Capítulo 8

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Maria Clara

Coloquei minha bolsa em cima da cômoda e tirei o salto, deixando encostado na parede ao lado da porta.

To um caquinho hoje, mas ainda bem que é sexta, espero que ninguém invente de ser preso esse final de semana. Só quero tomar uma cerveja e descansar.

Ouvi três batidas na porta do quarto e fui abrir.

Ana: oi
Maria: iai
Ana: quero te fazer um convite
Maria: claro
Ana: eu chamei o Andrade pra ir comer e beber alguma coisa no barzinho ali embaixo, vou levar o Theo e quero que você esteja lá também

Fico tão feliz que ela tá seguindo em frente.

Maria: é claro que eu quero, que horas?
Ana: eu só vou me arrumar que ele já deve tá chegando
Maria: vou tomar um banho, e o Theo?
Ana: já tá pronto
Maria: tá bom

Ela saiu do quarto e eu fui direto pro banheiro. Tomei um banho quente, deixei pra lavar o cabelo amanhã, se não eu atraso.

Saí do banheiro enrolada na toalha, fui pro quarto, abri o guarda-roupa na parte das minha calcinhas e peguei uma qualquer vestindo.

Resolvi usar uma coisa simples, short saia branco e um cropped estampado, nos pés a mesma rasteirinha de sempre.

Peguei uma escova e fui pra frente do espelho dar um jeito nessa juba. Passei um spray que eu amo, deixa ele bem macio e cheiroso, depois vim com a escova desembaraçando.

Quando terminei, passei perfume e saí do quarto com o celular em mãos. Nem me dou o trabalho de pegar dinheiro, tudo agora é só aproximar o celular.

Maria: iai meu amor
Theo: a gente vai sair
Maria: eu sei
Theo: e eu vou comer batata frita mana
Maria: coisa linda - Beijei seu rosto.
Ana: vamos?

Olhei ma direção dela, tava todo linda em um vestido florido e soltinho, uma bolsa dourada, os cabelos soltos e uma maquiagem simples.

Maria: tá linda
Theo: a minha mãe é a mais linda de todas
Ana: e você é filho mais lindo de todos
Theo: eu sei - Rimos.
Ana: olha como esse safado é convencido
Maria: vai de carro?
Ana: pensei da gente ir andando, é tão pertinho
Maria: pode ser

Saímos de casa, com Theo segurando minha mão, enquanto apontava pra um monte de coisa e perguntava o que era, e eu tinha que tirar uma explicação não sei da onde do porque aquilo foi inventado.

Chegamos no barzinho bem famoso aqui do Alemão, o ambiente aqui é maravilhoso.

Ana: ele já tá aqui - Falou baixo pra mim. - o que eu faço?
Maria: vamo até ele né Ana - Dei risada do seu nervosismo.

Caminhamos até a mesa que o Andrade estava e ele se levantou quando nos viu.

Ana: oi - Se cumprimentaram.
Maria: iai Andrade
Andrade: tudo bem Maria? - Beijou meu rosto. - e você deve ser o Theo, to certo?
Ana: ele mesmo
Andrade: como vai Theo? - Estendeu a mão pra ele bater.
Ana: esse aqui é o Andrade, amigo da mamãe
Theo: oi Andrade - Bateu na mão dele fazendo toque.

Eu até pensei que ele fosse ignorar, porque deve tá uma confusão na cabeça dele esse momento, mas meu menininho é um amor mesmo.

Nós sentamos na mesa e o Theo já até pediu a batata frita.

Theo: eu não sabia que você tinha um amigo, você tem um amigo tipo o Nicolas? - Sorri com a pergunta dele.
Ana: é um pouco parecido sim
Andrade: você gosta de jogar bola Theo?
Theo: amo, sabia que eu faço vários gols e eu sou o melhor de todos?
Andrade: é sério?
Theo: sim, e eu também corro muito rápido
Andrade: eu vou ter que jogar com você pra ver isso
Theo: você pode jogar comigo? ele pode mãe?
Ana: claro que pode
Andrade: e qual seu jogador favorito?
Theo: Neymar, ele é melhor jogador de todos
Andrade: é o meu preferido também
Theo: você é legal então

Dei risada olhando a carinha dele pro Andrade, sem vergonha nenhuma de conversar. Eles continuaram falando de futebol até a batata do Theo chegar, aí ele só focou na comida.

Andrade: ele é muito inteligente
Ana: demais
Maria: tem horas que eu fico até surpresa com algumas coisas que ele fala, porque ele tem só seis anos sabe
Andrade: percebi isso, mas e você Maria, nunca mais apareceu
Maria: se você soubesse o quanto meus clientes estão dando trabalho, me ajudava só por pena
Andrade: eu bem sei como é isso
Ana: no início é sempre assim, lembra quando era recém formado?
Andrade: eu trabalhava 24h por dia, só porque eu gostava, depois eu entendi que o descanso era fundamental
Ana: tá vendo Maria, eu te digo sempre
Maria: mas eu descanso
Ana: aham, eu vejo

Ficamos por ali conversando, tomando uma cerveja e petiscando qualquer coisa que o Andrade pedia.

Até a hora de ir, porque o Theo pegou no sono no colo da Ana.

Andrade: eu to de carro, deixo vocês em casa
Maria: quer ajuda com ele?
Ana: só pega minha bolsa aqui na mesa

Peguei a bolsa dela a caminhamos até o carro do Andrade. Ele abriu a porta pra Ana e em seguida pra mim.

Ensinamos a ele o caminho de casa e foi bem rápido, até porque é perto.

Ana: me ajuda com ele
Maria: eu coloco ele na cama, fica mais um pouco
Ana: tá bom, obrigada
Maria: tchau Andrade, hoje foi ótimo
Andrade: tchau advogada - Sorri. - até a próxima

Ajeitei o Theo no meu colo e entrei em casa, indo direto pro quarto dele. Coloquei meu neném na cama e passei o cobertor por cima.

Saí do quarto dele indo direto pro meu, mas escutei uma voz grave do lado de fora, reconhecendo quem é.

Caminhei até a porta e abri, vendo a Ana na frente do Andrade e meu padrinho em frente a eles.

Cabelinho: quem é esse? responde Ana
Ana: é um amigo
Cabelinho: amigo? tá achando que eu sou otário de pensar que tu ia trazer amigo aqui pra dentro?
Andrade: você deve ser o Cabelinho, ela fala muito bem de você
Cabelinho: te perguntei nada não parceiro, nem sei quem você é
Maria: padrinho, vem cá - Ele me olhou com os braços cruzados. - entra aqui agora

Dei as costas sabendo que ele viria e assim que ele passou por mim, fechei a porta.

Maria: o que foi isso em? perdeu a educação?
Cabelinho: eu passo aqui pra ver se ta tudo suave com vocês e vejo a Ana beijando esse maluco na porta de casa, ela tá loucona fi
Maria: eu segui em frente, você seguiu, por que a Ana não pode seguir também? meu pai morreu, e eu sofri, porque é meu pai, e a Ana sofreu, era marido e pai do filho dela
Cabelinho: eu sei, mas quem é esse cara? ela nem conhece e já trás pra dentro de casa, pra perto do Theo
Maria: eu jamais aceitaria que a Ana trouxesse um desconhecido pra perto do meu irmão
Cabelinho: mas deixou né
Maria: eu conheço o Andrade há anos e posso te garantir que ele não é uma má pessoa e muito menos  envolvido com algo
Cabelinho: hum
Maria: se você se sentir mais seguro, pode procurar pela vida dele inteiro
Cabelinho: certo
Maria: e agora para de cara feia e você vai pedir desculpa pra Ana
Cabelinho: vou mermo
Maria: que bom
Cabelinho: eu tenho que ir pra casa
Maria: vem cá, me explica uma coisinha, tu não parava em casa, e agora, só vive lá, o que tá acontecendo em?
Cabelinho: nada, posso ficar em casa mais não?
Maria: é que eu fiquei sabendo que tinha uma mulher trabalhando pra você sabe, ai eu pensei que...
Cabelinho: pensou nada - Me interrompeu. - eu só to uma pessoa mais caseira agora
Maria: me fala a verdade cara
Cabelinho: ela é linda
Maria: hum
Cabelinho: só que não me da bola nenhuma po
Maria: então você tá fazendo algo de errado
Cabelinho: ela é muito certinha e envergonhada
Maria: você que pensa, e quando eu vou conhecer?
Cabelinho: eu vou dar um jeito, mas só se você prometer que vai me ajudar
Maria: claro que sim, não aguento mais ver você encalhado
Cabelinho: esqueceu que tá encalhada também?
Maria: idiota - Rimos.
Cabelinho: agora eu já vou
Maria: pede desculpa a Ana
Cabelinho: já entendi já

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora