10 - Sentimentos e Negações

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  O sábado havia passado como um piscar de olhos, o domingo chegou e ele estava ali, em frente ao espelho avaliando novamente a roupa que escolheu para si mesmo. Li Qin finalmente conseguiu uma folga que lhe permitia encontrá-lo, mesmo que fosse apenas por hoje, já que amanhã ele estaria viajando para fazer alguns trabalhos.

  Seus olhos estavam voltados para o objeto que refletia sua imagem à frente, mas sua mente ainda estava presa no que aconteceu na manhã anterior.

  No momento em que seus olhos se abriram, semicerrados pela pouca claridade que entrava pela cortina entreaberta, ele sentiu todo o corpo do outro pressionado contra o seu, o braço que o mantinha perto pela cintura e a respiração suave que batia em sua nuca. Xiao Zhan nem se lembrava quanto tempo tinha desde que havia acordado assim com alguém, talvez isso não acontecia desde… Luigi.

  O rumo de seus pensamentos foi mudado quando Yibo empurrou suavemente contra ele, como um movimento inconsciente de seus quadris ao que ele despertava, mas foi o suficiente para Xiao Zhan senti-lo. Seu desejo de fazer travessuras falou mais alto e ele se virou, – não saindo dos braços do outro – e o beijou pelo rosto, pescoço, clavícula e sua mão descia por seu torso em uma carícia suave. Quando seus lábios encontraram o dele, o outro correspondeu, ainda sonolento. Assim teve início uma série de carícias preguiçosas entre eles, que logo se tornou algo mais, seus corpos respondendo aos estímulos sutis de ambos até que não houvesse nenhuma peça de roupa entre eles, o contato íntimo intensificando a onda de desejo que os despertou.

  Seus lábios se encontravam constantemente e só se desgrudavam para plantar beijos em qualquer parte que estivesse ao alcance, os sons suaves do choque entre seus corpos eram tão baixos quanto seus ofegos e gemidos. Eles transaram tão lenta e preguiçosamente que não parecia apenas um meio para o fim. Chegar ao orgasmo ficou em segundo plano comparado com a sensação avassaladora que era o encaixe perfeito de ambos, um sobre o outro, debaixo do edredom.

  Naquele momento parecia não haver ninguém no mundo além deles, era como se tivessem todo o tempo que quisessem e estavam apenas desfrutando disso. Parecia íntimo de uma forma que ia além do que seus cérebros recém despertados e nublados pelo prazer poderiam expressar. Era quase como se eles estivessem…

  Xiao Zhan, não! Nós não estávamos fazendo amor. Nós transamos! Foi diferente de todas as outras vezes, mas…

  — Hey, bonitão. Vamos? — Chamou Li Qin da porta de seu quarto, interrompendo o curso de seus pensamentos.

  Ele se olhou no espelho novamente, analisando suas vestes. Uma calça de alfaiataria folgada em suas pernas e ajustada em sua cintura, uma camisa gola rolê de mangas compridas e uma boina sobre seus cabelos, todos em cor preta; sendo complementados por um tênis branco e vermelho com detalhes em preto e um grande colar prateado em seu pescoço.

  — Você sabe que está gatíssimo, ZhanZhan. Não sei o que tanto observa nesse espelho. — Disse ela, revirando os olhos.

  — Ok, ok! — Disse, pegando seu celular, a carteira e saindo junto com ela.

  Eles estavam indo para um bar relativamente novo que havia aberto no centro alguns meses atrás, mas que até então nenhum dos dois tiveram a chance de conhecer. O Little Drinks Lounge vinha ganhando reconhecimento por ser um dos bares que acolhia abertamente a comunidade LGBTQIAP+. Além da decoração requintada, voltada principalmente para tons neon; o mesmo oferecia mesas internas e externas, jogos de bar, drinks especiais e pizza até às 02:00 da manhã. Havia também também a Noite do Vinil com ótimos DJs, a Noite Drag Clinks, dentre demais atrações.

  Li Qin apareceu em sua porta de surpresa na noite passada, e como de costume, eles combinaram de sair, mas ainda não haviam escolhido onde iriam até essa manhã quando ela lhe mandou uma mensagem com o endereço, e aqui estavam eles. Xiao Zhan havia pensado mais de uma vez em convidar Yibo, mas eles não haviam se falado desde a manhã anterior; talvez porque o disse que iria trabalhar e não sabia que horas chegaria em casa, e depois ele próprio não sabia se deveria mandar uma mensagem, não era como se eles tivessem alguma coisa… Independente de quais eram as razões para a falta de contato, ambos precisavam de seu próprio espaço. Talvez fosse melhor assim.

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