Capítulo 21

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Maya

Danilo afasta nossas bocas. Nos encaramos por alguns segundos, até que seus amigos o puxam para comemorarem a vitória do time. Eles andam pelo campo gritando e pulando, até chegarem na entrada do vestiário e passarem pela porta.

Eu estou paralisada no meu lugar, ainda sem entender o que aconteceu. Estava feliz com a vitória e do nada Danilo veio e me beijou. Não foi um beijo simples, ele praticamente me engoliu na frente de todos. Meu rosto fica corado só de lembrar.

Isso está começando a me irritar. Uma hora ele me quer outra hora ele me rejeita. Que confusão insuportável!

- Eu sabia que ainda tinha algo entre vocês. - ouço a voz de Mike.

Me viro em sua direção e vejo um olhar divertido em seu rosto. Isso me deixa aliviada, pois pensei que talvez ele ficasse chateado com toda a situação.

- Nem eu sabia que tínhamos algo. - brinco. - Estou tão confusa em relação a isso.

- Quer conversar sobre? - ele apoia uma mão em meu ombro, como um acalento.

Nesse momento, finalmente tenho a certeza de que Mike e eu somos apenas amigos. Sei que ele pensa o mesmo que eu. Temos uma cumplicidade e parceria muito boa, mas é apenas isso e nada mais.

- Não precisa, Mike. Agora é momento de celebrar. Vamos comer alguma coisa?

- Vamos.

Me viro para Spencer que está distraída, mexendo no seu celular. Creio que não viu a cena, devia estar comemorando com Trevor na hora.

- Amiga, vamos comer algo? - chamo-a.

- Vamos. O time está combinando de ir a uma pizzaria e Trevor nos convidou. Querem ir?

Logo que ela termina de falar, me lembro de Danilo. Eu não conseguiria ficar mais de meia hora ao seu lado, fingindo que nada aconteceu. Prefiro poupar minha sanidade.

- Acho melhor não, Spenny. Prefiro não me encontrar com Danilo. - o beijo já foi desconforto demais para um dia. - Curta bastante com Trevor e aproveitem a noite.

- Obrigada, Maya. Qualquer coisa me liga. - ela beija meu rosto, se despede de Mike e sai logo em seguida.

- Vamos, então, senhorita? - ele abre caminho para eu passar. - Estou faminto.

- Vamos, estou morrendo de fome também.

Cruzo os braços tentando me proteger do frio

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Cruzo os braços tentando me proteger do frio. O inverno está chegando, então as noites estão cada vez mais frias.

Eu e Mike caminhamos juntos em direção ao meu dormitório. Depois de comermos comida japonesa num restaurante perto da faculdade, ele me acompanha até minha casa.

- Qual é o lance entre você e Danilo? - ele pergunta quebrando o silêncio.

Respiro fundo e encaro a calçada enquanto ando.

- Não nos conhecemos tem muito tempo. Foi quando as aulas começaram, ou seja, há algumas semanas. Eu o vi pela primeira na festa de acolhida aos calouros. Conversamos durante muito tempo e nos tornamos amigos, mas eu sempre senti algo a mais por ele. - confesso. - Não sabia se era recíproco ou não. Com o tempo, o sentimento foi ficando mais intenso e comecei a perceber que ele correspondia o que eu sentia.

Conto sobre o dia em que ele sentiu ciúmes de Mike na academia e também conto sobre a vez que ficamos, mas claro, poupando alguns detalhes.

- Ele gosta de você, Maya. Só está confuso com os sentimentos.

- Eu também estou, mas não é por isso que fico o magoando. Ele me deixa perdida, Mike. Uma hora me quer, outra hora diz que a vida está uma bagunça e que não pode estar comigo. Isso é cansativo.

Paramos em frente à entrada do alojamento. Me viro de frente para ele, pronta para me despedir.

- Entendo que seja cansativo. Faça o que achar melhor. Saiba que te apoiarei em qualquer decisão, afinal somos amigos. - sorrio para ele. - Agora me dá um abraço que eu tenho que ir, pequena.

Enlaço meus braços em seu pescoço e suas mãos vão para minha cintura. Ficamos nessa posição por alguns segundos, até que ouço passos ruidosos atrás de nós. Me afasto de Mike e olho para trás.

Me surpreendo ao ver Danilo se aproximando de nós com um olhar sério. Ele já não veste seu uniforme, agora está com um casaco de moletom vinho e uma calça preta.

- Estou atrapalhando vocês? - sua voz sai um pouco raivosa. - Pensei que fossem apenas amigos.

Reviro meus olhos e o fuzilo com o olhar. Quem ele pensa que é? Estou começando a perder minha paciência com sua inconstância.

- Eu e Maya somos só amigos, Danilo.

- Eu pensei que já tinha te avisado para ficar longe dela. - não reconheço esse Danilo. Ele parece cego pelos ciúmes.

- O que? Você mandou Mike ficar longe de mim? Está ficando louco? - digo furiosa.

- Olha, eu já vou indo, vocês precisam conversar a sós. - Mike diz sem graça. - Qualquer coisa me liga.

Meu amigo se afasta e sai praticamente correndo, nos deixando nesse clima conflituoso. Não queria que nossa noite tivesse terminado assim.

- Eu não estou te entendo, Danilo. Você me deixa confusa. - grito com ele. Vou despejar tudo que venho sentindo. - Uma hora diz que gosta de mim e que me quer por perto. Depois fala que não quer relacionamento e me rejeita. Aí me beija lá no campo e agora vem agora como um homem das cavernas todo ciumento, porque eu estava abraçando meu amigo. E se eu estivesse saindo com ele? O que você tem a ver com isso?

Encaro-o ofegante, esperando por uma resposta.

- Eu sou apaixonado por você, Maya. - fico balançada com sua declaração. - Tentei me afastar de você, mas não consigo. Parece meu corpo respira você, ele precisa de você. Eu preciso de você.

- Para de me confundir. Daqui a pouco você muda ideia e me machuca de novo. Chega!

Me viro para ir embora, mas Danilo segura meu braço, me impedindo de ir.

- Espera, por favor. - suspiro. - Me desculpa, essa não era minha intenção. Eu queria que ficássemos juntos, mas minha vida é um pandemônio e eu não queria te trazer para essa confusão, por isso me afastei. Não queria te machucar, mas acabei fazendo isso de qualquer jeito.

- Não consigo ficar longe de você, Maya. Eu te beijei, porque mesmo vencendo o jogo, a única coisa que estava minha mente era você e o quanto eu queria te beijar. - ele emoldura suas mãos em meu rosto. - Sei que não tenho direito de sentir ciúmes, mas senti, porque fiquei com medo de que Mike a roubasse de mim.

- Danilo...

- Não sou o melhor para você, mas sou egoísta demais para te deixar ir. Fica comigo.

Ele encosta nossos narizes, me deixando inebriada. Não sei o que fazer. Eu o quero tanto, mas tenho medo sofrer.

Danilo roça nossos lábios. Não consigo mais segurar e tomo seus lábios. Nossas línguas se entrelaçam numa dança gostosa, me fazendo soltar um leve gemido. Arranho seu pescoço quando desce suas mãos para meus quadris.

- Danilo...

- Fica comigo essa noite. Dorme comigo? - ele diz quando afastamos minimamente nossas bocas. - Não precisamos fazer nada, podemos só dormir, mas deixa eu ficar perto de você.

Quero muito dizer não, mas não tenho mais forças para resistir. Eu preciso senti-lo de alguma forma.

- Eu fico com você, mas somente hoje.  

Nos Braços do Jogador - Série Irmãos Manginello (Livro 5) / CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora