Capítulo 5

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Rheynah

Quando voltei para aquele quarto eu entrei em desespero pelo que enfrentaria.

Casada então eu teria que me deitar com ele.

Não havia pensado nessa parte e agora o pânico havia me consumido.

Ouço a porta se abrir e encaro pelo reflexo do espelho o grão-senhor adentrar.

A porta se fechou e se trancou, de costas para ele eu monitoro seus movimentos pelo espelho.

Ele caminhou pelo quarto jogando o manto pesado em uma cadeira, o som oco das botas se chocando contra o piso preenchia os meus ouvidos, vi ele tirar a grande máscara de chifres a colocando no móvel do lado da cama.

— Devo me preocupar se fumaça sair de sua cabeça?.

— O que? -pisco.

— Está pensando tanto que suponho que logo de sua cabeça sairá fumaça. -fala.

Eu não respondi, fechei as mãos em punhos e me virei.

— Suponho que como aceitei esse o acordo eu deva... Dormir com você. -falo.

— Onde mais dormiria? -ele sentou-se na cama, retirando as botas.    

— Não estava falando disso... Também. -balanço a cabeça.

Ele deixou as botas irem ao chão e me olhou dos pés a cabeça.

— Talvez quando tiver mais corpo você aguente dormir comigo. —ele disse— e sim, eu entendi o que você quis dizer e espero que tenha entendido o que falei agora.

Eu o encaro com os olhos sérios.

— Sinceramente, seus comentários sobre o meu corpo não irão me afetar como deseja. —digo firme— não escolhi estar assim.

— Acha que falo para ofender? —pisca e riu com escárnio— definitivamente não me entendeu.

— Entendi perfeitamente bem. —digo— acha que não consegue se segurar em rédeas curtas pois é um brutamontes e acha que vai me quebrar porque não possui um pingo de delicadeza, mas não o culpo por isso, quem sou eu para te julgar, não é?

Ele pisca e com um movimento ficou de pé, achei que havia estourado o seu limite de paciência e agora eu iria receber um castigo, mas ele desviou o caminho até o banheiro jogando uma toalha sob o ombro.

— Se quiser se trocar, a vontade.

Ele fechou a porta e eu fiz um gesto vulgar para a mesma.

Olho para a cama onde está algo, uma camisola dourada e delicada de seda.

Como era possível? Um povo tão bruto e assustador poderia fazer algo tão delicado?

Meus dedos a tocam e então os afasto do material macio, os dedos ásperos e com cicatrizes.

Seguro minha mão a alisando devagar.

Eu de fato não me sentia merecedora de usar coisas assim, depois de tudo.

Eu retirei o manto de meus ombros e então o vestido e cinto, tirei aquela coroa de flores pálidas e os pus em uma cadeira.

A seda deslizou em minha pele e quando estava vestida me olhei no espelho, minhas mãos devagar tateiam as cicatrizes amostra em meus braços e colo.

Uma lágrima quente escorreu.

Não ousei levantar a camisola e ver mais daquilo, não ousei ver meu corpo magro por aquele reflexo por mais tempo.

Corte Fantasma •Acotar✷Onde histórias criam vida. Descubra agora