Capítulo 4

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Ricelly Henrique

Não pode ser, minha mente me bombardeava em acusação à algo que eu não tinha controle.

— O que não pode ser manim? Surtou? - Juliano me tirou do transe

— Caralho, elas não podem ser a mesma pessoa.

— Elas quem doido? - ele fala e eu permaneço em choque com essa reflexão

— Primeiro foi a tia Fabi falando que ela gosta de nadar sozinha e agora a Bia que diz que ela nada pelada? - permanecia refletindo comigo mesmo em alta voz

— Eu ainda não entendi onde você quer chegar Henrique...

— Porra Juliano, a Melina e a bela do lago são a mesma pessoa! - meu irmão me olhou chocado

— De onde você tirou isso, tá maluco? a Mel é só uma menina.

— Eu sei Juliano, eu sei, mas tudo que a tia Fabi e a Bia disseram hoje levam a crer que a Melina nada nesse lago, então só pode ser ela véi. - eu passava as mãos no cabelo como se não acreditasse na minha própria suposição

— Não, não pode ser, o que você viu foi uma mulher não foi? Seios, curvas, cabelos longos... - Juliano falava e eu raciocinava, nunca olhei pra Melina com esses olhos.

— Sim, eu sei o que eu vi, lembro com perfeição, não há como esquecer.

— Então elas não podem ser a mesma pessoa. - Juliano concluiu

— Ah não ser que... - falei e parei

— Ah não ser que? - e meu irmão questionou

— Ah não ser que embaixo daquela roupagem de moleca do campo, tenha uma bela mulher? - olhei pra ele incrédulo do que eu mesmo dizia

— Eu não acredito, a Mel é como a Bia, é só uma menina.

— Pois é Juliano, talvez seja por isso, a olhamos como olhamos pra Bia, como uma priminha caçula.

Fiquei em silêncio por um tempo refletindo nessa idéia tão absurda e meu irmão, como se também refletisse me tira dos meus pensamentos.

— Eii, e vai continuar sendo assim não é  Henrique? Independente dela ser ou não a bela do lago, você jamais a olharia com outros olhos, certo? - meu irmão chama minha atenção como se questionasse minhas intenções apartir dali.

— Claro Juliano, a Mel só tem 17 anos, ela é uma menina apenas. - e eu o respondi, mas tudo que eu dizia soava tão duvidoso pra mim mesmo, eu não sabia o que pensar.

— Que bom então, vamos fazer assim, amanhã a gente tira essa história a limpo com jeitinho tá bom? E antes de ter certeza, nada de voltar naquele lago, ok?

— Sim Nim, relaxa. Agora vamos, tô varado de fome. - falei pra tirar minha mente daquilo, mas a verdade é que meus pensamentos me contradiziam.

Eu não conseguia mais parar de pensar onde a inocência da Mel se fundia àquela mulher incrivelmente gostosa que eu vi no lago.

[...]

Acordei e não foi um sonho, foi real, a cada novo pensamento, mas era certo que elas eram a mesma pessoa. A mulher que havia se prendido na minha memória, era a Mel.

Encontro Juliano na mesa do café da manhã e pelo visto ele está disposto a tirar essa história a limpo, porque já dialogava sobre o assunto.

— Mas gente que mal há nela nadar sozinha? As nossas terras são seguras. Sei que ninguém mexeria com ela. - minha mãe falou e o olhar de Juliano caiu sobre mim

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora