Capítulo 47

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Melina

A dor aumentava a medida que minha barriga parecia contrair. Eu me sentia tonta, enjoada e completamente assustada.

Deitada numa maca, eu esperava ansiosamente que o médico viesse ao meu encontro e me dissesse que aquele sangramento que escorreu enquanto fui urinar, não fosse o que eu imaginava, eu não posso perder meu bebê outra vez!

Os minutos se passavam como num gotejar do soro preso em meu braço e cada gota fazia um barulho imenso dentro da minha mente me fazendo transbordar em ansiedade.

— Aiii - era tudo que eu sabia sibilar em meio a minha extrema agonia.

— O que foi Mel? O que cê tá sentindo? - a voz de Natália tentava soar calma, mas era nítido o seu temor, só não tão grande quanto o meu.

— Uma cólica Nat, minha barriga enrijece em algumas contrações. Será que... - eu calei e as lágrimas caiam aflitas.
— Será que eu tô expulsando meu bebê espontaneamente?

— Não diz isso amiga, vamos pensar positivo, o medico geral do plantão já colheu o necessário para alguns exames...

— E a sua obstetra já está chegando pra te examinar. - Bia entrou na enfermaria que eu estava em meio a nossa conversa.

— Eu estou com medo. - minha voz trêmula acompanhava meu choro.

— Eu sei prima, mas vamos ter fé, vai ficar tudo bem. Daqui a pouco cê vai fazer o exame completo tá bom? - ela alisava meus cabelos e secava algumas lágrimas que caiam tentando me deixar segura.

O que era claramente impossível, eu era pura insegurança e temor.

Enquanto a doutora não chegava, a minha aflição só crescia junto àquela sala fria, até que após um bom tempo que parecia infinito, minha obstetra chegou.

Rapidamente eu fui encaminhada para a sala de exames e enquanto o ultrassom era preparado, a doutora fazia as perguntas sobre como tudo havia acontecido...

— Eu só sei que senti uma intensa vontade de fazer xixi e mesmo sem a bexiga estar cheia e não sair quase nada, eu me forçava na tentativa de aliviar aquele intenso desejo de urinar, foi quando eu senti algo quente escorrer e quando me limpei, era sangue doutora. - falei sem conseguir segurar o choro.

— Minha querida, vamos ter calma. Seja o que for, nós vamos cuidar tá bom? - ela tocou minha mão já sentando na cadeira ao meu lado.

Mas calma era algo que eu não estava nem um pouco.

A medida que o gel frio tocou à minha entrada, as minhas pernas abertas ficaram bambas expressando a minha tensão.

— Eu sei que está dificil Melina, mas preciso que você tente relaxar, porque precisamos ver com precisão o que está acontecendo e como você ainda não fez 3 meses, é necessário que seja dessa forma, ok? - a dra falou me passando segurando em sua voz e eu tentei relaxar as pernas.

O que estava sendo quase improvável, eu estava com os nervos à flor da pele e aquele aparelho entre minhas pernas não me deixavam nem um pouco tranquila.

Ainda assim o exame transcorria bem e entre termos técnicos a doutora repassava para sua auxiliar tudo que analisava, até que chegou no ponto mais crucial pra mim.

— Está ouvindo? - meu coração acelerou bem aqui.
— Temos um bebezinho forte na barriga da mamãe. - a doutora aumentou o volume do aparelho ao passo que anunciava que meu filho estava bem, ele ainda estava lá e vivo.

Uma onda de refrigério tomou meu corpo, como se tivessem injetado uma fonte de pura alegria em minhas veias.

— Ele está bem doutora? - minha voz trêmula ainda tentava equilibrar a felicidade e qualquer resquício de dúvida.

Metade da Estrada | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora