45- Desejos

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O loiro não pediu para beijá-lo, não foi gentil também, apenas colou a boca na sua, depois mordeu seu lábio o forçando a abrir a própria boca e enfio a língua nele sem grande cerimônia, foi um beijo ruim, um primeiro beijo péssimo atrás do teatro da escola, um garoto dois anos mais velho, Khai só tinha 14 anos e lembra de ter escolhido aceitar o convite do mais velho, lembra de achar ele um cara popular e bonito, lembra de estar se descobrindo como alguém que definitivamente preferia a companhia masculina.

Depois disso ele e o loiro trocaram mais uns dois ou três beijos em outras oportunidades e mais tarde Khai se sentiu cada vez mais curioso, mas a timidez era algo forte, então acabava investindo em quem lhe procurava, quase nunca em quem estivesse interessado na realidade, então podia contar nos dedos as vezes que beijou alguém, uma menina em uma festa, só para ter certeza que não gostava disso, um bailarino que gostava de lhe ensinar alguns passos de balé, alguns caras em bares por aí, e outros em pouquíssimas festas que foi.

Agora tinha 20 anos, e somando toda experiência que teve acaba de descobrir que era quase nada, beijar umas bocas de qualquer jeito sem muita emoção não era realmente nada, agora a coisa que incomoda seu peito é ter beijado pela primeira vez alguém que de fato queria beijar, desde o dia em que o delinquente estava bêbado lá na cozinha, enquanto seu rosto foi atraído involuntariamente para o rosto bonito quase adormecido de Teh, a curva dos lábios, o brilho da boca naturalmente rosada, naquele dia quis sentir a umidade, a textura o aroma, quis sentir aquele bastardo como nunca quis nada antes, mas acabou salvo.

Mas agora não teve salvação, quando finalmente teve o que estava ansiando, sabia com certeza que aquilo era um beijo intenso e bom de verdade, a língua macia de Teh fazendo cócegas no céu da sua boca, a mesma sensação sentiu no estômago e a maldita corrente desceu de forma alucinante pelo corpo tocando cada terminação nervosa e a sensação que chegou entre as pernas era...

Khai não queria raciocinar, não tinha como raciocinar, era enloquecedor. Já quis ir para um motel com alguém várias vezes, já teve até oportunidade, mas era uma escolha complicada, alguém aleatório, sem sentimentos fortes, deitar com alguém numa cama só para arrancar o sentimento de luxúria do corpo, então desistiu. Quando sentiu que algo não estava certo consigo mesmo e quis pesquisar mais sobre a relação entre homens ou até mesmo conhecer melhor o próprio corpo se sentiu tão envergonhado que retrocedeu.

Se afundou naquilo que lhe trazia calma e paz, e dançou mais do que nunca, quando o corpo parecia querer dominar a mente, eram apenas alguns passos de dança que esvaziaram a mente e pronto, tudo se acalmava, era como fazer mágica.
Mas hoje, hoje foi diferente de tudo, entrou no quarto já tirando as roupas e jogando em qualquer canto.

"Maldito Teh..."

Entrou no banheiro batendo as portas ligando o chuveiro na água fria, um punho fechado socando se leve à parede de mármore fria.

"Etava brincando comigo não estava?"

Enquanto a água caia lembrava da cena, da sensação, do sorrisinho no rosto do outro.

"Se divertiu não foi seu delinquente?"

Não quer um namorado, quer vencer a faculdade, trabalhar como o pai sonha, dançar ocasionalmente. Não tem a ambição de ter coisas como família, dança profissional. São sonhos, são sonhos que guarda no peito, que são coisas preciosas que imagina que não pode ter, depois se ver Klahan e Pawat a tarde, seu coração chegou a palpitar, cogitar a ideia de que merecia algo assim também. Mas para ele? Alguém tão burro que nem consegue atingir as expectativas do pai? Não, pra ele não tem nada assim. Max e Pawat são bons nós estudos, bonitos, tem namorados legais, são pessoas sociáveis.

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