Capítulo 30

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Rheynah

Um mês havia se passado rápido e por mais que a dor permanecesse eu continuava.

Refletir e respirar fundo, respeitar o momento do luto e deixar a minha filha ir não foi fácil.

Mas aqui estava eu diante da cabana da sangria da corte.

Eu olho para trás e vejo Drakon que inclinou a cabeça e rosnou para a cabana.

— Eu volto logo. -digo.

A porta da cabana se abriu sozinha e eu senti o ar quente vir de dentro dela até aqui onde o vento dominava, uma voz feminina, gentil e convidativa ecoou lá de dentro.

— Entre, grã-senhora...

Eu engoli em seco, e fechando minhas mãos em punhos eu adentrei, o calor me embalou e a porta se fechou em um baque.

Observo a cabana, repleta de cristais pendurados no teto, havia crânios espalhados.

Mais a frente a luz alaranjada de uma lareira acesa e uma figura sentada em uma cadeira de balanço.

— Bryce? -chamo.

A figura se ergueu revelando uma silhueta bem modelada de uma mulher, ela se virou. Uma mulher jovem e bonita de cabelos vermelho sangue, olhos âmbar e pele bronzeada.

— Seja bem vinda... A meu humilde lar. -ela disse.

Os lábios tingidos de um forte vermelho.

Meus pelos se arrepiaram.

— O que a traz aqui? Está muito longe de casa... —ela ronrona— não lhe contaram que é perigoso vir a floresta proibida?

— E-eu não tenho medo. -falo.

— Com uma enorme serpente alada como aquela que está lá fora lhe esperando.. Eu também não temeria me arriscar em lugares tão perigosos... -um riso lento.

— Eu preciso de sua ajuda. -digo.

— É claro que sim... Do contrário não viria até mim.

Ela sumiu e eu olho para os lados atenta.

Sinto a energia de um corpo por trás de mim mas travo antes de me virar.

— O que deseja? Minha senhora... -ela disse no pé do meu ouvido.

Um calafrio percorreu minha espinha.

— Eu quero ser como Roan.. como minhas irmãs. -digo.

Ela estalou a língua.

— O que uma perda não faz?... Ela nos leva a decisões tão radicais...

Eu me virei e ela não estava mais ali. Sua risada ondulou pela cabana e sacudiu os crânios.

— Minhas condolências a vossa Leide... —ela disse— foi uma perda lástimavel.

Eu encolhi meus ombros.

— Own... Doce criança, não fique assim..

— Sabe da minha filha?

— A corte inteira soube. —ela disse— e ainda houve quem comemorou pela perda.

Eu ergo a cabeça.

— Quem? -minha voz saiu dura.

— Não há porque remexer, apenas saiba que prevejo um fim muito trágico para essa pessoa...

— Ela morreu por eu não ser forte o suficiente, não ser feérica. -digo.

Ela surgiu do meu lado dando tapinhas em meu ombro.

Corte Fantasma •Acotar✷Onde histórias criam vida. Descubra agora