Capítulo 11

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Maria Clara

Estava tentando ignorar a terceira ligação do número desconhecido no meu celular, mas quando ligou a quarta vez eu vi que poderia ser algo sério, então caminhei rápido até o banheiro do baile e atendi quando a zuada tava menor.

Ligação on

Eu: alô?
Xxx: filha minha filha

Ligação off

Olhei pro celular vendo que a ligação tinha caído e tentei ligar novamente, mas nem chamava.

Minhas pernas tremiam, meu corpo não tinha nenhum estimulo.

Parece que só um sentido funcionou naquele momento, eu conheceria essa voz a quilômetros de distância.

Pai.

Eu sei que era ele, era meu pai nessa ligação.

Saí do banheiro desesperada e caminhei pra fora do baile. Fui em direção ao meu carro, mas antes de entrar uma mão grande tava me impedindo de abrir a porta.

Tralha: bora pro meu carro
Maria: o quê?
Tralha: você disse que ia embora comigo e você vai
Maria: eu disse isso?
Tralha: disse
Maria: olha Tralha eu não to com cabeça hoje, então por favor, larga a porta
Tralha: tu vai comigo Maria, para de meter caô po
Maria: Tralha, solta agora

Encarei ele sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

Tralha: eu vou acabar com tua tristeza rápido
Maria: EU JÁ MANDEI VOCÊ SOLTAR A MERDA DO CARRO
Tralha: tu fala baixo comigo porra - Apontou o dedo na minha cara. - tá achando o que caralho?
GB: o que tá acontecendo?
Maria: eu só quero ir embora
Tralha: tu vai comigo porra
GB: solta a mina Tralha
Tralha: tu trabalha pra mim porra, eu to te mandando vazar
Maria: ninguém trabalha pra você Tralha, você só é frente do Alemão, quem manda em tudo aqui é meu padrinho, para de se achar o todo poderoso porque você não passa de um peão em jogo de gente grande

Aproveitei a distração dele e entrei no carro travando as portas. GB correu com a Isa e subiram na moto.

Tralha começou a esmurrar meu carro e eu acelerei indo pra casa do meu padrinho.

Chegando perto vi tudo fechado e tava com medo de atrapalhar alguma coisa.

Deixei uma mensagem pra ele, avisando pra ir lá em casa assim que puder.

Dirigi pra casa, parei o carro e entrei direto pro quarto.

Era meu pai, era a voz dele, me chamando de filha.

Que saudade eu tava sentindo dessa voz.

O que tá acontecendo?

[...]

Eu passei a noite em claro, não consegui dormir nem por um segundo. Nada me tranquilizava, eu tentei ligar pro número desconhecido no mínimo umas 500 vezes, mas nem chamava.

Fiz chá, perambulei pela casa, tomei suco de maravilhoso, mas era impossível.

Minha cabeça só pensava na voz dele.

Ouvi umas batidas na porta, seguida da voz do meu padrinho me chamando.

Corri pra abrir e ele me encarou com uma cara de sono.

Cabelinho: vi tua mensagem agora, qual foi? tava chorando? - Me olhou preocupado.
Maria: vem cá

Puxei ele pro sofá e nos sentamos.

Maria: eu tava no baile quando um número desconhecido começou a me ligar insistentemente, eu não queria atender, só que na quarta ligação eu fui ver o que era, podia realmente ser algo importante e era
Cabelinho: o que era?
Maria: era o meu pai

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora