Capítulo 29

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Danilo

Saio do dormitório totalmente atordoado e com o coração partido. Sei que errei em esconder o meu noivado arranjado da Maya. Em algum lugar na minha cabeça, eu achava que minhas atitudes não teriam consequências. Se eu pudesse voltar no passado e consertar meus erros...

Ando pensativo por todo o campus. Como deixei meu carro do lado de fora, tenho que andar uns dez minutos até chegar no local onde ele está.

- Danilo. - ouço uma voz me chamar.

Paro no meio da calçada e olho em volta, procurando pela voz. A princípio acredito ser algo da minha cabeça, mas quando dou mais alguns passos, a voz fica mais alta.

- Danilo. - me viro para trás e vejo uma Katya esbaforida correndo em minha direção.

- Katya. - seguro-a pelo ombro quando ela para em minha frente com as mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego. - Está tudo bem? Onde estão seus seguranças?

- Eu escapei deles. - olho-a preocupado. - Não podia ficar mais perto do meu irmão. Apesar de ainda amá-lo, suas atitudes me feririam.

Ela me olha sem graça e com o rosto vermelho.

- Queria te pedir desculpas também. Por minha culpa, o noivado vai ser adiantado, Égor está preso e você não poderá ficar com Maya. - seus olhos brilham por conta das lágrimas que não caíram.

- Não é sua culpa. As únicas pessoas que podemos culpar são nossos irmãos que nos envolveram nessa situação.

- É verdade. - Katya solta um suspiro olhando a nossa volta. Ficamos em silêncio por alguns minutos, até ela quebrá-lo. - Minha mãe amava os Estados Unidos, sabia?

Balanço a cabeça negativamente.

- Para fugir do meu pai, ela sempre vinha para cá. Visitávamos todas as cidades, mas a que ela mais gostava era aqui, por isso Ivan quer tanto esse acordo. Ele era muito grudado com mamãe e colocou na cabeça que ter uma aliança com sua família é como uma forma de honrar sua memória.

- Mafiosos e suas honras. - comento e Ekaterina solta uma risada fraca.

- Ela foi muito infeliz com papai, por isso eu tinha muito medo de um casamento arranjado. Não queria que meu marido fosse igual ao meu pai e eu não queria ficar igual a minha mãe. - Katya aperta o casaco contra o corpo quando um vento forte passa por nós. - Um acordo entre russos só é feito por meio do casamento. Infelizmente estamos presos nessa. A aliança só estará feita quando um Manginello se casar com uma Kozlova, palavras do meu irmão.

- A aliança só estará feita quando um Manginello se casar com uma Kozlova. - repito o que ela disse. - Parece meio profético, não é?

- Nós russos gostamos de uma profecia. - rimos ao mesmo tempo.

- Acho melhor voltarmos. Seu irmão deve estar puto.

- Corrigindo, nossos irmãos.

Antes que eu possa responder, tudo o que acontece a seguir é muito rápido. Vejo uma luz muito forte em nossa direção, como um farol de um carro, e acaba nos cegando temporariamente. O barulho dos pneus se arrastando contra o asfalto é ensurdecedor.

Quando finalmente me acostumo com a luz, vejo um carro em alta velocidade a alguns metros de distância vindo em nossa direção. Não consigo pensar em nada, meu cérebro é um branco total. Só tenho tempo de fazer um movimento rápido. Me viro para Ekaterina e a empurro em direção a rua para que não seja atingida.

Logo em seguida, sinto meu corpo ser arremessado contra a parede de concreto atrás de mim. A última coisa que sinto antes apagar por completo é uma dor quase insuportável.

Maya

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Maya

Dia seguinte - Indianápolis, Indiana

- Nossa, que prédio chique. - Spencer diz assim que chegamos no andar onde fica meu apartamento.

A viagem de ônibus durou quase cinco horas e assim chegamos na rodoviária pegamos um uber até aqui. Tateio o bolso da minha mochila procurando pela chave, mas acredito que tenha esquecido em Chicago.

- Vamos ter que tocar a campainha, esqueci minha chave.

- Tomara que sua mãe esteja em casa.

- Acredito que nesse horário ela deva estar. - digo olhando as horas no meu celular.

Tocamos a campainha e esperamos, mas ninguém atende. Tocamos mais uma vez e nada. Mais uma e mais outras, até que estamos quase esmurrando a porta, quando ela se abre.

Me assusto ao ver minha mãe usando um robe de manga longa feito de seda e de cor verde claro. Seus cabelos estão bagunçados e sua boca está inchada e vermelha, como se tivesse beijado alguém.

- Maya, Spencer, o que fazem aqui? - seus olhos estão arregalados e sua voz sai esganiçada. - Entrem, por favor.

Eu e minha amiga nos entreolhamos desconfiadas, mas entramos mesmo assim. A sala de estar está normal, sem nada de diferente, a não ser pelo par de sapatos sociais que estão próximos do sofá.

Coloco minhas coisas no chão e me viro para minha mãe com os braços cruzados.

- Você está com alguma visita? - seu rosto cora e ela olha para todos os lugares, menos para mim.

- Claro que não, meu amor. Só estou surpresa que está aqui, não deveria estar em Chicago?

- Não precisa mentir, mãe. Se tem algum cara, podemos sair para dar uma volta, enquanto ele vai embora.

- É claro que não tem ninguém aqui, Maya. Assim você me ofende...

Antes que ela continue, um homem entra na sala somente com uma toalha na cintura. Ele deve regular de idade com mamãe, tem os cabelos pretos e lisos, e parece ser de origem asiática.

- Jade, está pronta para o próximo round? - ele ainda não percebe que estamos aqui. Quando minha mãe vai avisar, Spencer solta um grito agudo.

- Pai! - ela exclama. Ele olha em direção a minha amiga cerrando os olhos como se não enxergasse. Então ele vai em direção a mesinha de centro da sala e pega um óculos de grau que está posicionado em cima dela, colocando-o a seguir.

- Spencer! - ele grita de volta depois colocar o óculos.

- Não era dessa forma que eu queria contar para vocês. - minha mãe revela.

- Nossos pais estão transando, Maya. - minha amiga me olha empolgada.

Estou sem palavras.

Nos Braços do Jogador - Série Irmãos Manginello (Livro 5) / CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora