27 - Sedução e Timidez

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  Nunca foi de fato uma ideia fixa em sua cabeça dividir a privacidade do lugar que costumava chamar de casa com outra pessoa. Na única vez que o fez, não foi tão completamente como está sendo agora. Mas ele veio a descobrir com o passar dos dias que, na verdade, se sentia muito confortável com a companhia do outro. Acordar e saber que ele estaria lá para ajudá-lo no que fosse preciso ou apenas sentaria ao seu lado e assistiria uma série por minutos a fio até que o sono o levasse ou até que precisassem comer… fazia coisas ao seu coração.

  Coisas simples, como secar o cabelo ou escolher o pijama que usaria naquela noite passou a ser uma atividade a dois que ele nunca pensou que seria tão satisfatória. Sentar-se à mesa sozinho praticamente deixou de ser uma opção. Independente se o outro tinha acordado mais cedo e já estava há algum tempo trabalhando, ele ainda pararia qualquer coisa que estivesse fazendo para dar-lhe atenção, e todas as vezes ele se sentia caindo um pouco mais de um penhasco que há muito evitava chegar perto da borda.

  Acontece que agora ele não tinha mais medo de cair. Na verdade, ele próprio havia se jogado porque sabia, lá no fundo, que tinha alguém que iria o segurar.

  Yibo cuidava dele de uma forma como Xiao Zhan nunca havia sido cuidado além de seus pais. Ainda assim, era completamente diferente. Ele entretia as besteiras que dizia e provocava-o sempre que possível. Maratonava com ele um bl chinês todas as noites e sempre tinha algo para discutir, mostrando o quanto estava interessado naquele programa a dois. Ele fazia as comidas saudáveis que gostava e nunca o deixava fazer sozinho algo que poderia possivelmente levá-lo a se machucar ou se esforçar além do que podia. Quando Xiao Zhan estava um pouco mau-humorado, ele o carregava nos braços e o sentava na bancada da cozinha como castigo até que ele o convencesse com beijos e o pedisse gentilmente para tirá-lo dali. Nos momentos em que se sentia tão sufocado que queria chorar, ele silenciosamente o colocava na cadeira de rodas e o levava para tomar um sol no jardim do condomínio, sentando em silêncio ao seu lado e apenas deixando-o respirar.

  Yibo era carinhoso e gentil, atencioso para com as suas necessidades dia e noite. Ele nunca reclamou, mesmo em momentos em que Xiao Zhan sabia que merecia ouvir um sermão, como em uma madrugada quando sentiu muita fome devido aos remédios, então levantou silenciosamente, sentando-se na cadeira de rodas sozinho e foi para a cozinha. Em sua tentativa de fazer algo para comer, devido às suas restrições de mobilidade, acabou derrubando um copo de vidro no chão e o barulho fez com que Yibo saísse desesperado do quarto. Ele estava quase em pânico quando o viu, freneticamente checando-o para se certificar de que estava bem. Xiao Zhan afirmou várias vezes que não se machucou para que ele se desse por satisfeito, e ao invés de repreendê-lo por tamanho susto, Yibo apenas se ajoelhou diante dele, afundou o rosto em suas coxas e perguntou suavemente:

  — Por que você não me chamou? Se estava com fome, eu poderia preparar algo pra você.

  Xiao Zhan sentiu um misto de vergonha e arrependimento naquele momento, ele sentiu que deveria dizer a verdade a Yibo.

  — Eu não queria te sobrecarregar ainda mais. Sei que você têm se desdobrado para cuidar de mim e resolver as questões de seu trabalho. Não quero ser mais um fardo.

  Naquele momento, Yibo ergueu a cabeça e olhou-o nos olhos, levando uma mão ao seu rosto e acarinhando suavemente com o polegar.

  — Fui eu quem escolhi cuidar de você, Zhan. Você acha que eu não me divirto contigo porque quase não saímos do apartamento? Você acha que eu não gosto da sua companhia? Você acha que eu não me sinto satisfeito todas as vezes que preparo algo novo pra você e vejo você se alimentando tão bem? Você acredita mesmo que eu faço questão de te dar banho e te vestir todos os dias por alguma obrigação? De que maneira você seria um fardo para mim quando tenho gostado tanto de cuidar de você?

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