Capítulo 23

1.5K 117 54
                                    

Ret

Seis anos dado como morto, seis anos sem ver minha família, não me deram nem a oportunidade de conhecer meu filho.

Mas acabou a palhaçada, porque eu to vivo pra caralho e vou fazer esse Rio de Janeiro virar um inferno com a minha volta.

Vai morrer filho da puta um por um que tiver envolvido nessa porra, eu faço questão de cortar o pescoço pessoalmente.

Eu não lembro muita coisa daquele dia, só quando eu acordei já no presídio.

⏱️ Flashback on

Abri os olhos sentindo dor por todo meu corpo. Tentei me mexer, mas estava todo amarrado.

To no inferno já é? Pensei que era mais quente.

Xxx: acordou Ret?
Ret: quem pergunta?

A lâmpada nos meus olhos me impedia de enxergar, mas logo foi tirada e eu olhei ao redor. Uma sala vazia cheia de policiais.

To no inferno mesmo.

Xxx: meu nome é Leonardo, sou diretor do presídio que você vai passar o resto da sua vida
Ret: já conheço o inferno doutor
Leonardo: não, você acabou de chegar nele

⏱️ Flashback off

Vivi muita coisa naquele lugar, se é que eu posso chamar aquilo de vida.

Todas as torturas que eu passei tão marcadas na minha pele, eu sinto todas.

Mas nunca entreguei meus irmãos, alguma coisa em mim dizia que aquilo não ia ser pra sempre, e mesmo que fosse, eu nunca ia ser x9, nem se custasse minha liberdade.

NT arrumou uma casa escondida pra mim por aqui, parece que ele é o frente da Pedreira agora.

Entrei na casa, era pequena, mas eu não precisava de muita coisa, só um lugar pra me reestruturar por uns dias. Nunca ia aparecer pra minha família desse jeito.

NT: muito bom saber que tu tá vivão aí
Ret: valeu NT - Fiz toque com ele. - ainda to tentando entender tudo que aconteceu quando eu tava fora
NT: coisa em patrão
Ret: pra caralho, tu virou até frente porra
NT: Cabelinho me deu essa confiança e eu to aqui
Ret: eu confio no Cabelinho, se ele te colocou aqui é porque confia em você, então tá tudo certo
NT: é
Ret: quem tá te ajudando aqui?
NT: o Zé veio comigo
Ret: hum
NT: tá precisando de alguma coisa?
Ret: nada, valeu
NT: precisando é só chamar
Cabelinho: ae irmão - Falou entrando. - fala tu NT - Fizeram toque.
NT: to de saída
Cabelinho: trabalhar vagabundo

NT saiu dando risada e eu encarei meu irmão aqui na minha frente, pensei que nunca mais ia ver esse rosto. Mato e morro por ele, papo reto.

Cabelinho: roupa aí pra tu se trocar a vontade esses dias - Me entregou uma sacola e eu segurei.

Olhei pra ele que tava com um sorriso de orelha a orelha, como uma criança que acabou de ganhar doce.

Ret: qual foi po?
Cabelinho: felicidade irmão, nunca pensei que fosse te ver de novo

Coloquei a sacola de roupa em cima do sofá que tinha ali e me aproximei dele, puxando pra um abraço.

Ret: obrigado por ter assumido a porra tudo e sustentado tudo irmão, cuidou da minha família, de tudo, eu nunca vou esquecer
Cabelinho: a gente é irmão Ret, é nós pra sempre tá ligado? - Assenti. - ainda bem que tu voltou pra assumir essa porra, essa vida de chefe cansa
Ret: quem disse? pode ficar aí filhão, to no meu descanso
Cabelinho: pau no cu
Ret: ae namoral, arranja uma quentinha pra mim, to cheio de fome
Cabelinho: Maria foi comprar
Ret: vou tomar um banho
Cabelinho: beleza, to cheio de fofoca pra compartilhar, adianta aí
Ret: eu sou mulher pra tá de fofoca?
Cabelinho: tá doido pra saber porra, larga de caô

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora