Minutos de Paz

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Benedita Dias 

Quando consigo livrar-me do Neves, e consigo pôr os pés na toalha, o meu telemóvel toca, não sei como o consegui ouvir com tanto barulho, atendo.

- Be? Temos problemas!  - Reconheço a voz do Filipe, estava agoniada. 

- Olá para ti também.

- Não tenho tempo para brincar, mas tens que voltar a Paris. 

- Eu não vou voltar para Paris.

- Benedita, não tens escolha. - disse. 

- O que se passa? - Pergunto e sinto o Neves atrás de mim assim como a Carolina e o terceto fantástico. 

- Não é uma boa ideia dizer-te por chamada.

- E eu vou para Paris de propósito se saber o que se passa?

- Queres saber?

- Quero! - digo. 

- Houve um incêndio. 

- O quê? Onde?

- Em Paris, o teu prédio pegou fogo. 

- O QUÊ? - Vi a minha vida toda andar para trás. - Não estás a falar sério.

- Achas que iria brincar com isto? - Coloco as mãos na cara, e agarro nas minhas coisas, ninguém percebeu nada. 

- Vou para Paris. - digo a desligar. 

- Vais para Paris? O que vais fazer para Paris? - Pergunta o António. 

- Tenho que ir embora. - digo e volto a correr, sem dar tempo a ninguém de reagir. A minha vida toda estava naquele apartamento, troco de roupa e apanho o primeiro avião para Paris o meu telemóvel não parava de tocar. 

Desligo-o. 

(...)

Quando cheguei a Paris a noite, vejo a minha vida toda recuar, o prédio em que morava estava preto. 

- Desculpa Benedita. - disse o Filipe assim que me viu. - Talvez consigas recuperar alguma coisa. - disse.

- Como isto aconteceu? - pergunto. 

- Houve um curto circuito, no 18 andar, e depois, Boom. - disse e eu assusto-me. - Desculpa. Depois da autorização dos bombeiros subimos até ao 15 andar de escadas, o último andar seguro até a altura, os andares acima estavam intransitáveis. 

Quando abro a porta do corredor, vejo-o manchado e preto, o ar ainda era tóxico, a porta estava aberta, e eu rezei aos santos todos para conseguir salvar alguma coisa ali. 

Estavam ali 3 anos da minha vida, e agora eu perdi tudo? 

Volto a ligar o telemóvel, e ligo ao meu irmão, quando o Filipe vai falar com um bombeiro. 

- Credo Benedita!  - Ouço um silêncio, reconheço a casa dos meus pais. - O que se passou? - Vejo vários rostos em especial o do Neves, do António, do Hugo, do Edgar, do Rafa, da Carolina da Mariana. Viro a câmara. 

- Porque não nos disseste nada, tinhas ido contigo. - disse o Neves. 

- Foi por sorte o fogo não ter chegado aqui completamente. - disse o Filipe.

- O que eu faço agora? - Pergunto deixando os meus amigos a escuta. 

- Os bombeiros não têm mais autorizações, o prédio pode tornar-se instável, se queres tirar alguma coisa tem que ser agora. - disse ele. 

João Félix | Only You | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora