Capítulo 51

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Maria Clara

Resolvi nem ir trabalhar hoje, quero que essa situação do meu padrinho se resolva logo, já que eu fui a intermediária sem nem perceber.

Gringo: tá pensando em quê? - Falou saindo do banheiro enrolado na toalha.
Maria: nada demais
Gringo: vou dar um pulo na Pedreira hoje
Maria: ver a Luna?
Gringo: ver como ela tá
Maria: hum
Gringo: olha pra mim - Encarei ele. - tu se incomoda? fala porra, não tenho como adivinhar não
Maria: já te disse que não me incomodo, mas dá um ciuminho, nada demais
Gringo: não precisa de ciúmes
Maria: eu sei, confio em você
Gringo: meu pau é só teu perigosa - Deu um sorriso safado.
Maria: e tu acha que eu não sei? eu sou dona disso tudo aí
Gringo: quem disse?
Maria: eu que sei
Gringo: tu é mesmo - Me deu um selinho. - gostosa
Maria: gostoso
Gringo: não vai trabalhar?
Maria: acho que só de tarde, to meio preocupada com a situação do meu padrinho, descobrir que tem um filho assim, do nada
Gringo: se for filho mesmo
Maria: acho que ela não tem motivos pra mentir
Gringo: você acredita demais nas pessoas
Maria: eu sou boa
Gringo: eu sei, por isso que as pessoas tentam te fazer de otária
Maria: e eu tenho culpa por ser boa?
Gringo: não, tu é toda perfeita perigosa
Maria: coisa linda - Beijei seu rosto. - vou encontrar com a Sophie
Gringo: quer que eu te deixe lá?
Maria: não precisa
Gringo: até mais tarde - Falou saindo.

Levantei da cama calçando a sandália e caminhei pro lado de fora da casa.

Maria: já tá me seguindo né? - Olhei pro Jhon atrás de mim.
Jhon: meu trabalho
Maria: e a Luna?
Jhon: cuida da sua vida
Maria: você já cuida dela o tempo todo - Falei rindo.

Observei a Sophie com o Lucca encostados em um passeio na sombra de um telhado e me aproximei.

Maria: oi
Sophie: oi Maria
Maria: vamos na casa dele, já deve ter chegado de viagem
Sophie: vamos

Caminhei com ela até a casa do meu padrinho, assim que entrei na rua já vi o carro dele parado.

Maria: é logo ali
Sophie: será que ele tá em casa?
Maria: provavelmente

Bati na porta e em um minuto ele abriu me olhando.

Cabelinho: Sophie?
Bela: oi Maria - Apareceu atrás dele.
Isa: ainda bem que cheguei a tempo do babado

Tomei um susto com ela atrás de mim toda eufórica.

Maria: meu deus Isabele
Isa: achou que eu ia perder isso? jamais gata
Bela: que babado gente?
Maria: acho melhor a gente entrar

Meu padrinho abriu mais a porta e nós passamos por ela.

Cabelinho: o que ela tá fazendo aqui? - Apontou pra Sophie.
Sophie: oi Cabelinho, esse aqui é o Lucca - Pegou o menino no colo. - seu filho
Bela: filho?
Cabelinho: o quê?
Sophie: eu sei que parece estranho, mas por favor entende, você lembra que a gente...
Cabelinho: eu lembro - Interrompeu ela. - depois disso você sumiu
Sophie: não porque eu quis, quando eu descobri que estava grávida, meus pais quase me mataram, me obrigaram a ficar trancada dentro de casa e eu não podia fazer nada, dependi deles pra tudo, só aceitei tudo calada pelo bem do Lucca
Cabelinho: eu não sei nem o que te dizer, por que você tá aqui agora?
Sophie: cansei deles maltratarem meu filho, é horrível ver a pessoa que você mais ama no mundo sofrer
Bela: você tem certeza que é filho dele?
Sophie: o que você tá insinuando?
Isa: ela não tá insinuando nada, só tá fazendo a pergunta mais óbvia, porque pode não ser dele mesmo, você vivia com vários machos lá na Rocinha
Sophie: eu acho que é dele, bate com as datas, mas se vocês preferirem, fazemos um exame de DNA, eu só não tenho como pagar, saí da casa dos meus pais sem nada, to morando de favor com uma antiga amiga
Cabelinho: Jhon tá com vocês Maria?
Maria: tá ali na frente
Cabelinho: beleza

Ele saiu deixando aquele clima tenso instalado ali e eu só observava o Lucca bem quieto.

Maria: ele é bem tímido né?
Sophie: muito, nunca teve contato com outras pessoas além de mim e dos meus pais
Isa: que triste
Maria: ele nunca foi pra escola?
Sophie: sempre ensinei ele em casa
Bela: ele é lindo
Sophie: obrigada

Meu padrinho passou pela porta novamente, fazendo com que o assunto cessasse.

Cabelinho: Jhon vai arranjar uma casa pra vocês por aqui, mas por enquanto, se preferir pode trazer suas coisas e ficar aqui
Sophie: você tem certeza?
Cabelinho: tenho Sophie, se tu diz que esse menino pode ser meu, não to fazendo mais do que minha obrigação
Sophie: obrigada
Cabelinho: vou mandar um vapor contigo buscar suas coisas, se quiser pode deixar o moleque

Meu padrinho tentou se aproximar dele, mas o Lucca se escondeu no pescoço da mãe.

Sophie: ele tem medo, não vai conseguir ficar cinco minutos sem mim
Cabelinho: iai moleque
Sophie: fala com ele meu amor, diz oi
Lucca: oi - Falou baixo.

Meu padrinho virou de costas coçando os olhos e pegou o celular do bolso, digitou algo e depois guardou.

Bela: vocês querem alguma coisa?
Sophie: água, por favor
Bela: já volto - Disse indo pra cozinha.
Maria: então?
Cabelinho: o carro já tá aí na frente esperando
Sophie
Sophie: vou só esperar a água
Isa: só isso gente? não vai ter grito e pancadaria não?

Encarei ela sério que pediu desculpa baixo querendo rir, maluca.

Cabelinho: eu não sei muito o que te dizer não Sophie, to surpreso pra caralho
Sophie: tudo bem, você ainda tem muito o que digerir, acordar e descobrir que tem um filho de seis anos, não é nada fácil
Cabelinho: é isso, mas não to mal com isso não, só o susto mesmo
Sophie: tá tudo bem
Bela: aqui sua água - Entregou o copo a Sophie.
Sophie: muito obrigada
Maria: acho que deu minha hora, vamos Isa?
Isa: mas já? - Peguei ela pelo braço e puxei pro lado de fora da casa.

Nós seguimos caminhando pela rua até minha casa.

Isa: achei que ele reagiu bem
Maria: acho que a ficha dele nem caiu
Isa: será que é filho dele mesmo?
Maria: não dá pra saber assim, o menino é a cara da Sophie
Isa: verdade
Maria: agora é esperar
Isa: odeio esperar
Maria: eu também, como tá com o GB?
Isa: acho que estamos há dois dias sem brigar, uma conquista - Dei risada.
Maria: não conseguiria ficar assim não
Isa: mas nossas brigas são muito bobas
Maria: ai menos isso né, você é muito encrenqueira Isabele, dá um descanso pro meu amigo
Isa: eu sou encrenqueira? ele que procura briga
Maria: pelo que você me passa, é sempre você
Isa: porque ele dá motivo
Maria: dá mesmo?
Isa: defensora das causas perdidas

Filha do Tráfico 2Onde histórias criam vida. Descubra agora