Beijo Bêbedo

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Benedita Dias

Os dias passaram rápido, rapidamente vi que 3 semanas era muito pouco tempo.

Desde a aula de ioga que tenho tentado não encontrar o Félix, mas isso para mim era algo mesmo difícil, se não tivesse a Carolina e o Hugo no meio, talvez fosse mais fácil tentar ignorar o que tinha acontecido, mas não dá, fico com arrepios só de pensar que sou sempre a segunda opção.

Faz-me confusão, se ele sabe a verdade, porque a defende? Faz-me impressão, e põe-me os nervos em franja só de pensar.

Mais uma vez esperava pela Carolina, que teimou que queria sair naquela noite, como sempre aliás, sempre que quer uma coisa consegue, talvez seja por isso que foi para Advogada e não para outra profissão.

- Vais demorar muito? - Pergunto a passar batom no corredor da casa dela.

- Vá vou! - disse talvez pela 5 vez consequência, às vezes consegue ser mesmo vaidosa.

- O batom fica-te bem! - disse o João Félix, vejo-o encostado a ombreira da porta do meu lado direito.

- Obrigado! - digo a desviar a cara para não encontrar os olhos dele.

- Olha...

- Se vais começar de novo, esquece, tenho mais que fazer. - Digo, ele aproxima-se de mim e eu respiro fundo.

- Be... - Olho para ele. - Benedita, eu cometi um erro.

- Talvez estejas a cometer erros a mais. - digo.

- Podes confiar em mim? Só desta vez?

- Não Félix, não quero confiar em ti, não é uma questão de poder confiar, não quero.

- Ouve, eu sei que pensas que ainda gosto dela, mas não gosto, disso tenho a certeza. - Sinto a respiração dele na minha pele.

- O que me interessa a mim, se tens a certeza ou não? Perdeste Félix. Acabou! - disse.

- Tu não confias no que estás a dizer. Eu conheço-te sei que estás a mentir. - Numa outra eventualidade talvez estaria.

- Não, não Félix tu conhecias a antiga Benedita, não me conheces agora.

- Conheço, queres que diga? Ok. Gostas de Morangos.

- Quem não sabe isso?

- Tens a alergia a camarão e figos, ficas vermelha quando te elogiam, ficas ansiosa antes de começares um espectáculo. Fazes uma oração para o teu avô todos os dias, e fazes 4 orações antes de algum evento importante. - Ele continua. - Não gostas de tirar fotografias, mas fazes porque não gostas de ver o Filipe triste. Tiveste um cão chamado Nemo, mas ele desapareceu, ficas mal por veres animais a sofrer, por isso doas dinheiro para algumas instituições de animais. Gostas de golfinhos, tens medo de cobras. A tua cor preferida é o branco apesar de disserem que é o amarelo. Odeias música Country e Pimba, a tua música preferida é Heartlesse Do Richie Campbell, adoras jogar voleibol e tens um prémio. Fizeste Natação e eras a campeã nacional, tens medo do fundo do oceano, mas adoras o mar.

- Qualquer um sabe isso. - digo.

- A tua primeira canção foi feita nesta casa, na parede do meu quarto. - Paraliso. - Os detalhes do teu primeiro álbum são elementos do meu quarto com uma junção do teu, a última música do álbum nome da música Starving foi realizada por ti depois da nossa primeira vez juntos. - Baixo a cabeça. - Adoras a praia o barulho das ondas a bater nas rochas, ainda me lembro de me teres mando calado para ouvir o paraíso, tens uma cicatriz na costela quando caíste neste mesmo corredor e bateste na cómoda que obriguei o meu pai a tirar. Não gostas de ir ao hospital porque faz-te lembrar de quando partiste a perna quando treinavas uma coreografia, e foi por isso que deixaste de dançar.

- Vamos? - Disse a Carolina, eu olho para o Félix, a Carolina desce as escadas.

- Não mudaste Benedita, ficaste mais fria, mas tirando isso, está lá tudo. - disse e virou-me as costas, mas antes de fechar a porta diz: - Eu vou provar que o André Pereira é uma merda, e vou provar-te a ti que errei, por tudo o que disse.

- Porque queres tanto provas?

- Porque eu amo-te! É difícil perceberes? Eu amo-te e não vou desistir de ti, podes odiar-me, podes rezar para desaparecer deste mundo, mas eu vou amar-te até ao fim, podes confiar nisso. - disse.

- Do You NO WRong Richie Campbell -

Respiro fundo, quando ouço a porta bater, fechei os olhos e fui ter com a Carolina, que não disse nada.

Saímos da casa dela, e fomos até a um bar, quando dei por mim, estava a beber álcool, coisa que não bebia, a Carolina também estava, vi a Mariana e abraço-a já alterada.

- Sabias que és linda? - Digo a beijar as bochechas dela, ela riu-se.

- Eu sei que estás bêbeda. - disse.

- Que horas são? Isso não interessa. Vou ali. - Aponto para o bar, e ela negou.

- Vamos embora. - disse eu olho triste para ela e ela negou, ela agarrou na Carolina que assim que chegou ao quarto adormeceu, eu acabo por adormecer também, acordo, ainda alterada.

Saí do quarto dela, e encaminho-me para outro sítio qualquer.

Sinto duas mãos quentes segurarem-me antes de cair pelas escadas.

- Ficaste maluca? Queres morrer? - Disse.

- João Félix Sequeira! - digo a virar-me para ele.

- Sou eu. - disse. - Bebeste álcool?

- Bebi muitas coisas, mas acredito que isso não bebi. - Ele afirma, e leva-me para para não sei onde.

- Onde vamos? - Pergunto.

- Vou dar-te banho. - disse, e eu neguei.

- Sem tomar banho sozinha, pai! - digo.

- Claro que sabes! - disse eu abraço-o.

- Porque proteges a Margarida? - Pergunto, enquanto ele me ajudava a entrar no box do chuveiro.

- Para ter as provas que quero, preciso dela ao meu lado. - disse a ligar a água.

- Está fria. - digo, e ele molha-me mesmo assim. - Para. - digo, e eu viro o chuveiro para ele, molhando-o, sorri. - Agora ficaste molhadinho, como um patinho! - digo a rir.

- És muito engraçada. - Ele tirou a camisa, e eu olho para ele. - Dou-te uma foto se quiseres. - disse a molhar-me de novo, olho para os lábios dele.

- Sabias que o voo mais longo já registado de uma galinha foi de 13 segundos? - digo e ele sorriu.

- Não sabia! - disse a molhar o meu cabelo, o vestido que usava, colavasse mais ao meu corpo, ficando cada vez mais transparente.

- Um relâmpago viaja à velocidade de 365 km/h. - digo.

- Isso é um facto interessante. - disse a olhar para os meus olhos, tiro o vestido pela cabeça. - Benedita! - Repreendeu o meu comportamento.

- Que foi? Está aqui algo que já não tenhas visto? - Pergunto e ele nega a olhar para os meus olhos sem desvia-los. - Falaste a sério quando me chamaste de gorda? - Ele prende-me contra a parede e liga sem querer a água do teto.

- Nunca mais repetitas isso. - disse, ele passou a língua pelos lábios.

- Podes beijar-me Félix? Posso bater-te amanhã quando não me conseguir lembrar, mas eu preciso de ti. - disse ele já estava encharcado assim como eu,afastou-se, a água agora morna, fazia vapor, embaciando-me a vista.

- Vais odiar-me mais. - disse. - Não posso arriscar. Não posso.. - Passo as mãos pela barriga dele, e ele engoliu a seco, subo as mãos até ao peito dele.

- Vou odiar-te por gostar de ti, deveria odiar-te, mas gosto. Por isso beija-me e cala-te. - Ele recua. Puxo-o novamente para mim. - Podes escolher-me pelo menos desta vez? - digo e sinto as mãos dele na minha cintura, ele subiu-me para o colo dele e beija-me.


João Félix | Only You | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora