Capítulo 44

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📍Palmas, TO

Alguns dias depois...

Ricelly Henrique

— Manim? Eu vim correndo assim que você me mandou aquele áudio sem pé nem cabeça chorando. O que tanto cê precisa me mostrar homem de Deus?

— Isso Juliano, essa gravação. - apontei pra tela do notebook na minha frente.

— E o que seriaa... Isso é o exame da Mel? - Juliano perguntou confuso olhando pra tela.

— Sim manim, esse é o seu sobrinho ou sobrinha. Meu bebê, meu filho. - enxuguei as lágrimas insistentes que caiam e sorria ao mesmo tempo quando observei meu irmão explanar um dos grandes sorrisos na face.

— Então é por isso que você está todos esses dias preso aqui em casa?

— Cê consegue entender Nim? Ela tá seguindo a vida com meu filho na barriga e me deixou pra trás.

— Então vai ser assim? Você vai se acovardar? É isso mesmo que cê vai fazer manim? - Juliano repreendia minha postura enquanto negava com a cabeça olhando o estado em que me encontrava.

Sim, depois que Melina foi embora e decidiu me excluir da vida dela, eu me entreguei ao álcool e quando Natália me mandou esse exame escondido dela, eu me prostrei diante da minha inutilidade.

— Olha pra você Henrique, cê tá horrível manim, esse não é você. Entregue ao álcool como se o mundo tivesse acabado. Cadê aquele cara obstinado que consegue tudo o que quer sempre?

— Morreu quando ela disse que não queria formar uma família comigo. - cruzei minhas mãos apoiando minha cabeça baixa.

Juliano se aproximou mais de mim, eu estava jogado naquele sofá e sua mão foi parar nas minhas costas me estimulando a desabafar com ele.

— Ela me chutou pra longe Juliano e nem o nosso filho será capaz de fazê-la me perdoar. A verdade é que eu preciso aceitar que ela não me ama como eu imaginava.

— Isso é verdade, não dá pra amar um cara derrotado. - olhei intrigado pra sua afirmação.
— Você já se olhou no espelho? Quanto tempo faz que você não se arruma? Vamos, levanta essa cabeça, se arruma, cê vai atrás da sua mulher e do seu filho e vai mostrar pra ela que você vale a pena.

— Não dá Juliano, cê não ouviu as palavras que ela me disse quando eu contei que ela estava grávida.

— Não importa, você é mais forte que isso e eu não tô afim de ver você se acabando por ter perdido sua família. - meu irmão tentava a todo custo me animar.

Até que seu telefone tocou, era Mohana que estava vindo ao nosso encontro. Eu não sabia, mas ela havia ido visitar Melina nesse mesmo dia a pedido da própria, e como tudo que envolve ela me castiga demais, eu esperei ansioso por novas notícias dela.

(...)

— Oi cunhado. - a voz de Mohana me despertou da fixação que me prendia à tela do meu notebook, a minha imagem favorita, o perfil do meu bebê.

— Oi Moh, tudo bem? - cumprimentei minha cunhada com um sorriso que carregava minha tristeza aparente.

— Eu tô bem, já você...

— Eu sei, eu sei... Vamos pular essa parte e me diz, como ela tá? Como meu bebê está? - a ansiedade era nítida em meu tom de voz.

— Eles estão bem, completando 2 meses e ainda sente muitos enjoos. Mas está bem, mais animadinha. Até me pediu pra... - ela interrompeu sua fala como se quisesse evitar um assunto.

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora