Maya
Seis anos depois
- Está tudo pronto, filha? - minha mãe pergunta.
Termino de colocar minhas coisas no porta-malas do carro, são apenas algumas caixas e malas.
- Tudo pronto. - confirmo.
- Então, vamos indo. Quero chegar em Chicago antes do meio dia. - entramos no carro e damos partida.
A viagem dura mais ou menos três horas de carro. Mamãe fez questão de me levar, porque segundo ela não é todo dia que sua filha é aprovada em uma das melhores faculdades do país.
Fui adotada por Jade Davis aos três anos de idade. Meus pais morreram num acidente de carro e deixaram a minha guarda para minha madrinha, que no caso é Jade. Ela me criou como sua filha biológica, mas nunca escondeu quem eram meus pais de verdade.
Jade sempre fez tudo por mim, tenho uma vida privilegiada graças a ela. Estudei nas melhores escolas, sempre usei roupas das melhores marcas, tive a oportunidade de ter um ano sabático antes de entrar na universidade, algo que nem todo mundo consegue fazer, entre outras coisas.
Agora está na hora de crescer. Tenho que aprender a caminhar com minhas próprias pernas, ser mais independente e enfrentar os meus medos.
Sinto meu corpo arrepiar. Medos. Sempre que penso nessa palavra, lembro daquele dia. Demorei anos para entender que não tive culpa pelo que aconteceu. A culpa do assédio nunca é da vítima e sim do assediador, não importa a roupa que a pessoa esteja usando.
Eu fiquei extremamente traumatizada por ter sido assediada. Fiz acompanhamento psicológico por muitos anos para tentar superar, mas infelizmente eu ainda tenho alguns gatilhos.
Lembro que quando aconteceu, fiquei com vergonha de contar a minha mãe. Comecei a ter um comportamento diferente. Usava roupas largas e toda vez que ficava perto de um homem, eu tinha ataques de pânico.
Quando contei a mamãe, ela ficou triste por eu não ter contado antes, mas me explicou que o que o homem fez foi criminoso. Procuramos ajuda psicológica e com o tempo fui superando esse trauma e entendendo a gravidade da situação. Mas as vezes, em algumas situações, alguns gatilhos são despertados em mim.
- Ainda não superei o fato de que não vai cursar moda, Maya. - mamãe brinca. Dou risada, porque já conversamos sobre isso. Jade foi modelo quando era mais jovem, no entanto hoje já não trabalha mais com isso. Ela sonhava que eu seguisse esse mesmo caminho ou que fizesse algo na mesma área, mas eu sempre quis ser veterinária. Mesmo assim ela me apoiou e disse que o importante era eu ser feliz, independente do que eu escolhesse. - O bom gosto que você herdou de mim vai ser desperdiçado.
- Mas pensa pelo lado bom, eu vou poder usar as roupas nas festas. - ela abre um sorriso enorme.
- É verdade. Tenho certeza que os rapazes vão ficar loucos quando te verem com aquelas roupas. As meninas também, afinal existem lésbicas e bissexuais na faculdade também. - quando minha mãe se empolga, ela não para mais de falar. - Você vai fazer sucesso, filha, linda do jeito que é e com esse corpo maravilhoso. Lembra de tudo o que eu te ensinei, não é? Sexo só com camisinha e também só se você quiser, meu amor, não se sinta forçada a nada. Deixei um pacote com camisinhas na sua bolsa, tá bom?
- Mãe, eu sou virgem ainda.
- É só para prevenir, Maya. Não se esqueça, mulher prevenida...
- Vale por duas. - completo o ditado que ela sempre fala.
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Nos Braços do Jogador - Série Irmãos Manginello (Livro 5) / CONCLUÍDO
RomanceDanilo Manginello é um jovem que sonha em ser um jogador profissional de futebol americano. Ele acaba de se tornar o quarterback titular do time da faculdade e com isso sua popularidade cresce. Mesmo com muitas mulheres e festas presentes na sua vi...