeza que não está dificultando? Você tem essa tendência de se autossabotagem desde novo e não quero que isso complique tanto sua vida... Tem algo a ver com o rapaz que vem sempre aqui?

- Mamãe...eu...-Eric olha a mãe com um olhar nervoso, cheio de incerteza, ainda não se sente pronto para esse tipo de conversa com ela.- Ele é meu... é alguém importante... eu...

- Não precisa falar de coisas que não consegue. Mas pense nisso sim? Ontem quando eu estava chegando vi ele saindo, ele parecia transtornado, agora você parece destruído, é para tanto? É grave nesse nível? A amizade que existe entre vocês não é forte? O desacordo entre vocês é mais poderoso?

Pensar nisso tudo é quase enloquecedor,  Eric sente as lágrimas rolando novamente e se joga nos braços da mãe que o acolhe com carinho.
Sabe que ela tem razão, está deixando a tristeza, a raiva, o desespero o consumir já faz algum tempo, tudo começou com Max? Devia ter sido mais forte e enfrentado as coisas lá atrás quando percebeu que o loiro ia tomar a pessoa que amava?