Capítulo 3

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Cabelinho

Assumir o bagulho do teu irmão, não porque você quer, mas sim porque ele morreu e só confiaria em você pra isso, é um fardo pesado demais, e eu to carregando a seis anos.

⏱️ Flashback on

Cabelinho: caralho Maria, pra onde tu foi? - Andei até a porta e voltei pra perto do Ret. - por que você irmão? o que eu faço agora?
Ret: cuida da minha família - Falou tossindo.
Cabelinho: tu ainda tá vivo porra - Tentei carregar ele pra um lugar segura.
Ret: to mais morto do que vivo
Cabelinho: eu vou te tirar daqui
Ret: me escuta, eu ainda sou teu chefe - Deu um meio sorriso.

Meu coração tá fudido de dor e ódio, minhas lágrimas só tão reagindo a isso.

Ret: salva minha filha, vai embora daqui
Cabelinho: eu não vou te deixar irmão
Ret: eu só confio em você, salva minha filha Cabelinho
Cabelinho: tá
Ret: te vejo no inferno - Disse enquanto desfalecia nos meus braços.
Cabelinho: filho da puta - Limpei meu rosto.

⏱️ Flashback off

Eu tinha certeza. Quando entramos naquele carro pra sair do morro, eu tinha certeza que algo de ruim ia acontecer e porra, só aconteceu coisa ruim.

Perdi meus dois irmão, vi o lugar que eu nasci e fui criada sendo pacificado. Que de paz não tem nada, os cara bota terror nós morador de uma maneira que nós nunca faria.

Tem muito homem da lei pior que os homens do crime.

O bagulho é que não tem ninguém pronto pra essa conversa.

Ret vive. E a favela dele vai voltar a ser dele, mesmo que ele não esteja aqui pra ver. Falta pouco, muito pouco.

Tava chegando na casa de Leti pra ver meu afilhado, meu meninão. Faço tudo que posso por ele, só eu e deus sabe o quanto eu me culpo pela morte do Castro. Aquela bala era pra ser minha, ele tinha que criar o filho dele.

Mas o cara era muito foda, me deu uma nova chance e eu honrei por todos esses anos e vou continuar honrando. O filho dele sempre vai ser prioridade na minha vida.

Jamais quero ocupar o lugar dele, só fazer o que ele não pode por ter salvado a minha vida.

Bagulho foi tenso. Eu não pude nem sentir a morte dos caras, sofri calado e carregando tudo nas costas. Era o que tinha que ser feito.

Foi foda ver a Leti naqueles bagulho de depressão e não poder fazer nada pra ajudar, pra que ela melhorasse, nem que fosse 1%.

Até internada a mina foi, eu que cuidei do moleque. Mas tudo na glória de deus po, ela melhorou, não é a mesma pessoa de antes, mas acho que ninguém é.

Eu dou a quantia dela todo mês, Castro morreu, mas o bagulho é o certo. Ela sempre se nega a receber, diz que trabalha e não precisa disso. Então eu converto tudo nas contas, pago o mercado, a luz, a água e dou tudo que o Nicolas precisa.

Faço o mesmo com a Ana e a Maria, elas que são insuportáveis e não me deixam ajudar. Mas eu passei todo o dinheiro do Ret pra elas, no início elas deram maior força pra facção e hoje ganham a porcentagem dele.

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora