Capítulo 6

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Maria Clara

Cheguei em casa, fui direto pro banheiro tirar esse cheiro de sexo que fica grudado no corpo.

Tomei um banho bem calma, dia começou estressante, mas no final deu tudo certo. Aposto que o B2 vai ficar de cara fechada pra mim até sentir saudade e correr atrás de novo.

Ele fica com esse papo de me assumir, como se eu quisesse ser assumida com alguém, to muito bem assim.

A diferença do Tralha, é que ele diz a todo o morro que eu to com ele, só pra os caras não ficarem em cima de mim. O que não deu certo né, se tivesse funcionado, eu não estaria sentando pro B2.

A ex-mulher do Tralha nunca foi muito com a minha cara, e agora que ela suspeita que a gente tá ficando? Só falta voar no meu pescoço toda vez que me ver. Mas eu já deixei claro que nunca tive nada com ele, enquanto eles estavam juntos, inclusive sempre cortei todas as investidas que ele dava em mim.

Fui pro quarto, vesti uma roupinha confortável e saí indo pra cozinha.

Maria: meu amor - Beijei a testa do Theo.
Theo: oi mana
Maria: como foi a escola hoje?
Theo: eu odeio ir pra escola
Maria: mas não pode Theo, a sua professora é tão legal
Theo: eu gosto de ficar em casa, de brincar, de jogar bola com o Nicolas
Maria: e tem que gostar de estudar também
Ana: já deixei isso bem claro, se chegar qualquer reclamação da escola aqui, ele vai ficar sem tablet e videogame
Maria: exatamente
Theo: tá bom, eu me comporto gente - Dei risada olhando a cara dele.
Ana: tem batata gratinada com frango na forno
Maria: tava morrendo de fome
Ana: seu padrinho teve aqui atrás de você
Maria: como sempre - Rimos.
Ana: eu acho isso muito fofo nele
Maria: ih Ana, por acaso, só por acaso, você tá interessada no meu padrinho? - Perguntei baixa por conta do Theo.
Ana: tá louca Maria? nunca mais fala isso, pelo amor de deus
Maria: só foi uma dúvida
Ana: eu amo o Cabelinho, como meu parceiro, que teve comigo em muitos momentos, nunca tive nenhum interesse nele e nem ele em mim
Maria: mas você tem que viver, eu não te vejo com ninguém Ana, são seis anos
Ana: eu vivo ué
Maria: me fala uma pessoa que você pegou durante esses seis anos
Ana: você sabe Maria
Maria: só o Andrade?
Ana: sim
Maria: significa que você ainda tá de rolo com ele né?
Ana: digamos que sim
Maria: eu gosto do Andrade, ele é legal
Ana: mas ele não é seu pai - Abaixou a cabeça.
Maria: Ana, ninguém nunca vai ser o meu pai, talvez você até nem ame alguém como amou ele, mas a vida seguiu, ela não para pra esperar ninguém, então você tem que se seguir, se você gosta do Andrade, dá uma chance pra ele, se você realmente confia, apresenta o Theo, só segue em frente, porque a vida não espera
Ana: obrigada - Me abraçou. - eu posso te fazer uma pergunta?
Maria: até duas
Ana: você sente saudades do Gringo?
Maria: eu que terminei tudo entre a gente, então eu acho que eu nem tenho direito de sentir
Ana: tem certeza?
Maria: sim, ele foi uma pessoa importante, só que passou

Tirei a assadeira do forno e coloquei uma porção de batata pra mim.

⏱️ Flashback on

Senti braços envolverem minha cintura e me levantei assustada. Vi o Gringo deitado me encarando e alisei o rosto dele.

Maria: fiquei preocupada com você
Gringo: eu to bem aqui
Maria: por que você fez isso?
Gringo: errou tem que ser cobrado
Maria: dessa forma? te prejudicando?
Gringo: eu só tive que me esconder, to suave
Maria: tá bom
Gringo: ficou preocupada comigo foi?
Maria: claro que sim né
Gringo: querendo cuidar de mim assim, fico mal acostumado, vou te levar pra minha casa
Maria: só se for pro Ret te matar
Gringo: eu corro o risco - Sorri.
Maria: por que você correria esse risco?

Ele ficou calado, desviou o olhar e depois me encarou com um sorriso.

Gringo: porque você vale qualquer risco, minha de fé
Maria: tá apaixonado por mim?
Gringo: to po - Encarei surpresa.
Maria: Gringo
Gringo: que foi?
Maria: você falou que tá apaixonado por mim
Gringo: o que tem?
Maria: nada - Dei risada envergonhada.
Gringo: quer que eu fale que te amo?

⏱️ Flashback off

Ana: tá na terra?
Maria: tava pensando
Ana: no Gringo
Maria: não, na defesa que eu vou montar pra um cliente
Ana: uhum
Maria: a batata tá uma delícia
Ana: claro, eu que fiz
Maria: com certeza - Rimos.
Ana: vamos deitar Theo?
Theo: mas já?
Ana: lembra do nosso combinado? já tá na hora
Theo: tá bom, boa noite mana
Maria: boa noite minha vida, não esquece de escovar os dentinhos
Theo: tá

Ana pegou ele no colo e saiu carregando para o quarto.

Logo eu terminei de comer e coloquei o prato na pia, aproveitei e lavei tudo que estava ali.

Saí da cozinha e fui pra frente de casa, tava precisando tomar um ar, pensar na vida, eu tenho pouquíssimos momentos desse.

Maria: iai Jhon
Jhon: fala princesinha
Maria: engraçado como o tempo passou e você ainda me chama assim
Jhon: e tem que deixar de chamar é?
Maria: você sabe que não - Fiz toque com ele.
Jhon: vai pra onde essas hora?
Maria: vou sentar aqui na calçada
Jhon: fofocar da vida dos outros né?
Maria: queria mesmo - Rimos.
Jhon: já to na hora de fazer a ronda, fui
Maria: vai lá

Ele subiu na moto que tava parada aqui próximo e sumiu da minha visão. Eu gosto muito do Jhon, todos esses anos sempre do meu lado fazendo minha segurança, arriscando a vida dele pela minha. Agora o corre dele tá mais flexível, ele se divide em fazer minha segurança e a ronda.

Tralha: perdeu

Botei a mão no coração olhando pra frente com o susto que levei e dei um tapa no ombro dele.

Maria: idiota, podia ter me matado do coração
Tralha: passei aqui pra ver como minha mulher tava
Maria: até parece que não sabe onde a Lívia mora
Tralha: para de caô Maria, tu sabe que minha mulher tá aqui na minha frente
Maria: só se for sua inimiga
Tralha: quero tu no camarote comigo sábado
Maria: eu não vou pro baile
Tralha: já falei pro GB que é pra te arrastar, se tu não aparecer no baile sábado eu desconto do salário dele
Maria: então que pena do GB que vai receber menos esse mês
Tralha: ei
Maria: fala coisa chata - Encarei ele que tava olhando pra minha boca.

Senti seus lábios tocarem os meus, sem me dar tempo de reação o Tralha enfiou a língua na minha boca dando início a um beijo.

Mas não demorou muito pra que eu empurrasse ele e levantasse do chão.

Maria: isso é assédio, nem na porta da minha casa eu tenho paz
Tralha: assédio nada, tu gosta safada
Maria: oh Tralha, eu não tenho mais 16 anos pra sair beijando pela rua assim não, me respeita
Tralha: sábado tu é minha - Falou enquanto saia andando.
Maria: vai sonhando

Será que eu não tenho paz, nem quando eu tento ter paz?

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora