Benedita Dias
- André, por favor, para! - digo mais uma vez em lágrimas, eu estava a chorar e a implorar para ele sair de cima de mim.
- Benedita, meu coração, não adianta estares para aí a espernear, o que está feito está feito. - disse com a voz rouca, enquanto maltrata todos os meus sentidos.
- Para... Para... Eu estou a implorar. - digo a acabar com as minhas forças.
- Já tiveste tempo para implorar, agora só eu que não tenho piedade. - disse enquanto violava os meus direitos.
- Não... Por favor... para... André....
- Benedita... Benedita.... - Acordo.
- Be, calma, foi só um pesadelo. - O Félix que estava adormecido ao meu lado, acordou desnorteado. - Hey, olha para mim. - Olho para ele em lágrimas. - Eu estou aqui e foi só um pesadelo mau. Por isso sai pesadelo. Saí. - disse a abraçar-me de lado. Aconcheguei-me a ele a ficar cara com cara.
- Desculpa. - digo.
- Não precisas de pedir. É só um pesadelo. - O Félix beija a minha testa suada, e ainda diz. - Sabes o que faço quando tenho um pesadelo?
- Tens pesadelos? - Pergunto.
- Tinha, quando não falavas comigo, e quando estava furioso contigo, o engraçado é que no meio do ódio só pensava em ti. - disse a olhar para os meus olhos. - Nos meus sonhos, quero dizer, pesadelos,, acontecia-te coisas estranhas e péssimas e eu nunca chegava a tempo para te salvar.
Ficou em silêncio
- Ficava chateado comigo mesmo e quando acordava tudo a minha volta parecia estar apagado, se não fosse a Carolina, a ir ter comigo eu não teria sobrevivido.
Não tive coragem para dizer nada.
- Eu tinha pesadelos constantes, quando estava a pensar dormir tinha insónias, os níveis dos treinos estavam a baixar, o Lage já dizia para eu dormir se não, não me ponha a jogar, tive que me mudar para a casa dos meus pais. Porque a Carolina era o meu porto seguro. Com ela dormia, depois de 3 meses a dormir com ela, soube que não podia viver daquilo, e foi aí que me refugiei na Margarida. Ela fazia-me esquecer de tudo, agora vejo que me drogava.
- Não a quero defender, porque ela tinha a perfeita consciência que isso te podia prejudicar, mas ela só estava a fazer aquilo por amor. - digo por fim.
- Nada justifica o que ela fez. Se ela aumentasse as doses eu podia morrer ou pior a minha carreira podia acabar. - disse e eu respiro fundo.
- Quer dizer que o fim da tua carreira é pior que a morte? - digo para ver se percebi bem.
- Não foi isso que quis dizer. - disse a levantar-se.
- Foi isso que disseste, tu pões sempre a tua carreira a frente, seja no que for.
- E tu não? Não fugiste para um país que te desse mais?
- Sim, depois de me magoares.
- Tu só pensas em ti. - disse.
- Sim, só penso em mim, agora, porque já pensei em milhares antes de pensar só em mim. Ajudei muitas pessoas, e nunca quis nada em troca, apenas que o meu namorado me apoiasse e gostasse de mim.
- Eu amava-te.
- Claro que sim, por isso disseste sóbrio que preferias a Margarida.
- E voltamos ao mesmo?
- Sim, voltámos, sabes porquê? Porque és um egoísta. Não te vês a fazer outra coisa sem ser correr atrás de uma bola. Porque para ti o pior é o fim disso, e não o fim da vida.
- Só porque o teu avô morreu não quer dizer que todos pensem da mesma maneira. - Olho para ele. - Oh Meu Deus. Desculpa! Benedita. Desculpa.
- Tu és mesmo inacreditável! - disse e levanto-me da cama.
- Benedita. Desculpa.
- Estou farta de ouvir as tuas desculpas. Farta! - digo a agarrar nas peças soltas que estavam espalhadas pelo quarto.
Ele levanta-se e veio atrás de mim.
- Não, Benedita, desculpa.
- Porquê? - Viro-me para ele. - Quando penso que estamos bem, conseguimos sempre estragar tudo. - Desabafo. - Se calhar não fomos mesmo feitos um para o outro. - digo.
- Por favor Coração, por favor, eu imploro-te Benedita, não te vás embora. Não a esta hora. São 04 da manhã.
- Sempre pensei casar e ter filhos. - digo. - Sempre pensei ver o meu avô agarrar nos seus netos e dar-lhes o mesmo carinho que me deu a mim. - Já sentia lágrimas. - Mas ele escolheu a carreira dele. - disse e olho para ele. - Não deu em nada, porque no final das contas, a morte ganha sempre. - digo e sinto os braços dele envolverem-me.
- Não te vou pedir desculpa, vou implorar pelo teu perdão. - disse abraçado a mim.
- Tu és um idiota. - digo e beijo-o.
- Sou! - disse. Voltámos a subir as escadas agora de mãos dadas.
- Posso tomar banho? - Ele afirmou dando-me duas toalhas e uma t-shirt dele.
Quando volto para o quarto vejo-o sentado na cama.
- O que estás a fazer? - Pergunto.
- Ontem não te dei o teu presente! - disse com um pequeno saco na mão.
- Não precisas! - Começo por dizer.
- Eu sei. - disse, abro a caixa e vejo um antigo gravador de músicas um famoso MP3, sorri. - Eu sei que já tens um Spotify no telemóvel, mas mandei gravar uma coisa e mesmo que daqui a alguns anos não funcione podes sempre guardar, tem algumas músicas que ouvíamos. - Retiro o aparelho e vejo a frase que ali estava gravada.
"ONLY YOU HEART"
Sorri.
- Como é que fazes isto? - Pergunto a virar-me para ele.
- Isto o quê? - Pergunta.
- Como consegues dar-me a volta?
- Porque apesar de tudo, eu conheço cada pedaço teu. Podes achar-me o homem mais estúpido desta terra, deste grande Planeta Terra, no qual vivemos, mas eu sou o homem que te salvaria de uma casa em chamas, eu sou aquele que saltaria arranha céus para conseguir encontrar os teus olhos, percorria a terra e a lua para ver o teu sorriso, apesar disso tudo, eu amo-te, como nunca amei ninguém, posso não demostrar, mas as vezes dava por mim a chorar, e se te fosses embora agora, fica a saber que iria chorar até adormecer, tal e qual como um bebé. Eu sei ti não sou nada, respeito o teu tempo, mas eu não consigo viver sem ti. Eu não consigo avançar sem o teu apoio. Então, tu és mais importante que qualquer carreira. - disse a aproximar-se de mim. - Não te vás embora!
- Não iria! Apesar de o mereceres. - abracei-o e acabámos por voltar a adormecer depois dele tomar banho.
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João Félix | Only You | Acabada
General FictionDurante cinco anos namoras-te com ele, mas devido a um desentendimento acabaram. Viraram inimigos. Após anos no estrangeiro regressas a casa, após teres acabado a digressão Mundial, mas como o reencontro poderia correr? Amigos em comum, um passado...