Capítulo 7

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Rheynah

O jantar foi silencioso, eu estava organizando as minhas ideias, estava tentando colocar no lugar tudo o que foi tirado e colar o que foi quebrado.

— Está pensando muito.

— Penso tanto que chega a doer a cabeça. —confesso baixo— passei tantos anos condenada a ficar em silêncio que às vezes me esqueço que agora eu posso falar, que não preciso mais conversar mentalmente comigo mesma.

Eu fitei o teto do quarto.

— É tão estranho não estar mais no escuro.

— Eu contei a história da minha família, uma informação por outra. —Roan disse— me diga o que aconteceu com você.

— O que aconteceu comigo? -me sento na cama.

Eu solto um suspiro e de relance vejo ele ficar de bruços na cama, um cotovelo apoiado no colchão e o queixo descansado na mão.

Os olhos curiosos esperando que eu começasse.

Eu balanço a cabeça.

— Minha mãe nunca gostou de mim, sou a mais nova de quatro irmãs, tem a mais velha, Nestha, a do meio Elain, a penúltima Feyre e a última eu, eu fui um acidente que minha mãe não pôde abortar. —falo— e por esse motivo ela me odeia tanto, na cabeça dela eu sempre estraguei os seus planos.
Eu faço uma pausa.

— Eu tinha doze anos quando ela armou uma festa para se despedir de mim, ela armou uma viagem para eu "estudar no oriente", mas é claro que não era isso, quando embarquei no navio e cheguei ao meu destino, percebi que não era um lugar bonito e nem achava que seria, era uma ilha pequena com um casarão assustador, o convento das irmãs silenciosas.

Ele xingou.

— Você veio de lá?!

Eu fiz que sim e ele leva uma mão a boca.

— A Srta sombria prendeu aquela máscara ao meu rosto e me prendeu em um quarto escuro por anos, e quando finalmente saí depois de torturas por não saber fechar a boca, eu passei mais alguns anos muda, a única coisa que falava eram meus pensamentos. —digo— o tempo que passei lá foi o bastante para eu estudar o que acontecia por lá, aprendi que um navio vinha pela madrugada deixar mantimentos para o convento, então eu agi, ela deixava dois barris de ouro para os marinheiros mas dessa vez seriam três pois os mantimentos eram em grande quantidade naquele mês, eu fiquei acordada a noite toda e de madrugada saí quando ouvi o navio, sequei um barril jogando o ouro no mar e entrei dentro dele, os marinheiros me levaram para o navio sem perceber, e assim eu fugi.

Ele balançou a cabeça e eu olho para as minhas mãos.

— Essas cicatrizes são fruto de quando cheguei lá, elas queimaram as minhas roupas em meu próprio corpo.

A cor sumiu de seu rosto e uma faísca de ódio se acendeu em seus olhos.

— Elas não tinham o direito de fazer isso. -ele nega.

— A noite estava perfeita para um naufrágio, no meio do oceano os marinheiros e seu capitão se depararam com uma tempestade impiedosa. —sussurro— meu barril caiu do navio e eu consegui sair de dentro antes que pudesse me afogar dentro dele. O navio ao longe foi engolido por uma onda e naufragou nas profundezas, junto de todos os seus tripulantes, uma onda gigante me engoliu e eu perdi a consciência, a partir daí não sei mais oque aconteceu até você me achar na praia, talvez as ondas me arrastaram até aqui.

Eu olhei para ele.

— Essa é a minha história feliz, grão-senhor.

Ele me olhou.

Corte Fantasma •Acotar✷Onde histórias criam vida. Descubra agora