Capítulo 33

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Maya

- O que? Como assim meus pais, mãe? - me levanto confusa e vou em sua direção. - O que quer dizer com isso?

Pela primeira vez vejo minha mãe vulnerável. Ela sempre mantém a pose de mulher forte e que nada a atinge, mas hoje está diferente. Seus olhos estão cheios de lágrimas e está com olheiras fortes.

- Eu não sou sua madrinha de verdade. Inventei essa história. - em um primeiro momento, acredito que está brincando, no entanto, seu rosto está sério.

- Mãe...

- Era madrugada, eu estava voltando de um desfile aqui em Chicago. Eu estava indo para meu hotel, quando escutei o choro de um bebê. A princípio, ignorei acreditando que eram coisas da minha cabeça, porém o choro foi ficando mais estridente. Fui me aproximando do barulho até achar você. Você estava embrulhada com cobertores numa caixa próxima a um beco. - ouço tudo em choque. - Eu me aproximei e a primeira coisa que fiz foi te pegar no colo, foi uma conexão instantânea. Não sabia o que fazer, mas eu não ia te deixar lá. Recolhi suas coisas e te levei comigo para o hotel.

- Eu te criei com todo o amor que tinha, Maya. Você pode não ter nascido de mim, mas é minha filha e eu te amo mais que tudo nesse mundo. - estou tão abalada que não o que responder.

Depois de um tempo em silêncio, refletindo sobre tudo, decido perguntar.

- Por que inventou que meus pais haviam morrido num acidente de carro?

- Eu sempre investiguei para saber quem eram seus pais, mas nunca encontrei nada. Até que contratei um detetive particular. Anos depois, quando você tinha quatro anos, estávamos próximos de encontrar informações concretas, quando um homem veio me procurar. - minha mãe seca as lágrimas e continua sua história. - Ele me ameaçou dizendo que se eu não parasse de procurar o que não devia, eu e você íamos sofrer graves consequências.

- Eu morri de medo de que algo te acontecesse, então quando você começou a perguntar eram seus pais, eu inventei essa história sobre o acidente de carro. Eu não tinha ideia de quem eram, mas sabia que eram pessoas perigosas, se não aquele cara não ia me ameaçar. - ela se aproxima de mim e acaricia meu rosto. - Me perdoe, meu amor. Não queria ter escondido isso de você. Fiz isso pensando em te proteger, eu só quero o seu bem.

- Eu sei, mãe. Eu não te culpo, faria o mesmo que você. Você é minha mãe e eu te amo. - Jade me olha aliviada e emocionada e abraça com força. - E por que você está com Katya e Ivan?

- Eles me procuraram ontem, sabem quem são seus pais. - me afasto dos braços de mamãe e os encaro com os olhos arregalados.

Ekaterina se levanta e se aproxima de mim. Seus olhos me encaram intensamente e sua boca se abre num sorriso contente. Diferente do irmão, Katya exala plenitude.

- Maya, nós somos irmãos. Eu, você, Ivan e Kitty. - dou um passo para trás em choque.

- O que? - minha voz falha.

- Quando fomos te visitar na sua cidade, ficamos chocados com sua aparência, afinal você é a versão mais jovem de nossa mãe. Eu fiquei desconfiada e acabei pegando alguns fios de seu cabelo, que estavam caídos no seu pijama. Fiz um teste de DNA e deu positivo. Você é nossa irmã! Você é uma Kozlov.

Olho para Danilo buscando segurança e ele me olha tão surpreso quanto eu. Eu poderia imaginar qualquer coisa menos isso.

Quando pensava nos meus pais, a última coisa que vinha na minha cabeça era que eram mafiosos russos. Imaginava que tinham empregos normais e eram pessoas simples.

- O casamento de nossos pais era horrível, eles se odiavam. Não conseguiam ficar no mesmo ambiente por muito tempo, mas tinham que ficar juntos, porque não há divórcio na máfia russa. - Ivan fala. - Meu pai tinha várias amantes e descobrimos que minha mãe tinha um também. Ele era um de nossos seguranças. Meu pai acabou o matando, porque era um imbecil possessivo, mesmo odiando mamãe não podia deixar ela ficar com ninguém. Ela acabou engravidando, mas não percebeu, pois a barriga não cresceu.

- Foi uma gravidez complicada e mamãe ficou muito doente. Ela morreu no seu parto. O seu nome ia ser Anna. Meu pai descobriu sobre você e mandou que te matassem, porque não criaria filhos bastardos. Acreditamos que o encarregado da tarefa ficou com pena e apenas te abandonou aqui em Chicago, até que Jade te encontrou. - Katya continua contando. - Encontramos um diário em que nossa mãe conta toda a história, ela escreveu antes de falecer, posso te dar se quiser.

- Eu adoraria. - é a única coisa que consigo dizer. - Desculpe por estar assim. Estou em choque. Até ontem eu era filha única e agora descubro que tenho irmãos, e que eles são mafiosos.

Tento processar todas essas informações, mas está complicado. Preciso de ar fresco urgente.

- Maya. - ouço Danilo me chamar. - Você está bem?

- Estou, não se preocupe. Preciso apenas processar tudo. - sorrio para ele.

- Outra coisa. Acho que essa notícia vai agradar vocês dois. - Katya diz. - O casamento não vai acontecer.

Eu a olho com os olhos brilhando. Mesmo que eu não esteja no melhor momento com Dan, saber que ele não se casará com ela, me deixa aliviada. Não vou desistir dele.

- Sério? - ele exclama.

- Você já provou a honra da sua família, Danilo, me salvando. Não precisa de acordo mais. Além disso, Maya é uma Kozlova, tem o sangue do meu marido e da minha cunhada. Se vocês ficarem juntos e creio que isso irá acontecer, cedo ou tarde, não precisará de mais casamento nenhum. - Milena diz algo pela primeira vez desde que chegou. Acredito que essa decisão tem dedo dela, pois Ivan não parece concordar muito.

Eu e Danilo nos encaramos esperançosos. Nossos olhos brilham de felicidade. No entanto, nosso momento é quebrado, quando a porta se abre mais uma vez. Um homem alto, loiro, com um barba grande e meio assustador entra pela porta.

- Égor! - Katya exclama e corre em sua direção o abraçando. Ele suaviza a expressão quando percebe que é ela quem se aproxima e retribui o abraço. Acho que ele é o homem que ela ama.

Ivan revira os olhos e Milena sorri verdadeiramente.

- Como você veio? - ela pergunta.

- Eu consegui fugir da prisão, mas os homens do seu irmão conseguiram me pegar. Quando achei que iam me prender novamente, eles me colocaram dentro de um avião, dizendo que iam me trazer até você e que eram ordens do chefe.

Ekaterina beija os lábios do namorado e depois se vira para o irmão sorrindo incrédula.

- Obrigada, irmão.

- Espero que esteja certa de que queira ficar com esse pé rapado. - ele diz arrogante.

- Eu tenho toda certeza do mundo. - Katya se aconchega nos braços do homem.

O clima que estava meio pesado, fica mais leve. Minha mãe vem ao meu lado me abraçar, enquanto estou de mãos dadas com Danilo. Milena olha orgulhosa para o marido e Ekaterina e Égor se agarram perto da porta.

Tenho muito o que refletir ainda e muito o que pensar. Quero saber mais sobre minha mãe e sobre minha nova família. Pela primeira, não me sinto mais tão perdida. Não tenho mais só minha mãe ao meu lado. Tenho amigos, uma nova família e um quase namorado, e essa última parte ainda temos que resolver.

Nos Braços do Jogador - Série Irmãos Manginello (Livro 5) / CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora