Cabelinho
Acendi um verde antes de sair do carro e fui em direção a casa. Entrei e não vi movimento pela casa. Soltei a fumaça indo em direção ao quarto dela, vendo umas coisas pela cama, mas ela não tava em casa. O que é estranho porque são quase meia noite.
Subi pra laje jogando a fumaça pro alto e observei a visão da favela.
Ouvi umas vozes conversando perto da casa e me aproximei do muro. Era a Bela com o tal noivo.
Bela: eu já entendi Samuel
Samuel: pode juntar suas coisas, você vai ter o dia inteiro amanhã amor, a noite eu venho te buscar e no outro dia a gente viaja
Bela: Samuel...
Samuel: quando você conversar com o padre vai ver que fez uma tremenda burrice e nosso noivado vai ficar em paz, boa noiteEle saiu dando às costas e como se alguma coisa tivesse soprado no ouvido dela, a Bela olhou pra cima pegando meus olhos nela.
Assim que me viu, entrou em casa e não demorou muito pra estar aqui do meu lado.
Bela: agora eu posso me explicar?
Cabelinho: o quê? acabei de ouvir você dizer que vai embora amanhã, não to aqui pra atrapalhar seus planos - Dei um trago.
Bela: é complicado
Cabelinho: é, e no meio disso tudo eu sobrei, aliás valeu por ter me colocado na posição de amante, nunca me ocorreu
Bela: me escuta sem julgamento?Respirei fundo e encarei ela, tava com lágrimas nos olhos e visivelmente nervosa.
Cabelinho: pode falar
Bela: eu e o Samuel estamos juntos a quatro anos, estávamos, porque antes de eu vim pro Rio, terminei tudo que tinha com ele, deixei bem claro que não queria mais aquele relacionamento
Cabelinho: então por que ele tá aqui?
Bela: eu conheci ele muito novinha, nossas famílias eram próximas, eu era da igreja, assim como ele, sabe aquela coisa mais conservadora? eram as pessoas que nos cercavam, ele também é, muito - Deu uma pausa. - com dois anos de namoro ele me pediu em casamento, sem conversar comigo, sem o meu mínimo consentimento, mas eu aceitei, aceitei porque sabia que essa seria a felicidade dos meus avós, mas eu não sentia mais a mesma coisa, pra ser sincera eu não sentia mais nada por ele, só que eu não tinha coragem pra terminar, eu não podia dar essa decepção pra minha família
Cabelinho: mas podia viver uma vida que você não era feliz? - Ela deu de ombros.
Bela: minha cabeça era extremamente limitada a casar, ter filhos e fazer o marido feliz
Cabelinho: e como tu criou coragem pra terminar tudo?
Bela: meus avós morreram e meu tio só queria vender a propriedade deles, eu não tinha valor nenhum pra ele, então eu só saí da casa sem rumo e a família do Samuel me acolheu, eu dormia no quarto com a irmã dele, mas aquela situação tava me sufocando de tal forma que eu explodi e terminei tudo, arrumei todas as minhas coisas pra ir embora, tentaram me impedir, mas não dava mais, eu precisava viver a minha vida do meu jeito e eu vim pra cá, deixei pra trás toda essa história, essa parte da minha vida e eu jurei que ela jamais ia voltar, só que parece que o Samuel não entendeu bem quando eu terminei tudo
Cabelinho: seu tio vendeu a casa?
Bela: não sei, eu não tenho contato algum com ele e nem quero
Cabelinho: você ainda ama aquele cara?
Bela: eu acho que na verdade eu nunca amei o Samuel de verdade, foi só uma paixão passageira
Cabelinho: e você vai voltar pra sua vida no interior pra casar com alguém que você não ama?Bela não me respondeu respirando fundo. Me aproximei dela, a deixando entre o muro e eu.
Cabelinho: e o que rolou entre a gente foi mentira?
Bela: nenhum momento, eu realmente era virgem, pro Samuel sexo só depois do casamento
Cabelinho: otário, como ele conseguia se controlar com você preta? porque eu não consigoPuxei ela pra mim tomando sua boca em um beijo acelerado.
Eu sei que ela não quer ir, ela só precisa de um incentivo pra decidir isso e eu vou dar. Foda-se se é jogo sujo, é o meu jeito de jogar. Se eu quero pra mim não vou deixar escapar entre meus dedos.
Peguei na mão dela, descemos as escadas e entramos no meu quarto.
Sentei na cama e ela veio pro meu colo sentando de frente pra mim.
Passei a mão pelo corpo dela, enquanto ela me dava o beijo calmo que só ela sabe dar.
Tirei a blusinha que ela tava vestida, deixando os peitos a mostra pra mim. Chupei primeiro o esquerdo, depois dei atenção ao direito, sentindo ela arfar com o toque da minha língua.
Fiquei de pé puxando o short dela pra baixo e em seguida a calcinha.
Cabelinho: deita aí pra eu te mostrar o que um homem de verdade faz
Ela se deitou na cama e eu parei no meio de suas pernas. Passei a língua por toda a buceta e brinquei com clítoris.
Meti um dedo vendo ela morder o lábio inferior com força, depois enterrei minha cara fudendo ela com a língua, escutando ela gemer baixinho pedindo por mais.
Quando senti o gozo dela escorrer pela minha língua, abaixei minha roupa e entrei nela de vez.
Cabelinho: quero saber se esse otário vai te dar a pica que tu quer
[...]
Cheguei na casa das meninas, já tendo a visão da Maria andando de um lado pro outro. Ela me avisou que a Ana não tava em casa e eu vim logo resolver isso.
Maria: demorou
Cabelinho: tava resolvendo umas coisas
Maria: você me pediu pra esperar até hoje e eu esperei
Cabelinho: eu fiz um bagulho ontem Maria, tirei o caixão do teu pai da cova
Maria: o quê?
Cabelinho: não tinha nada lá, cadáver nenhum, só tinha pedra fazendo peso no caixão
Maria: meu deus - Sentou no sofá. - agora faz sentido padrinho, quando eles enviaram o corpo pra gente enterrar, disseram que o caixão tava fechado por conta do estado do corpo, mas o do Castro tava aberto
Cabelinho: eu já pensei muito nisso
Maria: eu não acredito que to falando isso em voz alta, meu pai pode tá vivo não é? diz que não é coisa da minha cabeça
Cabelinho: pode princesa
Maria: e agora o que a gente faz?
Cabelinho: eu vou resolver isso
Maria: não me deixa, eu preciso saber o que tá acontecendo
Cabelinho: só sabe disso eu, você, Isabele e Índio, ninguém mais pode sonhar com isso tá entendendo? quanto menos gente souber, melhor
Maria: eu sei disso
Cabelinho: eu vou conversar com um contato meu da polícia, eu quero saber exatamente pra onde o corpo do Ret foi levado quando saiu daquele galpão
Maria: tá bom, por favor me deixa informada de tudo
Cabelinho: claroSaí dali entrando no carro e dirigindo até onde marquei de encontrar o corrupto do Lacerda, era um quiosque na praia, pra não levantar suspeitas dele perto da favela.
Eu mantenho o bolso dele cheio e ele me mantém informado.
Durante o caminho, minha cabeça viajava do Ret pra Bela, da Bela pro Ret. Eu não fazia ideia do que pode ter acontecido com ele durante esses seis anos. Onde ele tava, com quem e o que realmente aconteceu naquele dia.
Me lembro como se fosse hoje do momento em que ele me pediu, morrendo nos meus braços, pra eu salvar a filha dele e ir embora daquele lugar. E assim eu fiz, mas se por um segundo eu soubesse que tinha a mínima possibilidade dele estar vivo eu ficaria, nem que fosse pra morrer junto com ele.
Estacionei o carro na orla, coloquei a pistola na cintura e desci, indo até o quiosque. Vi o safado de longe, tomando água de coco e me aproximei, sentando na mesa onde ele estava.
Cabelinho: boa tarde
Lacerda: iai meu parceiro
Cabelinho: sou teu parceiro não Lacerda, teu parceiro só porque eu molho tua mão todo mês é?
Lacerda: calma cara
Cabelinho: preciso de um serviço
Lacerda: qual?
Cabelinho: você sabe muito bem quem é o Ret né?
Lacerda: o chefe do comando vermelho que morreu há uns anos atrás?
Cabelinho: esse mermo, ele morreu em um galpão, com certeza no laudo tem tudo, eu preciso saber pra onde o corpo dele foi levado quando a polícia encontrou, e qual movimentação ocorreu no lugar nos dias seguintes a esse e pra te ajudar, vê se teve alguma coisa ligada a Rondônia
Lacerda: o que você tá me pedindo é muito difícil
Cabelinho: se vira, eu te pago pra issoLevantei da mesa e saí caminhando em direção ao carro.
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Filha do Tráfico 2
Fanfiction"Carrego a glória e a dor de viver do meu jeito. Obediência é suicídio, prefiro cair do que me curvar. Os loucos românticos sempre riem por último. Eu não ganhei e nem perdi. Eu sou a própria vitória. Enfim, ninguém inveja o ruim, ninguém odeia o fr...