Capítulo 36

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Ret

Nos sentamos na mesa que o garçom nos trouxe, pedi algo mais reservado, não posso estampar a cara assim no bagulho.

Até então, eu ainda sou um homem morto e quero que continuem pensando dessa maneira.

Ana: aqui é bonito
Ret: que bom que gostou - Ela sorriu.

Não tivemos muito tempo pra conversar ou ficar junto nesses últimos dias. Ela sempre no trabalho, acho que pra me evitar e eu também tive uns bagulho pra resolver.

Ret: pede aí o que tu gosta pra gente
Ana: tá bom

Ela chamou o garçom e ficou conversando por um tempão super interessada nas comidas que tinha.

Hoje não trouxe o Theo, quero um bagulho mais a dois, tentar ficar suave com a minha doutora de uma vez.

Quando ela terminou de fazer o pedido, me encarou sorrindo envergonhada.

Ret: me fala como foi o nascimento do Theo
Ana: depois que você supostamente morreu, ficou tudo tão intenso e complicado, já era meio que a reta final da gravidez, eu fiquei tão desolada, parecia que eu tava vivendo uma tristeza infinita Ret, então depois de uma semana eu tive o Theo
Ret: doeu?
Ana: nem me lembra disso - Dei risada. - doeu muito, pensei que fosse morrer de tanta dor, mas aí eu vi aquela coisa linda na minha frente e tudo valeu a pena
Ret: o moleque é perfeito
Ana: eu pensei que você nunca teria a oportunidade de conhecer ele
Ret: a vida tem dessas, é do jeito dela, mas deu certo doutora
Ana: que bom que deu - Sorriu. - eu não quero te perguntar como foi esses anos, não sei como você se sente em relação a isso
Ret: não pergunta doutora, não teve nada de bom, nada que eu queira lembrar, já não basta tá marcado na pele
Ana: eu sinto muito por tudo que te aconteceu
Ret: que culpa tu tem?
Ana: eu podia ter percebido
Ret: não podia Ana, o bagulho foi tramado certinho, mas sabe o que eles conseguiram com isso? - Ela negou com a cabeça. - nada, esse tempo todo tentando arrancar algo de mim, mas não conseguiram nada

O garçom chegou com um carrinho cheio de pratos, um monte de comida diferente, colocando tudo na nossa mesa.

Ana me explicou as comidas e a gente comeu rindo da minha reação, tinha uns bagulho sem gosto, mas a maioria era bom.

Depois que nós terminou de comer, paguei a conta e saímos do restaurante até o estacionamento.

Ana: a gente vai pra casa?

Olhei ela se encostar na lataria do carro e me aproximei ficando em sua frente.

Ret: tudo que acontecer essa noite depende de você doutora
Ana: não sei o que eu quero
Ret: o que tá te impedindo? pra que essa indecisão?
Ana: por que eu to com medo Ret - Falou com os olhos se enchendo de lágrimas.
Ret: medo de quê?
Ana: medo de me entregar e te perder de novo, eu não quero te perder de novo, doeu tanto

Abracei ela sentindo sua respiração desregulada e as lágrimas molhando meu braço. Agora tudo tá explicado, essa negação sem motivo, na verdade tinha motivo.

Ret: tu não vai me perder Ana
Ana: você não pode afirmar isso
Ret: eu não posso afirmar, mas te garanto que vou fazer o possível e o impossível pra tá do teu lado, do lado dos meus filhos, é tudo que eu mais quero Ana

Ana me puxou pra um beijo e eu segurei sua cintura. Senti sua mão passar por cima do zíper da minha calça e já foi o suficiente pro Ret 2 criar vida, o parceiro já tá pra ficar maluco.

Ana: vamos pra algum lugar
Ret: se prepara doutora, hoje a noite vai ser longa - Ela deu risada.

[...]

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora