Capítulo 28

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Maya

Olho para Danilo com desprezo. Ele está ofegante e com uma expressão de desespero, mas não tenho pena. Não depois de tudo o que ele fez.

- Vai embora, Danilo. - Spencer se prontifica em me defender.

- Eu preciso me explicar...

- Você precisa se afastar de Maya. Não vê que você só faz ela sofrer?

Apesar de não querer vê-lo nem pintado de ouro, sei que precisamos conversar e colocar um ponto final nessa história conturbada. Preciso saber o lado dele da história, senão não vou conseguir dormir a noite.

- Spenny, você pode nos deixar a sós por um instante? - minha amiga me olha indignada.

- Maya... - ela tenta rebater.

- Eu preciso disso, amiga. Pode ficar tranquila, qualquer coisa eu te chamo.

Spencer sai do quarto ainda um pouco contrariada. Eu limpo minhas lágrimas e me preparo para a nossa conversa.

- Maya, não é o que você está pensando. - olho-o séria.

- Você já estava noivo quando ficamos pela primeira vez? - ele demora um pouco a responder.

- Não é bem assim...

- Só responde sim ou não, Danilo. - digo sem paciência. Ele suspira cansado.

- Sim.

Sinto uma dor muito forte no peito, como se eu tivesse tomado um tiro. Ouvir do cara que você é apaixonada que ele é comprometido e você só uma amante, dói demais.

- Esse tempo todo eu era seu segredinho sujo? Você me usou! Nunca me senti tão humilhada na minha vida. Eu realmente acreditava que você gostava de mim.

- Mas eu gosto. Eu sou apaixonado por você.

- Então por que mentiu? Por que me escondeu que era noivo? - grito. - Que eu saiba quem gosta não machuca o outro, não mente.

- Maya...

- Eu me entreguei por completo a você, Danilo. Você tirou minha virgindade, algo que era muito importante para mim, para no final eu ser só mais uma. Você tinha quantas amantes?

- Você é única na minha vida. - quando contra argumentar ele me interrompe. - Calma, antes deixa eu me explicar, por favor. - ele quase implora.

Apesar de não querer, deixar sei que preciso ouvir seu lado da história. Me sento na cama para ficar mais confortável e ele se senta na cadeira da escrivaninha, que fica próxima a minha cama.

- Já ouviu falar nos boatos que dizem que minha família tem envolvimento com a máfia? - confirmo com um aceno. - São verdadeiros. Minha família faz parte da máfia italiana de Chicago. Meu irmão mais velho, Leonardo, é o líder.

- O que? Não é possível. - digo incrédula.

- Eu não estou mentindo. Sei que não tenho o melhor histórico com você, mas eu te juro, juro pela minha mãe, que não estou mentindo. Infelizmente, minha família é da máfia. Cresci, basicamente, numa fortaleza cercada de seguranças. Meus pais nunca me obrigaram a fazer da organização, mas meus irmãos mais velhos tem uma ligação direta. Leonardo é o chefe e Antônio é o consigliere, ou seja, o conselheiro.

Estou chocada demais para falar qualquer coisa. Máfia? Isso é coisa de filme ou livro. Mesmo achando tudo um absurdo, acredito que está sendo sincero comigo.

- Eu não me envolvia com a organização, até alguns meses atrás. Meu irmão está tentando fazer uma aliança com a máfia russa e normalmente, esses acordos são feitos através de advogados e contratos. No entanto, na Rússia é feito através de casamentos. O chefe deles ofereceu a irmã, Ekaterina, para que ela se casasse com alguém do topo da hierarquia da máfia. E o único solteiro nessa posição era eu.

Ouço atentamente o que ele diz. Parece um história de um livro de romance, mas acredito no que está dizendo. Tenho certeza que quando a adrenalina passar, eu irei surtar com todas essas informações.

- Então, é um casamento arranjado. Eu e Ekaterina nunca nos encostamos e só nos vimos duas vezes na vida. O noivado de fato ia ser só daqui a alguns meses, mas muita merda aconteceu e Ivan resolveu adiantar. Eu mal tive tempo de falar com você sobre, porque ele mandou os sites de fofoca publicarem as notícias que você provavelmente já viu.

- Eu peço perdão por não ter contado, eu fui fraco e um covarde. Fiquei com medo de perder você, mas acabei perdendo do mesmo jeito.

Tento digerir todas as informações que Danilo me disse. Apesar de acreditar na sua sinceridade, não estou pronta para perdoá-lo. Preciso me afastar para pensar um pouco, afinal ainda estou muito magoada.

- Eu acredito em você, Danilo. Sei que está preso nesse acordo e teve sua liberdade tirada. Sobre essa questão da máfia, ainda estou processando a informação. - vejo seu semblante demonstrar alívio. - Mas ainda não posso perdoá-lo. Nada disso tira o fato de que fui humilhada e magoada. Preciso de um tempo para pensar e digerir tudo.

Meu coração se parte quando vejo lágrimas saírem de seus olhos, mas não posso me dar o luxo de sentir pena, porque querendo ou não ele tem uma grande parcela de culpa.

- Eu entendo. - Danilo se levanta e anda em direção a porta cabisbaixo. Antes de abri-la, ele para e se vira para mim. - Eu não vou desistir de você, Maya. Você é a mulher da minha vida e vamos poder viver nosso amor, nem que eu morra tentando.

Sem que eu responda, ele sai do quarto decidido.

Termino de fechar minha mala sob o olhar de Spencer

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Termino de fechar minha mala sob o olhar de Spencer.

- Eu vou com você. - minha amiga se levanta e começa a abrir as portas do seu armário. - Nem pense em me impedir. Eu não vou deixar você sozinha nesse momento. Além do mais, qualquer situação que me faça perder aula é válida.

Solto uma risada alta pela primeira vez na noite.

Depois que Danilo foi embora, Spencer voltou para o quarto e eu contei tudo o que aconteceu. Minha amiga disse que fiz o certo e me deu a ideia de passar uns dias em Indianápolis para esfriar a cabeça. Achei uma ideia maravilhosa. Mandei mensagem para minha mãe avisando, mas ela ainda não respondeu, o que acho muito estranho. Ela sempre é muito ligada no celular.

Já compramos as passagens de ônibus online e iremos amanhã de manhã, já que Spencer insistiu em vir comigo.

- Sua mãe respondeu as mensagens? - Spencer pergunta enquanto termina de arrumar a mala.

- Ainda não. Ela sempre responde, mas dessa vez ela está demorando.

- Esquisito. Será que aconteceu alguma coisa?

- Não sei. - respondo desconfiada.

Nos Braços do Jogador - Série Irmãos Manginello (Livro 5) / CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora