Capítulo 2

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Rheynah

Eu fui enfiada em um quarto escuro sem luz, minhas roupas foram queimadas e as cinzas atiradas ao mar, segundo elas aquilo não era roupa para uma irmã do silêncio.

Mas eu ainda estava vestida na roupa que havia chegado ali.

Meus dedos desesperados puxavam a máscara que novamente não saía do lugar, e cada vez mais que eu puxasse era como se estivesse arrancando minha própria pele.

Já havia desistido de contar quantas vezes havia gritado.

Então a minha querida mãe havia feito bem o seu papel, me enviado para um inferno para que eu ficasse trancafiada como um demônio lá dentro. E com torturas o suficiente para nunca tentar voltar para casa.

A porta se abriu e eu ergui o olhar avermelhado de lágrimas, uma figura de manto negro estava na porta, segurando uma tocha, aquela máscara de ferro cintilando sob a luz avermelhada das chamas.

— O que vai fazer? -questiono.

A figura não respondeu, estava calada.

Ela se aproximou e eu me ergui daquela pequena cama atordoada.

— Não se aproxime. -choramingo.

E com um movimento ela golpeou com a tocha, o meu grito foi cortado pela dor, as minhas roupas sendo consumidas por chamas.

— Pare! -grito.

As chamas me consumiam onde ainda haviam vestes.

— Por favor, pare! -grito.

Minha pele ardia em diferentes lugares, queimava.

— Pare!

Eu agonizei indo de forma pesada ao chão e chegou um tempo que eu não sentia mais dor, e quando o calor se estinguiu de mim e a luz do fogo acabou, eu percebi que estava completamente nua no chão frio, com partes do meu corpo queimadas.

Eu olho pouco para cima e enxergo pela luz fraca que vem da porta a silhueta da figura de manto negro.

— Por que fez isso? -sussurro.

Ela jogou algo em cima de mim, algo grosso, um tecido grosso.

Um manto negro gêmeo ao seu.

A figura caminhou até a porta e sem olhar para trás ela a atravessou e fechou. Ouço o som de algo ser trancado, a porta. A única fagulha de luz que tinha se foi, e eu fiquei no mais completo escuro.

Gemendo de dor.

Presa no escuro com ferimentos que irão se tornar cicatrizes eternas, presa no silêncio.

.

Anos depois.

O silêncio era a única coisa que reinava ali, a única coisa que me mantinha naquele lugar.

Meus pensamentos no entanto não eram silenciosos em minha mente por mais que a minha boca estivesse fechada.

Com as mãos juntas cobertas pelas mangas grossas do manto eu caminhei pelos corredores do casarão. O capuz cobrindo a minha cabeça.

Castigos e torturas durante anos por falar me fizeram entender que o silêncio poderia ser uma dádiva ou uma arma, ficar quieta e observar me permitiram refletir e abrir margem a um plano. E é claro, vingança.

Sabia que esta noite um navio surgiria com mantimentos para as irmãs silenciosas, e sabia que se eu não embarcasse naquele navio eu teria que esperar até a próxima estação e até lá demoraria.

Corte Fantasma •Acotar✷Onde histórias criam vida. Descubra agora