Ricelly Henrique
Faziam muitos dias que eu não a via e reencontrá-la mais uma vez neste estado vulnerável numa cama de hospital, não era a melhor das visões, essa sem dúvidas era uma das piores provas que meu coração poderia me dar do quanto eu temo perdê-la.
Era como se o destino estivesse me dando sempre uma oportunidade de reparar meus erros, ainda que isso fosse profundo e dolorido demais nas minhas memórias de 5 anos atrás.
E o mais controverso nisso tudo é que a angústia e a euforia eram a mesma, eu sentia dificuldade em respirar a cada acesso que minha mente fazia às minhas memórias, trazendo à tona o dia em que meu filho se foi e por minha culpa.
É como se eu a amasse pela vida toda.
(...)
📍Terra Prometida
Dia seguinte...
Já instalados na fazenda depois de um retorno calmo, embora conflitante nas emoções que despertava em mim, tê-la de volta na nossa casa mesmo que nessas condições, era algo contraditório aos passos que eu já estava disposto à tomar quando decidi aceitar que ela não me queria mais. Por tanto, eu tenho relutado interiormente em como devo agir com ela diante de tudo isso e o que de fato ela espera que eu faça.
Neste momento, desde que a vi até voltarmos pra casa, ainda não havíamos ficado a sós, até que pude me despedir de todos.
Nossa família havia permanecido na nossa casa até terem certeza que estava de fato tudo bem com a Mel e óbvio que o tio Joca não deixaria de salientar pra ela que a qualquer momento ela poderia ir pra sua casa, mas pra minha total satisfação, Melina deixava claro que ali era o melhor lugar para seu bebê receber os cuidados necessários, e era mesmo, eu seria capaz de tudo por eles.
Então após todas a despedidas, Rute tratou de acomodá-la bem em seu quarto e eu pude ouvir sua voz calma me impedir de sair de sua presença.
— Ricelly, posso conversar com você?
— Claro, tá sentindo alguma coisa, tá tudo bem? - perguntei aflito voltando da porta de seu quarto.
— Não, fica calmo, tá tudo bem com "sua filha". - ela fez menção abrindo aspas com a mão ao meu palpite e eu sorri como um bobo daquilo.
— Você não acredita que eu possa estar certo? - falei após essa descontração ainda sorrindo pra ela.
— Claro que sim, você normalmente tem bons palpites, mas eu prefiro não apostar 100% das minhas fichas nisto, eu ainda acho que um garotinho vai ser mais garantido pra o meu lado.
— Uai porquê? Não entendi. - minha pergunta saiu como uma dúvida, mas eu sorria de canto imaginando o porquê.
— Ah, porque será não é Ricelly? É óbvio que se for uma menina, ela vai ser apaixonada por você e não vai sobrar nada dessa mocinha pra mim, não é justo. - ela que segurava em sua barriga, fez menção da situação como um protesto, mas sorria numa naturalidade que deixava meus pés flutuando pela paz que sua presença causa no ambiente que presencia.
— Eu gostaria de dizer que você está enganada, mas acho que é exatamente isso que vai acontecer.
Ela esboçou uma reação de revolta abrindo a boca sem falar nada e cerrando os olhos pra mim. Então jogou uma almofada de sua cama na minha direção, eu sorria de sua indignação.
— Seu bobo! - ela voltou a sorrir.
— Senta aqui um pouco. - bateu com a mão na sua cama e eu obedeci.E desatei a falar...
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Metade da Estrada | Ricelly Henrique
FanfictionQuantas vezes a estrada da vida pode partir uma pessoa em pedaços? Melina Rodrigues parece ter a resposta: Várias vezes! A falta de bom senso de um coração; Uma promessa deixada pelo caminho; A quebra de confiança; Um coração machucado; Mas at...