Capítulo 25

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Dia seguinte...


Ricelly Henrique

Não sei em que momento eu peguei no sono em meio às lágrimas, mas só percebi quando acordei sob o consolo da minha mãe, minha cabeça estava pesada e meus olhos inchados.

— Mãe, e agora? O que eu vou fazer sem meu bebê, sem meu sonho? - falei deitado em seu colo enquanto esperávamos o horário de ir visitar a Mel no hospital.

— Filho, eu imagino que esteja doendo muito e um filho não substituí o outro, mas vocês são jovens, podem ter outros filhos, quantos quiserem.

— Não mãe, eu queria esse, meu filhinho, eu sei que ele nem tinha forma direito, mas eu já o amava, a senhora sabe que ele era tudo que importava pra mim na porra dessa relação. - falei voltando a chorar nervoso.

— Não fala assim Ricelly, você precisa se acalmar, a Mel vai precisar de você. Mohana ligou hoje cedo e disse que ela está arrasada tadinha, que só faz chorar e não quer falar nada.

— Ah mas comigo ela vai falar, eu quero saber porque diacho ela foi andar em cavalo que ela não conhecia, onde ela tava com a cabeça pra fazer isso.

— Meu filho tenha calma, você não pode falar assim com ela no estado que está.

— Como não mãe? A atitude irresponsável dela colocou a vida dela em risco e tirou meu filho de mim. Eu já havia alertado ela sobre andar à cavalo na fazenda.

— Ela havia me dito que não estava mais andando, porque você havia reclamado, embora ela achasse um exagero seu, achava melhor parar mesmo e do nada ela andou aqui?

— Então, exatamente por isso, ela vai ter que me explicar direitinho.

— Mas não dessa forma Ricelly, se acalme e fale com ela depois, você tá mexido, triste e pode magoar muito a Mel nesse momento, ela tá sofrendo, assim como você e precisa de muito cuidado e apoio. - eu respirava fundo e tentava ver alguma coerência nas palavras da minha mãe, mas a minha vontade era explodir.

Minha vida tá foda ultimamente!

Depois de algum tempo seguimos todos ao hospital.

Fomos aos poucos entrando em seu quarto e eu acabei deixando pra entrar por último, eu custava a acreditar que estava vivendo essa experiência terrível e dilacerante.

Nesse meio tempo eu já havia falado com o Wander e ele em pessoa fez questão de nos visitar.
Deixei com o Emil a formalidade de noticiar a perda do meu bebê na mídia, antes que vazasse.

— Manim, a Mel está só com a mãe agora, você não quer ir vê-la? - fiz sinal que sim e assim que entrei no quarto minha mãe apertou minha mão para que eu lembrasse da nossa conversa.

Melina estava com um semblante arrasado e em seu rosto haviam algumas escoriações, então me aproximei dela, que não me olhava nos olhos.

— Tá sentindo muita dor? - perguntei ao seu lado tentando iniciar um diálogo, mas ela apenas balançou a cabeça afirmando que sim.

— Não estão te medicando bem? - ele balançou a cabeça confirmando que sim novamente.

Um silêncio invadiu a sala e ela não me encarava em nenhum momento.

— Pelo menos você está bem e logo essas dores se vão. Já já você está em casa. - eu estava me esmagando pra cumprir o que minha mãe havia pedido, mas naquele momento eu vi uma lágrima escorrer pelos seus olhos, eu precisava falar algo sobre isso.

— Você quer me contar porque foi andar naquele cavalo? - o silêncio predominava e apenas lágrimas corriam de seu rosto.

Nesse momento eu segurei em sua mão, apertei levemente e continuei tentando fazê-la interagir comigo.

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora