26 - Pegar e Cuidar

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  De seu quarto, enquanto lutava um pouco para vestir suas roupas com tantas restrições, Xiao Zhan podia ouvir a voz de Yibo junto a risada de seus pais.

  Sua mãe havia lhe contado o que aconteceu na noite do acidente quando ainda estava inconsciente no hospital, contou-lhe que se desculpou com Yibo mas achava que devia desculpas a ele também. No final Xiao Zhan sentia que não havia nada que precisasse desculpar, já que aquilo aconteceu por sua omissão em nunca ter falado de Yibo para seus pais, mesmo quando sabia que as coisas entre eles não eram mais apenas casuais.

  Não foi por falta de oportunidade, muito menos por falta de vontade de sua parte, apenas não sabia como fazer isso. Ele tinha receio de que pudesse assustar Yibo levando-o para essa parte de sua vida e sentiu medo de que ele não quisesse isso também. Mas agora, quando para pra pensar sobre isso, sente que foi um grande tolo. Yibo o levou para essa parte da vida dele quando o permitiu conhecer sua mãe e incentivou que convivessem, mesmo que fosse a distância. Xiao Zhan deveria ter dado isso a ele também.

  Talvez o choque do acidente tenha servido para abrir seus olhos, porque quando pensa sobre eles agora, tudo o que deseja é que essa relação inominável se aprofunde ainda mais. Não o assusta mais o fato de Yibo estar tão imerso em sua vida, pelo contrário, ele quer deixá-lo entrar tanto quanto possível. E no íntimo de seu coração, deseja que Yibo queira isso tanto quanto ele.

  Nos últimos dias desde que saiu do hospital, Xiao Zhan não conseguiu mais vê-lo. Ele sabia que Yibo tinha uma vida agitada, e mesmo que entendesse o porquê de não tê-lo visitado, não podia negar que se sentiu um tanto triste. Xiao Zhan sabia que o outro não pensaria duas vezes se ele tivesse pedido por isso em uma de suas ligações, mas Yibo já havia dado tanto de si a ele nos últimos dias que não ousava chamá-lo ou dizer que sentia sua falta.

  Quando mencionou como estava se sentindo na noite anterior, ele o fez porque sentia que precisava falar sobre aquilo, não esperava que Yibo se oferecesse para cuidar dele após ouvi-lo. Quando a ligação encerrou e ele ficou sozinho novamente no silêncio de seu quarto, Xiao Zhan pensou consigo mesmo que aquele seria o momento ideal para o outro sair da sua vida, evitando assim o fardo de estar com alguém que não poderia oferecer-lhe sequer um corpo disposto no momento. Mas Yibo não fez, ele não saiu, não o deixou sozinho para lidar com isso e ele próprio fez questão de carregar esse fardo junto com Xiao Zhan.

  Isso o fez lembrar de algo que Li Qin falou há algum tempo atrás. "Se a pessoa te ama, pra ela não será um fardo estar com você, dividir suas angústias e achar em conjunto uma solução para os seus problemas. Até porque você fará o mesmo por ela. É isso que um relacionamento é".

  Ele se sentiu tolo por ter dito a ela naquela época que não queria sobrecarregar outra pessoa com os fardos que deveria carregar sozinho, porque, onde estaria agora se Yibo não tivesse lhe estendido a mão quando ele se sentia fraco demais para se erguer sozinho?

  No momento em que entrou na sala, guiando a cadeira de rodas e viu o sorriso afetuoso que o outro direcionou a si, encontrou a resposta daquela pergunta ali. Ele poderia ter passado por isso sozinho, mas não se sentiria tão forte quanto se sentia no momento por saber que Yibo estava ao seu lado.

  — Tudo pronto? — Ele perguntou.

  — Sim. Você pode pegar minha mala no quarto, por favor?

  — Eu pego pra você. — Ofereceu seu pai. — Acomode-o no carro enquanto isso.

  Yibo conduziu a cadeira de rodas para fora, mas não tinha como ir além da varanda sem ajuda devido aos três degraus que ficavam na entrada. Ele então pegou a mala de mão que descansava em suas pernas e a colocou no banco de trás, voltando em seguida, passou o braço sob suas pernas, outro em suas costas e o ergueu no colo.

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