Capítulo 25

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Gringo

Olhei o avião na minha frente e caminhei em direção a ele, que vai voar direto pro Rio de Janeiro, minha casa.

Seis anos fora, não dá pra dizer que não senti saudades, porque eu senti muita, pra caralho.

Já tava há uns dia planejando ir pro Brasil e essa história do Ret estar vivo deu um incentivo, voltar pra vida que eu realmente gosto.

Matar a saudade da coroa, toda vez que fala comigo só dá esculacho, dizendo que eu não sinto falta dela. Mas ela sabe que eu sinto, fala isso só pra ver se eu vou logo.

Ver os parceiros de sempre e o que eu achei que tava morto, Ret driblou até a morte, o cara é foda.

Mandei o GB ajeitar uma casa pra mim, com dois quartos, já avisei a minha mãe que to voltando. Quero ela comigo no Alemão, já que na Rocinha eu não posso pisar.

Minha ansiedade mesmo é por outro motivo, ou melhor, outra pessoa. Tentei não saber dela durante esses anos, mas a curiosidade batia e às vezes eu perguntava ao GB como ela tava. Sei que se formou, é advogada como ela queria.

Não sei muito do que tá acontecendo lá, mas to indo pra descobrir.

Luna: vida, nossas poltronas são essas? - Falou apontando.
Gringo: essas mesmo
Luna: posso ir na janela?
Gringo: claro - Me deu um selinho e sentou.

To namorando com a Luna faz quase dois anos. Ela é foda, me fez bem esse tempo.

Conheci ela em uma das casas noturnas de um parceiro em Portugal, mas ela é brasileira, tinha acabado de chegar por lá.

Quando eu cheguei naquele dia, meus olhos bateram nela e era ela que eu queria aquela noite. E assim foi, avisei pro dono que tava indo pro quarto e qual eu queria que me acompanhasse.

Não demorou quase nada pra ela chegar toda assustada, ali eu vi que não era a vida dela.

Perguntei e ela me contou que tava fazendo aquilo pra sobreviver, pra conseguir comer. Me comovi, não sou de ferro, tava querendo sossegar mesmo, comecei a me envolver com ela e pedi pra namorar.

Não é amor, é só algo sossegado na minha vida.

Luna: quer alguma coisa?
Gringo: pede aí o que tu quiser
Luna: tá bom

Luna é uma menina legal, tem 20 anos, não conheceu muito da vida ainda, mas o suficiente pra tá aqui comigo agora.

[...]

Coloquei as malas no quarto e fui pro banheiro tomar um banho. Viagem longa do caralho, ainda teve um atraso de três horas.

São quase meia noite já, e eu fiquei sabendo que tá tendo baile, vou colar só pra dar um salve nos parceiros, vê se o Ret já tá por lá.

Minha mãe ainda não tá aqui, ela disse que tava arrumando umas coisas e vem amanhã de manhã.

Terminei o banho, saí enrolado na toalha e joguei a mala em cima da cama pegando a roupa que tava logo por cima.

Me vesti, coloquei os cordão, ajeitei tudo e passei perfume pelo corpo.

Luna: onde você vai?
Gringo: vou dar um salve nos parceiro, avisar que to por aqui
Luna: você vai demorar?
Gringo: não, coisa de menos de uma hora
Luna: tá bom, não demora tá?
Gringo: tá certo, qualquer coisa me liga

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora