Teimosa Dias

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(minutos antes)

João Félix 

Quando fiquei desconcentrado no treino o treinador mandou-me para o balneário, eu sabia que estava desconcentrado, sinto a porta do balneário abrir  e vejo o Cristiano a entrar. 

- Então Félix? - pergunta a sentar-se ao meu lado, o capitão mantinha o olhar sobre mim e eu sento-me mal. 

- Desculpa Cristiano. - Digo. 

- Eu quero contar contigo, mas eu sei que não estás bem! Eu sei que a conversa com a Benedita não ficou certa! Já ouviste dizer que nunca se deve dizer boa sorte aos artistas, ainda mais a Benedita. - comenta e eu bato com a cabeça no ferro atrás de mim. - Cuidado! - disse e eu ergo a mão para a cabeça. - Olha Félix, vai ao hotel, descansa um bocado e depois voltas! - disse ele. 

- Desculpa-me! - Ele nega e mandou-me embora, eu segui para o hotel num táxi. O tempo estava escuro estávamos em Janeiro e em pleno inverno aqui em Amsterdam. 

Entro no elevador, e uma menina entra logo depois, reconheço-lhe o perfume, e só percebo que era ela alguns segundos antes do elevador travar e apagar-se totalmente. 

- O que mais pode acontecer? - disse antes do elevador descer pelo menos um andar. - Não posso morrer aqui! - disse na escuridão. 

- Tem calma! - digo a tentar manter-me calmo. 

- Como se isso fosse fácil! - disse chateada, percebo que fui um pouco insensível. 

Ela tocou a campainha, mas não se ouviu barulho nenhum.

- Isto não me está a acontecer! - disse a bater na porta do elevador, lembrei-me tarde que esse era um dos piores medos dela. 

MERDE!

Benedita Dias

Eu tinha muitos medos, confesso, aqui e agora, mas acreditem, ficar fechada entre 4 paredes numa coisa de metal, superava qualquer um. 

Desde insetos, a animais rastejantes, a ondas gigantes, entre outros, palhaços, oh sim palhaços, não ia a nenhum circo por isso. 

O medo de elevadores tem um motivo, como o das ondas, mas isso fico para outra história, eu era pequena, deveria ter para aí uns 6 ou 7 anos de idade,  era um dia de chuva, mas sem trovoadas, só a chover, os meus pais tiveram a infeliz ideia de irem visitar a minha madrinha que morava num condomínio no Porto, até ia tudo bem, chegámos e percebo que me tinha esquecido do meu ursinho de peluche no carro, por isso o meu pai deu-me a chave e eu volto para trás, desço o elevador, coisa que já tinha feito tantas vezes que não precisava de verificar os restantes botões, vou até ao carro abro-o e tiro o urso, era um estacionamento interior, por isso era seguro, volto a entrar para o prédio e chamo o elevador que se abriu quase que de imediato, carrego no botão, e espero encostada a um canto, enquanto cantarolava uma das músicas que tocava no elevador para o ursinho de peluche, estávamos quase a chegar ao 16 andar quando o elevador parou, tal e qual aquele dia, mas em vez de parar por segurança, começou a descer e a descer, obviamente eu bati várias vezes com a cabeça e acabei mesmo por desmaiar, nunca mais entrei num elevador, nem mesmo acompanhada, mas quando se é famosa as escadas não são opções, escolhem sempre os últimos andares, e as vezes subir 40 andares, era difícil para mim, mas habituei-me apesar do medo constante de ficar ali presa. 

Nunca mais ouvi aquela estúpida música de elevador e o ursinho o Cookie teve um funeral triste, se calhar também é por ver o urso sem cabeça que tenho medo de ursos, tenho que rever os meus medos e escreve-los. 

João Félix | Only You | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora