Capítulo 34

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Ricelly Henrique

O lago é um local de difícil acesso e pra chegar muito próximo, deixei meu carro um pouco distante e segui a pé.

Apressei os passos porque eu não tinha certeza que ela estaria lá e fosse o caso, eu gostaria de voltar rápido para encontrá-la onde quer que estivesse.

O que não foi preciso, ao longe pude perceber, era ela mais uma vez movimentando as águas tranquilas do lago.

Me aproximei e disfarçadamente fiquei observando a visão, mais uma vez estava eu lá hipnotizado como há mais de 5 anos atrás eu estive pela primeira vez.

O cenário era idêntico, o céu alaranjado deixava as águas douradas e ali o corpo dela brilhava, a diferença é que dessa vez aquela não era uma mulher desconhecida, a dona daquelas curvas que refletiam no sol, era a minha bela.

"Eu não mereço tudo isso" foi a mensagem que meu cérebro me mandou quando lembrei do que fiz ela passar desde o dia que a tomei pra mim, então pensei em retornar e fugir dali, mas foi até ela perceber minha presença...

— Quem está aí? Oow... tem alguém aí? Eu já vou falando que meu marido é o dono dessas terras viu? Então é melhor você ir embora. - percebendo que ela estava assustada, resolvo aparecer.

— Calma Mel, sou eu.

— Ricelly, que susto!! - ela respirou aliviada quando entrei no seu campo de visão, ainda com as mãos sombreando os olhos.
— O que você tá fazendo aqui?

— Eu... - respirei fundo nervoso
— Eu precisava falar com você, sobre o papel do divórcio. Eu li e tem algumas coisas que eu não concordei, então...

— E você não poderia esperar quando eu chegasse em casa?

— Claro, claro que sim, desculpa, eu não vou te atrapalhar eu vou... eu tô indo... - minha voz vacilante acompanhava meus passos pra trás desconexos.

— Não, não vai. - ela me parou para minha surpresa.
— Aproveita que você veio até aqui e me diz então o que você não concorda.

Eu estava parado à beira do lago, mas não tão distante que não pudessemos conversar.

— Então, eu não concordei que você não queira ficar com nada que é meu. Isso também é seu, você foi minha esposa por todos esses anos.

— Eu fui?

— Você é na verdade. - falei nervoso. Nessas horas eu penso como um pedacinho de menina como ela, consegue me desequilibrar dessa forma.

— Então o justo é que você fique com o que tem direito. - finalizei.

— Isso não é preciso Henrique, nós nunca fomos casados de verdade, então o justo é que eu não herde nada de você. Não há injustiça em sair desse casamento como entrei, com nada nas mãos.

— Aí você se engana. Nós pudemos ter nossas divergências, mas você foi uma ótima esposa sim. Foi você que cuidou da nossa casa com tanto capricho.

— Eu? - ela me interrompeu.
— Eu mal fiquei lá por causa da faculdade, a não ser nos fins de semana

— Mas eu sei que mesmo de longe, você orientava a Rute e os empregados em tudo. Eu sei disso porque eu via eles cumprindo as suas orientações com zelo, por causa do carinho e respeito que todos eles tem a "patroinha" deles.

— Ah não fala isso, cê sabe que eu odeio que me chamem assim.

— É, eu sei e o Chico também. - eu sorri e ela acabou sorrindo sem querer.

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora