Dia do Rapto
Benedita DiasEnquanto o João, conversava com o Hugo eu observava os seus movimentos, coisa que já fazia frequentemente, mas ultimamente tornou-se un hábito regular, fosse qual fosse o movimento dele eu sabia se era sincero ou a mentir, mas depois de tantos anos se não o conhecesse a esse ponto, não me chamava melhor amiga dele.
Fiquei maldisposta, por observar os movimentos de ambos ao mesmo tempo, depois que fiquei grávida, ver as pessoas a moverem demasiado rápido dava-me tonturas e por vezes vomitava, não era por mal, juro.
Abro por minutos a porta do carro, erro meu, não houve um barulho que chamasse a atenção do Félix, nem do amigo dele, não houve barulho da minha parte, porque desmaiei entretanto, mas se houvesse algum ruído, nem eu me tinha apercebido.
Presente
Fiquei trancada alguns dias no escuro e sem comida, e não sabem como é horrível, eu não estava sozinha, estava bem acompanhada. Também o baby, já sofria de fome, acariciava a barriga para tentar acalma-lo, mas ele percebia o meu ritmo cardíaco, e isso frustava-me.
As dores que sentia por dormir já há 4 dias no chão eram terríveis, e se me levantasse, não, não tenho forças para isso, porque o bebé parece que me tirava as forças e tudo o que tinha era para ele ou ela.
Enquanto meditava sobre a situação, via a minha vida andar para trás, via os meus amigos a minha procura, o João desesperado, o meu irmão assustado e a minha mãe em lágrimas, isso eu imaginava bem e de que maneira.
Fiquei com feridas nos lábios por morder tanto neles, que por está hora já sangravam, eu estava com frio, cansada, assustada e com fome.
Queria fugir dali, queria apenas acordar daquele pesadelo, queria apenas acordar e ver o Félix ao meu lado, mas não conseguia dormitar, para tentar acordar ou ver de era um pesadelo.
Ouço pela 1 vez vozes, e posso dizer que já as sonhava.
Não reconheço de primeira, mas posso dizer que eram impactantes, quando a porta foi aberta, habituei-me a luz que dali vinha, e posso dizer que o sítio estava mais delibitado do que tinha imaginado as escuras.
- Espero que fiques confortável na minha cave, vais ficar aqui por alguns dia...mese...anos. Anos Talvez! - Vejo o olhar sombrio da mulher, tinha para ai os seus 21 anos e posso dizer que já parecia muito mais velha. Consigo ver numa parede, uma foto minha em grande e mais atrás vejo o André a sorrir. Cabrão!
A porta é trancada e eu desespero.
- FILHO DA PUTA! - grito sem voz. NÃO! NÃO.
Mariana Gonçalves
Ver o Rúben sofrer daquela maneira, fazia-me sentir impotente, fraca, não podia tirar-lhe aquela maldita dor, não podia fazer nada e aquilo estava a deixar-me maluca, mas pior que ver o Rúben a chorar, era ver o Félix com a aliança em mãos e chorar pela Benedita, ele chorava, a dor dele era inexplicável, podia doer-me só de imaginar, mas não consigo pensar na dor dele, não consigo, para mim é impossível, imaginar a dor daquela família que já rezava a todos os santinhos, a dona Bernardete a mãe do Rúben, já era religiosa, mas sempre que os filhos estão fora vai a igreja rezar, desde que a Benedita foi raptada, porque sim acredito nisso, ela só saiu da igreja uma vez, e foi porque o Senhor João o marido a foi buscar a força.
Não conseguia sentir mais aquele ar, e fui respirar ar puro para a rua, onde vi o Hugo Félix e a Carolina a conversar baixo, com o João Neves, o Rafa e o António Silva, vejo que a Carolina estava abraçada ao Neves a chorar, respiro fundo e sinto os braços do Rúben atrás de mim a envolverem-me.
- Não te perguntei, estás bem? - Pergunta meio choroso.
- Não! Não sinto a vossa dor, mas eu só quero que a Be, volte, e o bebé esteja bem. - digo prestes a chorar, o que acabou por acontecer, desabo a chorar. Merda!
Depois de me acalmar, sinto o telemóvel vibrar, e vejo uma mensagem da Margarida.
"Estás onde? Preciso de desabafar e não tenho com quem falar sobre isto, acho que fiz merda, ajuda-me, Mariana, o André tem a Benedita e eu não sei o que ele é capaz de fazer, ele fugiu da prisão, ELE FUGIU DA PRISÃO"
- Fodasse! - digo em voz alta assustando o pessoal. Retraiu-me a ver a merda da mensagem, Caralho Margarida.
- Estás bem? - Pergunta o Rúben a entregar-me uma garrafa de água.
- Lembrei-me que tenho uma coisa urgente para fazer no hospital, encontramos-nos depois? - Beijo os lábios dele e ele afirmou a largar a garrafa para eu a levar.
- Vai com cuidado. - Afirmo e vejo-o partir para dentro de casa, vou até ao meu carro e quando ligo o motor do mesmo o Rafael entra comigo no veículo.
- Posso ser tímido, e bastante reservado, mas onde vais eu vou contigo. - disse a pôr o cinto, olho para ele. - Ou conduzes ou eu conduzo? - Arranco com o carro e vou até a casa da Margarida.
- Fazemos o seguinte, eu vou conversar com ela, e se não descer em 20 minutos tu sobes. - Ele afirma.
- Mariana? - Ouço-o chamar.
- Sim? - Pergunto.
- Tem cuidado! - Eu afirmo e entro no condomínio, vou até ao elevador e subo até ao andar dela, percorro o longo corredor até chegar ao apartamento da mesma, que abre assim que toco a campainha, ela puxa-me para dentro.
- Vieste sozinha? És maluca?
- Tem calma - digo para a mesma se acalmar. - O que queres dizer com isto? - disse a mostrar a mensagem.
- Eu ajudei o André a sair! - Olho para ela. - Não foi por mal, ele começou a pedir-me desculpa, a pedir detalhes da prisão e eu sem querer dei-lhe a chave para sair.
- Tu enlouqueceste? A Benedita pode estar em perigo.
- Eu sei! - disse.
- Ela está grávida.
- Eu sei porra, quando ele apareceu aqui em casa eu quis morrer, ele estudou-me por todos os lados, e verificou todos os meus pontos fracos, ele sabe como deitar-me abaixo e não sabes como é aterrorizador. Ele está mais violento, mais agressivo. Ele contou-me que conheceu uma amiga de um colega da prisão que é louca pela Benedita, tu não tens noção, ela vai a todos os concertos, todos, sem excepção, ela é lunático, ela tem pedaços de cabelo da Benedita espetados na parede, eu fui a casa dela, e horrível, tu tens que contar a polícia eu não tenho coragem.
- Onde está a Benedita?
- Eu não sei, isso eu não sei. - Olho para ela.
- Se estás a mentir, quero que saibas que nunca pensei que descesses tão baixo.
- Não estou. A última morada é está que tenho. - disse e depois de me dar mais alguns detalhes eu volto para o carro.
- Vamos a polícia!
- Ela mentiu-me! - disse assim que acaba de dizer aquilo.
- O quê?
- Ela mentiu-me - digo e voltámos a estaca zero.
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João Félix | Only You | Acabada
General FictionDurante cinco anos namoras-te com ele, mas devido a um desentendimento acabaram. Viraram inimigos. Após anos no estrangeiro regressas a casa, após teres acabado a digressão Mundial, mas como o reencontro poderia correr? Amigos em comum, um passado...