Prelúdio

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📍Goiânia, GO

23 de outubro, 2017


Ricelly Henrique

Era mais uma segunda-feira tranquila,  estávamos na sala combinando de voltar para fazenda depois de uma temporada extensa de shows quando a campanhia tocou anunciando a chegada de alguém.

Alguém esse que abalaria toda a estrutura dos meus planos a partir dali...

— Uai que estranho - escuto minha cunhada zunir para meu irmão e eles ficam olhando entre si, sem me devolver o olhar, até que a porta se abre.

E foi nesse exato momento que meu coração quis sair pela minha boca.

— Nós precisamos conversar. - Melina entrou pela sala, intercalando o olhar entre mim e o chão, após cumprimentar meu irmão e minha cunhada.

— Oi? o que você tem pra falar com meu noivo, posso saber? - Aline prontamente se aguçou

— É como você acabou de dizer, o que tenho pra falar é com ele. - Aline olhava pra ela como se não acreditasse no que ouvia e se levantou pra confronta-la

— Calma paixão, não precisa se exaltar, eu não tenho nada pra falar com ela. - falei mas eu estava angustiado, sabia que não ia dar bom. Foi aí que Melina resolveu mostrar para o que veio.

— Ah não Henrique? Vai realmente manter essa postura? Então tudo bem, se é assim que você quer, assim seja. - e após uma respiração profunda, ela voltou a falar e fez meu mundo desabar
— Eu tô grávida!

— E o que meu noivo tem a ver com isso sua ridícula? Por acaso ele vai sustentar vocês?

— A mim não, mas ao filho dele sim. - eu me mantive imóvel e desacreditado, até minha noiva entrar num colapso nervoso

— Como é que é? Você só pode tá tirando uma com a minha cara se acha que eu vou acreditar numa palhaçada dessa. Olha bem pra mim garota, vê se eu tenho cara de quem é traída por uma pirralha feito você.

— Isso você pergunta ao "seu noivo", eu só vim aqui dizer a ele que estou grávida, porque depois dele tirar minha virgindade, eu engravidei e como ele sumiu e cortou qualquer contato comigo, eu tive que vir até aqui dizer isso olhando na cara dele.

Meu irmão e minha cunhada me olhavam chocados, enquanto eu não sabia o que fazer pra conter esse furacão que estava passando por cima de mim.

— Henrique você vai ficar calado deixando essa idiota falar essas baboseiras ou vai expulsar ela daqui agora?

— Acho... acho melhor você ir embora Melina. - eu gaguejei, mas sem medir esforço algum, fiz o que Aline me pediu

— A Mel não vai a lugar nenhum, você tá louco? - e meu irmão também não mediu esforços, a favor da Mel é claro

— Não se mete nisso Juliano.

— Eu me meto sim, você tá louco? vou te perguntar mais uma vez. - ele me encarou

— O que isso quer dizer Henrique? Me diz alguma coisa, FALA! - Aline gritou me despertando da minha inércia diante daquela situação avassaladora. Ela esperava por uma resposta e eu sabia que não podia mais fugir

— Eu transei com ela. - falei mais pra mim do que pra ela

— Não pode ser. - Aline levantou as mãos à cabeça andando de um lado para o outro.
— isso não pode ser verdade, você não fez isso comigo Henrique, você não me humilhou a esse ponto. Que você me traía com mulheres bonitas, isso eu até podia suportar, mas com uma pivetinha dessas, sem estética alguma? COMO VOCÊ FEZ ISSO HENRIQUE?

— Não consigo acreditar que até num momento como esse você consiga ser tão fútil Aline.  - Mohana se intrometeu e eu a olhei aflito, eu estava louco

— Por favor Mohana não piora. - falei sendo ávido.
— Paixão foi apenas uma vez, eu estava sei lá, cansado das mesmas coisas acabei sendo fraco. Mas ela não significa nada pra mim, por favor me perdoa.

— Perdoar? Como se faz isso me diz? Só se o filho que está na barriga dela morrer agora não é?

— CHEGAAA! - Mohana gritou
— quem vai sair daqui agora é você sua cobra sem coração. - olhei pra minha cunhada desacreditado, e ela já estava abraçado a Melina que chorava

— Claro que não, quem vai embora daqui é essa... essa... - eu estava sem palavras quando meu irmão tomou à frente mais uma vez

— Mas é nunca que a Mel vai sair daqui!

E foi bem aí que minha noiva decidiu acabar com o sonho que eu tinha de viver ao seu lado pra sempre.

— Não se preocupem, quem está saindo daqui agora sou eu. Eu já estava cansada mesmo de conviver com essa família medíocre.
E você Henrique me paga por essa humilhação, eu vou te esmagar, pode aguardar, essa humilhação que meu nome vai passar, não vai sair barato pra você. Depois eu mando um empregado qualquer buscar minhas coisas. - ela falou saindo da minha frente e se dirigiu a Melina

— E você sua idiota, bem que eu percebia você rodeando ele, mas não se dê por vitoriosa, porque esse canalha é incapaz de se manter fiel a uma mulher maravilhosa como eu, que dirá a uma pobre piralha como você. Então meu desejo é que você aproveite bem seus dias de horror.

— Aline por favor não faz isso comigo, Eu te...

— Não ouse, eu não quero falar com você nunca mais e a partir de hoje tudo que você terá de mim são notícias das voltas que a minha vida dará. Pra você só restará meu desprezo. - ela saiu bateu a porta e me deixou pra trás

E foi nesse momento que eu surtei.

— Satisfeita? Era isso que você queria com essa farsa? - eu estava fora de mim após receber na cara a aliança da Aline, em resposta, eu sacudia a culpada disso tudo pelos braços.

— Solta ela, você tá louco Henrique? - Juliano entrou em sua defesa e ela caiu sentada no sofá apoiada por Mohana.

— Como eu não pude enxergar quem você era? Cê só queria me dar o golpe da barriga. Que ódio do idiota que eu fui.
Você não presta, onde você pensa que vai chegar com isso? Acha que vai conseguir ficar comigo? Pois eu tenho uma notícia pra você,  não vai! Até porque se você realmente estiver grávida, vai ter que me provar que esse filho é realmente meu. - falava apontando o dedo pra ela

— Como é? O que você tá insinuando?

— Que o filho pode muito bem ser de qualquer um.
Uma vadiazinha dissimulada como você pode muito bem ter transado com outros depois de mim, isso se você era mesmo virgem.

Melina me olhou com ira nesse instante e muito rapidamente veio até mim deferindo uma forte tapa no meu rosto, sua mão embora pequena, espalmou com força.

— Eu é que me pergunto como pude ser tão ingênua. Você é um cretino da pior espécie. EU TE ODEIO HENRIQUE! - ela me olhou com muita raiva, mas nunca que seria maior que a minha.

— Eu vou sair e quando eu voltar eu não quero ver nem sua sombra aqui.

Falei por fim, mas minha vontade era apagar ela da minha existência, tamanha é a raiva que sinto e pra não piorar mais a merda que já está feita, eu me retirei.

Mas aí ficou a pergunta dentro de mim, como eu, Henrique Tavares pude me deixar envolver por uma menina dissimulada e manipuladora...

Como eu fui cair no seu jogo sujo?

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora