Capítulo 40

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📍Paraná

Ricelly Henrique

Merda, merda, merda!!!
Isso é tudo que eu sei fazer.

Deixei mais uma vez minha impulsividade dominar minhas atitudes e minha fúria controlar minha mente com idéias embaraçosas e maldosas.

Eu ceguei quando a vi vestindo apenas um roupão e com aquele sorriso de moleca que me encantou tantas vezes, tão linda com os cabelos molhados, recém saída do banho e exalando aquele cheiro doce de flor do campo que só ela tem, então já sabe, eu surtei.

Surtei só em imaginar que aquilo tudo seria pra outro e não pra mim.
É, eu enlouqueci!

Eu sei, isso não justifica o que fiz e
Melina jamais me perdoará por esse comportamento tão absurdo.

Então aqui estou eu sentado e envergonhado ao lado do cara que só tem me dado palavras de ânimo, o Dr° Pedrinho. Perdi as contas de quantas vezes pedi desculpas à ele.

Eu sou mesmo uma vergonha ambulante, ou como diria meu manim, um trem descarrilhado e sem freio, que quando quer algo, sai atropelando tudo.

Enquanto destrincho tudo que nos trouxe até aqui e desabafo com Pedro minhas idiotices para com a mulher da minha vida, ela saiu do elevador e roubou o pouco da confiança que meu mais novo amigo tentou depositar dentro de mim.

Ela estava impressionantemente mais linda do que já é, dentro daquele vestido que exibia detalhes do seu corpo que só eu conhecia, como uma pequenina borboleta que ela tinha tatuada nas costas e que eu tinha o prazer de acariciar com minha boca... ali eu tive a certeza: estou fodido!

— Vamos? - despertei do transe que sua imagem me causou, com a chamada do Pedro.

Nos levantamos e fomos na direção das meninas.

Melina e Bia não me olhavam, apenas Natália me cumprimentou com um sorriso gentil, daqueles que expressavam um pouco de compaixão, embora eu soubesse que não mereça nenhuma.

Fomos em direção ao carro que o Pedro já havia solicitado junto ao serviço de Hotel e eu o acompanhei como carona ao seu lado.

O clima era tenso e constrangedor e eu não sabia como me comportar, eu estava fodido e perdido.
Até que após um caminho não tão longo percorrido do hotel até o local do evento, Melina tomou seu lugar ao meu lado ao descer do carro e entrelaçou seus dedos em minha mão.

Não arrisquei olhar pra ela, apenas encaixei melhor sua mão à minha e a observava periféricamente por meu reflexo e suas expressões eram tudo, menos a de alguém que estava bem, ela estava interpretando assim como havíamos nos acostumado a fazer nos últimos anos.

Ela sorria aos nossos conhecidos e comprimentávamos as pessoas como se tudo estivesse normal entre nós, quem via de fora poderia até imaginar que fôssemos um casal feliz, exceto pelo fato dela não olhar nos meus olhos.

Sentamos numa mesa para acompanhar a apresentação e os festejos e graças ao Pedro, eu pude ter um pouco de interação, já que ele gentilmente me cedia sua atenção.

Melina interpretava bem, posso dizer que ela ficou bem letrada nessa arte, mas algo não acompanhava as atitudes dos últimos anos, ela bebia alguns drinks da festa, ela nunca foi de beber muito, apenas alguns chopps, dificilmente ou melhor dizendo, nunca a vi beber algo mais quente, mas eu sabia o motivo em questão e me sentia péssimo por fazê-la passar por sentimentos assim mais uma vez.

Eu amo essa menina, eu amo minha mulher e depois das merdas que disse hoje, vai ser difícil fazê-la acreditar nisto.

Por diversas vezes, Melina levantava da mesa pra apresentar Natália à alguns conhecidos nossos e todas as vezes que isso acontecia, eu sentia um frio percorrer minha espinha com a exposição da mulher maravilhosa que eu tinha ao meu lado, realçada por aquele maldito vestido vermelho.

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora