Capítulo 3

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Rheynah

Meu corpo parecia leve, a inconsciência se assemelha aquele navio, balançando para lá e para cá, mas as águas estavam calmas na inconsciência, meu corpo boiava e eu não sentia nada além daquilo.

O silêncio ensurdecedor era um incômodo, e poderia levar uma pessoa sã a mais completa loucura.

Foi quando uma luz naquele escuro surgiu e me senti boiar até ela, cada vez maior ela parecia consumir tudo e ao mesmo tempo nada a minha volta. Até que inundou tudo.

Eu acordei.

Abro os meus olhos para uma claridade irritante, meus olhos ardiam, minha boca se entreabriu e algo subiu na minha garganta, eu botei a água salgada do mar para fora, e por segundos achei que fosse pôr todos os órgãos do meu corpo junto, meus ouvidos neste meio tempo captaram o som do mar e de gaivotas, meus olhos focaram na areia que minhas mãos espalmam, não era areia comum, uma areia cinzenta e brilhante, ela cintilava como se fosse cinzas de estrelas.

Ouço um murmúrio e me viro de imediato, meu corpo cai novamente na areia e eu olho para o ser diante de mim.

Um homem, percebi, um homem forte demais, ombros largos e uma parede de músculos cobertos por uma camisa de mangas longas cor de marfim.

Ele usa uma máscara assustadora de algum bicho de chifres.

— Está viva. -a voz dele veio abafada da máscara mas pude captar um sotaque bruto e rústico.

Algo nórdico, ele falava como eu mas o seu sotaque me parecia ser nórdico e bem antigo que se adaptou aquela língua.

— Quem é você?? -a pergunta saiu mais ríspida do que devia, não sabia se pela água que engoli ou se pelo medo daquele homem.

Só a mão grande dele arranca a minha cabeça com um tapa e eu iria de base.

— É jeito de tratar alguém que salvou a sua vida?

— Salvou porque quis, estava bem demais sendo a comida de tubarões. -me afasto ainda no chão.

Um riso de escárnio por baixo da máscara.

— Não no meu ponto de vista.

— Então abra os olhos. -me ergo cambaleante.

Minhas pernas tremem e logo em seguida cederam. Mãos grandes e fortes me seguraram antes de eu ir de encontro a areia novamente.

Eu olho para aquela máscara monstruosa.

— Vou levá-la comigo.

— Quem decretou isso? -pergunto.

— Eu.

Ele com um movimento me jogou por cima dos ombros e eu gritei me debatendo.

— Me solta! Seu brutamontes! —bato em suas costas— me coloque no chão agora!

— Isso não me faz ao menos cócegas. -ele disse baixo.

Eu lhe dei um chute no saco e ele soltou um urro mesclado com uma espécie de rosnado animalesco que me fez ficar quieta.

Ele não é humano.

— Agora fica calada?

Sabiamente fiquei em silêncio.

Um riso.

— Se eu soubesse... Teria rosnado antes.

Ele caminhou comigo por longos miinuutos e pude observar melhor a praia, diferente, mas era uma praia.

Eu fiquei por um longo tempo como um saco de batatas inútil nos ombros daquele estranho até ouvir som de madeira, ergui a cabeça percebendo que ao meu redor estava um nevoeiro sem fim, ao longe muito acima podia ver pinheiros emergindo da névoa, olho para baixo vendo que o homem caminhava em uma ponte.

Corte Fantasma •Acotar✷Onde histórias criam vida. Descubra agora