Nos Braços do Jogador - Série Irmãos Manginello (Livro 5) / CONCLUÍDO

Capítulo 13

Danilo

Leio e releio cada mensagem escrita por Maya. Sinto um gosto amargo na boca por saber que ela está puta comigo, pois não a respondi. Ela mandou algumas mensagens inicialmente e depois me ligou, mas desistiu de tentar se comunicar comigo.

Não acho que Maya esteja errada por isso, porque eu a ignorei completamente. No entanto, estou chateado mesmo assim e a culpa é única e exclusivamente minha.

Como eu ia falar com ela depois de tudo o que aconteceu?

Maya representa para mim meu verdadeiro desejo, quem eu gostaria que estivesse ao meu lado. Entretanto, minha realidade é outra. Vou casar com uma pessoa que não quero e minha garota se tornará apenas uma lembrança. Uma dolorosa lembrança.

Eu até parei de ir na academia no mesmo horário que ela, para não encontrá-la. Fiquei esses dias recluso para pensar como será minha vida depois do casamento e a única coisa que sei é que serei infeliz.

Ouço a porta do meu quarto abrir me tirando dos meus devaneios.

- Danilo. - minha mãe me chama docemente. - Você está acordado?

Me encontro deitado na cama com o celular na mão, encarando sem parar as mensagens de Maya. As cortinas do quarto estão fechadas, então o local está escuro.

- Filho, eu sei que não está dormindo. - sinto o lado esquerdo da minha cama afundar. Minha mãe senta ao meu lado e acaricia minhas costas. - Você precisa levantar e sair desse quarto, meu amor. Sei que está triste com toda essa situação, mas você precisa reagir. Grite, xingue, chore, faça o que quiser, mas reaja. Detesto te ver apático.

- O que posso fazer, mãe? Sinto que minha liberdade foi tirada de mim.

- Eu, mais do que ninguém, te entendo, filho. - escuto-a curioso. - Sabe que seu pai e eu nos casamos por conta de um arranjo? Eu tinha dezoito anos e ele vinte e sete. Além de me casar forçada, meu marido ia ser um completo desconhecido. Foi muito doloroso para mim. Sempre fui romântica, assim como você. Imaginava que ia me casar com meu verdadeiro amor, mas não foi bem assim.

- No início, eu tinha medo de Carlo. Seu pai sempre foi muito bruto e grosso, e eu muito sensível. Mas com o tempo fomos nos entendo e acabamos nos apaixonando. Hoje somos muito felizes, temos cinco filhos lindos e netos também.

- A senhora acha que posso ser feliz? - ela fica em silêncio por um tempo.

- Com certeza, mas tudo depende de você e de sua futura esposa. - sinto um fio de esperança. - Não queria ver você nessa situação, meu amor. Queria ver você feliz com uma mulher que você ame verdadeiramente, assim como seus irmãos são.

- Eu sei que Leo só pensa no bem da família e da organização, porém ainda assim, me sinto traído.

- Vai demorar um pouco para você perdoá-lo, mas vocês vão se entender, afinal são irmãos. - mamãe beija minha testa. - Posso abrir essa cortina, por favor? Aqui está parecendo um sarcófago.

- Pode, mãe. - dou risada.

Assim que ela abre, sinto a claridade invadir meu quarto. Fecho meus olhos, pois eles estão sensíveis a luz do sol.

- O almoço está pronto, fiz ravioli de ricota com molho de tomate, o seu favorito.

- Já estou descendo, só vou no banheiro. - ela acena e sai do quarto.